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Yamagata – natureza e fé nas montanhas

Província também é conhecida pelo inverno gelado

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YAMAGATA - natureza e fé nas montanhas

Dezessete por cento do território de Yamagata é protegido por lei através de parques nacionais. Isso já dá a dimensão da importância da natureza para o povo e a economia local. Com boa parte de seu território formado por montanhas cobertas de vegetação, a província é um convite para quem quer se desligar e relaxar, seja num passeio pelas florestas na estação quente ou, então, num banho de águas termais nas épocas mais frias. Aliás, dividir o clima de Yamagata dessa forma está longe de ser errado. A província fica numa área de transição climática com características interessantes: tem temperaturas na casa dos 30 durante o verão e mais de 8 metros de neve nas áreas montanhosas. Outono e primavera são curtos, o primeiro mais puxado para o frio e o último, para o calor. Assim, visitar Yamagata é sempre trafegar pelos extremos. Celeiro de bons ingredientes, dentre eles o arroz, a província também é um local a ser descoberto por quem curte gastronomia e saquês.

Monstros de gelo em Zao (foto: Pixta)
Numa fria com os monstros de gelo

A área de atração turística mais conhecida de Yamagata é, sem dúvidas, Zao Onsen. “Onsen” em japonês são as fontes de águas termais, e elas são uma atração da região. O Monte Zao fica na fronteira entre Yamagata e Miyagi e existem duas formas de chegar até lá. Por Miyagi, a viagem é linda no outono pela Zao Echo Road. A estrada, que sobe a serra, é coberta de vegetação, e a folhagem fica amarelada em boa parte de sua extensão.

Num dos picos da montanha, chamado de Kattadake, é possível ter uma bela vista do Okama, um lago de cratera vulcânica considerado um dos mais belos do Japão. Durante abril e novembro, quem vem da estação de Kamiyama pode usar um serviço gratuito de ônibus até o Zao Liza, um restaurante que serve como base para quem sobe montanha acima. De lá, é possível usar o Katta Lift, um teleférico aberto até um ponto de observação do Okama. No entanto, os serviços são limitados, com o máximo de dois horários por dia, e restrito aos fins de semana em algumas épocas do ano. Portanto, pesquise bem antes de usar.

O lago de cratera de Zao é um dos pontos turísticos mais conhecidos de Tohoku (foto: Pixta)
O lago de cratera de Zao é um dos pontos turísticos mais conhecidos de Tohoku

Zao Onsen, no entanto, é mais popular no inverno. A qualidade de neve transformou o local num resort de esqui que recebe visitantes de todo o país. A área é muito bem equipada para a prática de esportes da neve com lojas para locação de utensílios. A grande atração, porém, são os chamados monstros de gelo, árvores congeladas que “hibernam” cobertas de neve durante a estação fria. Os “monstros” ficam acima da cabeceira da pista de esqui e até podem ser acessados a pé. Na área do resort, é possível alugar uma sandália de neve, feita de madeira e usada pelos antepassados para caminhar na região. Os calçados são usados por cima da bota que, aliás, deve ser muito bem preparada. A caminhada na neve pode congelar o pé caso você não esteja usando um calçado adequado. À noite, os monstros de gelo são iluminados com luzes coloridas. O resort também oferece um passeio noturno, num veículo de neve, até os monstros.

Depois das aventuras, com neve ou não, sempre vale a pena dar uma relaxada nos banhos de águas termais da região. O Zao Onsen Dairotenburo é um banho a céu aberto que funciona entre os meses de abril e novembro. Já o Genshichi Roten no Yu também tem banhos internos e funciona o ano todo. Outra forma de conhecer o costume de se banhar em águas termais é visitar um dos banhos públicos da localidade. São três, chamados de Kawarayu, Kamiyu e Shimoyu. Eles ficam em pequenas construções de madeira com apenas um ofurô no formato de uma pequena piscina. Os banhos são segregados por gênero e a entrada em cada um deles custa ¥200.

Banho a céu aberto no Zao Onsen Dairotenburo (foto: Pixta)

Caminhos de fé

Repleta de montanhas, Yamagata também é um destino para pessoas que buscam tranquilidade nos templos e santuários construídos ao longo dos séculos em áreas mais remotas. No nordeste da capital, na cidade de Yamagata, fica o Risshakuji, um templo budista fundado no século 9 e conhecido popularmente como Yamadera. A área sagrada começa no sopé de uma colina, onde fica uma das construções mais antigas do complexo, o Konponchudo. No entanto, o caminho até o topo é uma das principais atrações, em especial por conta da bela vista que se pode ter da varanda do Godaido, um salão incrustado na montanha. No entanto, vale ressaltar que a subida, de cerca de 1000 degraus, pode ser pesada para alguns visitantes.

Godaido entre as folhas de outono em Yamagata (foto: Pixta)

Uma experiência mais radical é fazer o Dewa Sanzan, um caminho que conecta três santuários sagrados nas montanhas. Dewa é o nome de uma antiga província formada pelos atuais territórios de Akita e Yamagata. Os três santuários são dedicados a uma fé conhecida como shugendo, que mescla elementos do budismo e do xintoísmo, a religião nativa do Japão. Cada um deles é conhecido pelo nome do monte em que se localiza.

De acordo com os preceitos, para transcender é preciso levar o corpo ao limite. Por isso, os monges do shugendo realizam práticas radicais, como longos períodos de jejum ou alimentação muito restritiva e atividades físicas, além da meditação.

Pagoda no caminho que leva ao santuário no Monte Haguro: mais um milênio de história (foto: Pixta)

O Haguro-san (Monte Haguro) é o de mais fácil acesso dos três santuários. Ele representa a vida e o presente e fica aberto o ano todo, sendo acessível por um serviço de ônibus que parte da cidade de Tsuruoka. O transporte leva até a base da construção principal do complexo, mas, na verdade, fazer o caminho montanha acima também faz parte da experiência. A trilha na floresta de cedro é pavimentada com rochas e compreende cerca de 2100 degraus. Portanto, requer energia ou, pelo menos, paciência. No caminho, é possível ver uma das mais belas construções do santuário, uma pagoda de cinco andares, datada do século 10. Além da torre, a trilha ainda tem diversas esculturas e uma casa de chá. A visita ao santuário custa ¥300.

Quem quiser passar a noite no local, existe o Saikan, um espaço que oferece estadia simples, num quarto com piso de palha no estilo tatami e dormida num futon, uma espécie de colchonete tradicional. A reserva tem que ser feita antecipadamente. O Saikan também oferece o shojin ryori, um estilo de gastronomia vegano, com preparos baseados em ingredientes locais sazonais, desenvolvido nos monastérios. Quem acorda no local ainda pode assistir aos rituais matutinos dos monges.

Representando a morte, o Gas-san é o segundo santuário que deve ser visitado na rota do Dewa Sanzan. Ele fica localizado na área de maior altitude do caminho, a 1984 metros de altitude, e só é acessível a pé. Duas linhas de ônibus que circulam somente entre os meados dos meses de julho e setembro levam até a oitava estação, de onde é preciso fazer cinco quilômetros de caminhada morro acima. A rota é aberta e pavimentada, com as margens cobertas de gramíneas e árvores de pequeno porte. Muitas delas florescem na primavera e no verão trazendo beleza à jornada. É preciso, porém, ter cuidado na rota, já que a exposição aos fenômenos naturais pode fazer com que as rochas fiquem muito escorregadias depois de dias de chuva. Além disso, é bom se preparar caso vente muito. Ao chegar no santuário, o visitante passa por um ritual de purificação, que inclui acender um incenso e beber uma pequena dose de saquê. A entrada no santuário custa ¥500.

Do Gas-san é possível seguir em rota pela montanha até o Yudono-san, o terceiro e último dos Dewa Sanzan. São cerca de 3 horas montanha abaixo, num caminho relativamente íngreme e difícil para pessoas sem preparo e sem material adequado. O santuário representa o renascimento e é o mais sagrado (e secreto) dos três. Aqui, os visitantes também passam por um ritual de purificação na entrada, no qual precisam tirar os calçados. É expressamente proibido tirar fotos do Yudono-san, e tudo o que se vê dentro do santuário deve ser guardado em segredo pelo fiel. O espaço também fica fechado durante o inverno, embora seja relativamente de fácil acesso, já que fica próximo a uma rodovia.

Durante o verão e o outono, é possível visitar os três santuários usando o ônibus como deslocamento de apoio. Mas mesmo quem pretende caminhar entre os santuários a pé, pode fazê-lo com segurança. São necessários, porém, pelo menos dois dias e duas noites para a rota completa.

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