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Omotenashi – A Arte da Hospitalidade Japonesa

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Foi em 2013, quando a apresentadora Christel Takigawa fez a defesa da candidatura japonesa aos Jogos Olímpicos de 2020, que a palavra omotenashi ganhou o mundo. Da noite para o dia, um monte de gente estava querendo saber os significados explícitos e implícitos deste vocábulo de cinco sílabas. Encontrar quem saiba definir exatamente o que é o omotenashi é um desafio mesmo no Japão. Porém, qualquer pessoa pode te enumerar diversos momentos em que sentiu na prática o que isso significa.

Quase sempre traduzido como “hospitalidade japonesa”, o significado da palavra omotenashi é muito mais profundo que isso. Acredita-se que a origem do vocábulo e da ideia que está por trás dele seja a cerimônia do chá, chamada de chadô (lê-se “tcha-dô”), em japonês. Com base nos pensamentos budista e do taoista, essa cerimônia é, na realidade, uma recepção em que a pessoa anfitriã prepara um banquete que começa com o serviço do matchá, o chá verde em pó.

O final do século 16, quando as bases da cerimônia do chá foram criadas, é marcado pelos últimos suspiros do Período Sengoku, um dos mais beligerantes da história do Japão. Foi nesse momento, em que Sen no Ryu, considerado um dos mestres de chá mais influentes da história, também deu as direções para o que entendemos hoje como omotenashi. Foi ele quem definiu que cada cerimônia do chá é uma experiência única, que jamais se repetirá. Portanto, é preciso que todas as pessoas participantes, anfitriãs e convidadas, estejam envolvidas por completo no momento, com sinceridade e honestidade.

Em japonês, isso pode ser definido pela expressão omote-ura nashi que pode ser entendida literalmente como “não haver verso e reverso”. Nas relações humanas, ela pode significar não existir diferença entre conduta e pensamento ou entre o que se sente e o que se demonstra. Simplificada para a palavra omotenashi — nada a esconder — e adequada à atuação da pessoa anfitriã na cerimônia do chá, se tornou a ideia de oferecer o melhor, com verdadeira hospitalidade.

Em outras palavras, é o esforço feito para oferecer uma experiência única e personalizada a quem participa do evento que se reflete na escolha da louça, que é pensada para cada visitante; nos adornos de flores e nas mensagens escolhidas especialmente para aquela ocasião, dentre outros inúmeros detalhes, do preparo à despedida. Diz-se, por isso, que uma cerimônia do chá completa leva meses para ser planejada. Mas, certamente, a imagem mais perfeita para entender o omotenashi na cerimônia do chá é o momento em que a bebida é preparada. O mestre ou a mestra faz cada passo na frente das visitas, da limpeza dos utensílios ao momento em que o matchá está pronto para ser consumido. É assim porque, afinal, não há nada a esconder.

Além disso, tudo é feito com humildade e, ao mesmo tempo, com dignidade. Todo mundo se senta no chão de tatami, no mesmo nível. Quem prepara e oferece o chá e todo o banquete são as pessoas anfitriãs, não a criadagem. (Aliás, serviçais domésticos são raridade no Japão.) Uma pessoa é mestre de chá porque domina todas as técnicas de servir e é admirada por isso.

São esses detalhes históricos e filosóficos que fazem com que o omotenashi diferente da hospitalidade que é comum a todas as culturas do mundo. Uma situação que aconteceu comigo em um hotel de Tóquio ilustra bem essa diferença. Era um dia muito quente e eu entrei no hotel esbaforido. Como é de se esperar, o ar condicionado estava ligado, o que já é um grande alívio. Ao chegar na recepção fui cumprimentado pelo rapaz com muita cortesia, como de praxe. Porém, antes mesmo que eu conseguisse terminar de responder, o moço tinha colocado sobre o balcão uma pequena bandeja prateada com uma toalhinha branca e úmida, bem geladinha, a qual ele me ofereceu para que eu pudesse secar o rosto e aliviar o calor antes mesmo de fazer o check in.

Ter um bom ar condicionado e um funcionário a postos e cortês no atendimento é hospitalidade. Colocar à sua disposição uma toalhinha úmida e geladinha, num dia de calor, antes mesmo que você peça, é omotenashi. Em outras palavras, mais do que receber bem, omotenashi é pensar nas outras pessoas a ponto de se antecipar às suas necessidades. Esse é o diferencial e, podemos assim dizer, a arte da hospitalidade japonesa.

Cinco programas imperdíveis para conhecer a terra da beleza em Akita

Localizada no extremo norte da ilha de Honshu, Akita é uma das províncias japonesas mais tranquilas e menos visitadas por estrangeiros. Cercada de montanhas e coberta de neve durante o inverno, Akita é o local ideal para quem busca um turismo sem pressa e deseja descansar ou conhecer tradições japonesas que pouca gente conhece. Um dos símbolos da província é o Namahage, uma figura folclórica mal encarada, usada para lembrar as crianças que não se deve fazer coisa errada. À parte o estranho costume, Akita é uma província acolhedora, de gente simples, que trabalha firme na agricultura, na pesca e em outras atividades em que o contato com a natureza é fundamental. Sendo assim, uma visita a Akita não pode deixar de propiciar experiências em que os elementos e as tradições sejam fundamentais. Por isso, o GUIA JP separou para você cinco experiências inesquecíveis na província. Viaje com a gente.

Encantar-se com as belezas do Lago Tazawa

Com 423 metros de profundidade, o Tazawa é considerado um dos mais belos lagos de caldeira do Japão e, também, o mais profundo. O lago e o seu entorno são um resumo do que a província de Akita pode oferecer de melhor aos seus visitantes: uma imersão na natureza, com tranquilidade e sem pressa. Cercado por montanhas com florestas densas, o Tazawa é um convite para quem gosta de atividades ao ar livre.

Um bom local para começar o passeio pelo lago é o Santuário Goza no Ishi, com o seu portal torii bem nas margens do lago. Diz-se que, no meado do século 17, o daimyo Satake Yoshitaka costumava sentar-se em uma rocha no local para admirar a beleza do lago. Goza no Ishi quer dizer, justamente, “pedra de se sentar”.

Região do Lago Tazawa no inverno

Dali, é possível pegar um ônibus até a margem oeste do lago, onde fica uma pequena estátua dourada de mulher. Chamada de Tatsuko, a imagem representa a lenda de uma bela mulher que rezava à beira do lago para manter-se bela para sempre. Por causa da vaidade, a mulher acabou castigada com uma maldição e se transformou num dragão. Com vergonha da nova aparência, ela teria se afundado no lago profundo, onde vive até os dias de hoje.
Da estátua da Tatsuko, sai um barco turístico (¥1220/40 minutos) que cruza o lago até a margem leste, onde fica a área com maior infraestrutura do local. Restaurantes, cafés e lojinhas se estabeleceram ali e são uma opção para o almoço. Nesta margem também é possível alugar bicicletas e prolongar o passeio por outras partes do lago.

Relaxar nas águas termais da região de Hachimantai

Akita também é uma província famosa pelas estâncias de águas termais. A maioria delas fica na área montanhosa no entorno do Lago Tazawa. Nyuto Onsen é a mais conhecida. Oito ryokan — pousadas mais tradicionais — ficam na área da estância, boa parte deles considerados bem rústicos. A região é conhecida pelas águas leitosas, mas existem banhos com minerais de cor mais terrosa também.

O Tsurunoyu Onsen é o ryokan mais antigo e mais conhecido da região. Alguns dos quartos têm, inclusive, um fogareiro de chão conhecido como irori. Os banhos do Tsurunoyu também são considerados excepcionais e incluem um espaço misto a céu aberto, que fica aberto aos não hóspedes todos os dias da semana, exceto às segundas-feiras que não são feriados. A entrada é ¥600 para quem não vai se hospedar no local. Outros ryokan da região incluem o Kuroyu (com seu banho a céu aberto misto onde se pode ver um belo pôr do sol) e o Taenoyu.

Banho termal a céu aberto em Nyuto Onsen

Outra conhecida estância de águas termais da região é Tamagawa Onsen, conhecida pela água termal mais ácida do país. A estância tem apenas uma acomodação, que recebe não hóspedes em seus banhos em todas as estações, exceto o inverno. A fonte que abastece os banhos fica a poucos metros do ryokan e é possível vê-la. No entanto, entrar na fonte não é permitido já que a água jorra a 98 graus, o que causaria queimaduras graves. A fonte também é conhecida como a mais produtiva do país, liberando 9 mil litros de água fervente por minuto, ininterruptamente.

A região de Tamagawa Onsen também é conhecida pela existência de uma pedra radioativa rara chamada hokutolita que, acredita-se, tem efeitos benéficos à saúde, incluindo ação preventiva contra o câncer. Por isso, é possível ver pessoas deitadas sobre as rochas no caminho entre o ryokan e a fonte.

Entrar num túnel do tempo em Kakunodate

Quem gosta de histórias envolvendo samurais não pode deixar de visitar Kakunodate. A pequena cidade era o centro de defesa de sua região e tinha um castelo. Embora a principal edificação tenha sido destruída, a cidade conseguiu preservar dois distritos de grande importância histórica: o dos samurais e o dos mercadores. Diz-se que essas duas partes da cidade não mudaram muita coisa desde a segunda década do século 17.
O distrito dos samurais era o lar de 80 famílias de guerreiros, que viviam em ruas estreitas e em casas com quintal amplo e arborizado. Muitos desses quintais são ornados com uma espécie de cerejeira chamada shidarezakura, conhecida também como “chorona”. No início de maio, as flores desabrocham trazendo milhares de visitantes para o local.

Seis das antigas casas de samurais são abertas ao público. A Casa Ishiguro ainda é habitada por descendentes dos antigos guerreiros e, por isso, apenas parte dela é acessível. Mas a visita (¥400/adultos) vale a pena. Na casa, está exposta uma pequena coleção de armaduras e vestimentas usadas pelos antigos guerreiros.

Passeio de riquixá pelo distrito de samurais de Kakunodate

A maior casa da área, no entanto, é a Aoyage, que funciona basicamente como um museu da vida dos samurais de Kakunodate (¥500/pessoa). São 10 mil metros quadrados que incluem um jardim com informações dispostas em inglês e japonês. Há espaços também para experiências como o uso da espada, do capacete ou mesmo da vestimenta completa (¥4500/pessoa/hora). Dentro do espaço, funcionam também lojinhas e restaurantes, dentre eles o Inaniwa, que tem 350 anos de história e serve o que é considerado um dos três melhores udons do Japão.

Não deixe de visitar, também, as demais casas de samurais, cuja entrada é franca, e o distrito dos mercadores, onde fica uma fábrica de missô de 150 anos, feita de tijolos, um estilo de arquitetura característico do Japão pós-feudal.

Conhecer os ”iglus” japoneses em Yokote

Cancelado nos últimos anos por causa da pandemia, o Yokote Kamakura Festival ocorre nos dias 15 e 16 de fevereiro, o auge do inverno em boa parte do Japão. O Kamakura do nome do evento são pequenas construções de neve, como iglus, que são construídos na região como uma espécie de altar para pedir às divindades por água em abundância quando o inverno acabar.

No interior das construções, uma pequena lareira abastecida a carvão é acendida para aquecer os visitantes e grelhar os onigiri, bolinhos de arroz que são servidos durante o festival. Também é possível provar o amazake, um fermentado de arroz adocicado e bem espesso, considerado uma espécie de superalimento. Para provar as iguarias, o visitante deve deixar uma oferenda no altar.

“Iglus” iluminados com o castelo de Yokote ao fundo

Passeando pelas ruas da vila, onde os iglus são instalados, uma trilha formada por lanternas abrigadas em pequeninas construções leva até o Castelo de Yokote, que costuma ficar fechado durante o inverno, mas abre especialmente nas datas do festival. As lanternas também são acesas na beira do rio, formando um belo espetáculo que atrai visitantes de todo o país.

Provar saquê numa fábrica com mais de 300 anos de história

Akita é uma das maiores produtoras de arroz do Japão, e o cereal produzido na província é bem cotado em todo o país. Com ele é produzido também o saquê, uma bebida alcoólica fermentada, cada vez mais bem cotada no cenário internacional. Por causa da qualidade do arroz e da água de Akita, os saquês da província também são muito bem avaliados dentro e fora do país. Por isso, interessados em culturas etílicas não podem deixar de visitar uma fábrica de saquê durante sua visita à província.
Fundada em 1689, a Suzuki Shuzo foi fundada pelo jovem Matsuemon que saiu da província de Mie, no centro do Japão, para recomeçar a vida no norte do país. Conta-se que ele ficou apaixonado pela beleza luxuriante e intocada das florestas e montanhas de Akita, onde fincou residência próximo a Kakunodate. Matsuemon trabalhou por quatro anos na lavoura até conseguir atingir seu objetivo de produzir saquê.

Suzuki Shuzo: produzindo saquê há mais de 300 anos

A marca principal da Suzuki é a Hideyoshi, uma linha que nasceu de um saquê criado em 1848 para um concurso aberto pelo daimyo de Akita da época. Nomeado Hatsu-arashi (algo como “primeira trovejada”, o então desconhecido saquê caiu nas graças do senhor feudal que, ao prová-lo, exclamou “hidette-yoshi”, que pode ser traduzido como “extremamente bom”. Assim, os produtores da bebida decidiram mudar o nome do saquê para Hideyoshi e, assim, nasceu a linha que é hoje composta por dois rótulos no estilo daiginjo, altamente refinado, com sabor e aroma frutado e suave.

Com os olhos voltados para o mercado internacional, onde alguns dos seus saquês já estão nas prateleiras, a Suzuki também recebe visitantes estrangeiros em passeios guiados à fábrica em inglês. Visitantes devem fazer a reserva com no mínimo três dias de antecedência pelos contatos fornecidos no site da fábrica, o www.hideyoshi.co.jp/en/tour.

Aldemo Garcia, Cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu – Ele não para!

Cheio de energia, cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu quer ir além das funções cartoriais e elevar a comunidade brasileira no Japão.

Conversar com Aldemo Garcia exige raciocínio rápido. O diplomata de 62 anos domina o papo com uma avalanche de ideias e propostas. Completando 40 anos de carreira em 2022, ele está capitaneando as celebrações do Bicentenário da Independência na cidade com o maior número de residentes brasileiros no Japão.

Tendo passado por países como a França, a Argélia, os Estados Unidos, o Canadá e o Timor Leste, onde serviu como Embaixador, Garcia chegou a Hamamatsu há um ano e meio, bem no momento mais difícil da pandemia. Mesmo assim, ele não deixou de ter ideias e propostas. Boa parte delas começou a sair do papel assim que as restrições foram relaxadas. Pode-se dizer que Hamamatsu ganhou um banho de Brasil em 2022, graças à sua atuação incansável.

Garcia abriu um espaço na sua agenda para bater um papo com o Guia JP, passar a limpo sua atuação no último ano e contar um pouco sobre seus projetos futuros. Confira!

Como o senhor avalia o Brazilian Day 2022?
Acho que o evento, de uma forma geral, foi um grande sucesso. Foi a primeira vez que foi realizado um evento como esse em Hamamatsu. ormamos uma comissão organizadora, levamos praticamente um ano na organização. No início, muitas empresas não acreditaram que a gente poderia fazer um evento desse nível, dessa magnitude. Foi muito difícil captar patrocínios. O evento custou mais de ¥13 milhões. No final das contas, tivemos um evento com cerca de 40 atrações musicais e 16 horas de música brasileira no centro de Hamamatsu. Pelas estimativas da prefeitura — e nossas, também —, cerca de 25 mil pessoas circularam pelos dois dias de evento. Realmente, foi um sucesso. A principal atração, Toni Garrido, fechou o domingo com um show apoteótico. Demos oportunidade para várias bandas de estilos como forró, bossa nova, axé, pop-rock, sertanejo e chorinho. Trouxemos o que a gente tem de melhor na cultura brasileira, que é a música, a diversidade e a riqueza musical brasileira. Fizemos uma abertura com quatro prefeitos e outras autoridades fazendo discurso. O prefeito de Hamamatsu [Yasumoto Suzuki] ficou bem impressionado com o evento. Ele disse que não imaginava um show tão grande e prometeu apoio para o ano que vem. Recebemos muitos elogios, não somente no dia, mas depois por e-mail, whatsapp e outros canais. Manifestações até emocionadas, agradecendo pelo que tem sido feito em prol da comunidade brasileira e da cultura brasileira. Isso nos anima muito, nos deixa muito felizes. Foi muito trabalho, mas ao mesmo tempo a gente fica empolgado para tentar repetir no ano que vem.

Durante o evento teve a apresentação do Jujuba, a mascote da comunidade brasileira. O que essa mascote representa?
Desde o ano passado tenho tentado trazer o pessoal da Turma da Mônica, de Tóquio, porque eu fiquei sabendo que estavam preparando uma trupe de atores para representar a Turma da Mônica. Eles estão ensaiando, então ainda não foi possível. Também tentei trazer a mascote Ginga, do Comitê Olímpico Brasileiro. Tinha que pagar R$10 mil, trazer uma pessoa do Rio de Janeiro e pagar uma passagem internacional. Assim, achei que poderia ser uma boa ideia criar o nosso próprio mascote. Inicialmente, pensei em uma mascote da comunidade brasileira em Hamamatsu. Depois, a gente decidiu fazer uma coisa mais ampla: a mascote da comunidade brasileira no Japão. A ideia é que essa mascote possa participar de eventos em todo o país.

Conversei sobre a ideia da mascote com uma brasileira que mora em Hamamatsu, a Melissa, que tem 17 anos. Duas semanas depois, ela me surpreendeu com alguns desenhos e sugestões. Ela apresentou um nome muito sugestivo: Jujuba. No final, acabamos escolhendo a arara azul, que vive no Pantanal, na Mata Atlântica e na Amazônia, e é um animal ameaçado de extinção.

Agora, estamos correndo contra o tempo para confeccionar a versão habitável da Jujuba, que é a fantasia da mascote. Leva 45 dias para ficar pronta e estamos procurando patrocínios. Tenho dado entrevistas para jornais e rádios locais e as pessoas perguntam quando teremos a mascote. Tenho dito para todo mundo que vai ser na Copa do Mundo do Catar, no final de novembro.

Como você sabe, o Japão é conhecido, entre outras características, pelas suas mascotes. Eles têm mascotes para tudo, com vários significados e funções. Diante dessa tradição japonesa, surgiu essa ideia de fazer uma mascote representativa da comunidade brasileira. Acho que vai fazer muito sucesso.

A gente tem visto que o consulado tem trabalhado no sentido de apoiar a comunidade local de diversas formas. Há alguns anos foi fundada a Casa do Trabalhador Brasileiro. Hoje tem muita gente tentando buscar alternativas, começando a empreender. Como o consulado pode contribuir no estímulo ao empreendedorismo entre os brasileiros da região?
Eu estou aqui há um ano e meio e encontrei uma comunidade de 10 mil brasileiros em Hamamatsu, e 30 mil em Shizuoka. A grande maioria é formada por trabalhadores de fábrica. É uma comunidade muito trabalhadora. Criamos há algum tempo o Espaço do Empreendedor Brasileiro, que foi o sucessor da Casa do Trabalhador. O Espaço do Empreendedor Brasileiro é chefiado pela Vanessa Handa, com muita competência. Ela escreveu o Manual do Empreendedor Brasileiro no Japão, que dá o bê-á-bá de como empreender em terras nipônicas.

Muitos dos que estão na fábrica têm o sonho de criar o seu próprio negócio. Então, o consulado ajuda essas pessoas a percorrer o caminho das pedras, criar seu próprio negócio e empreender. Firmamos, no ano passado, uma parceria com o Sebrae. Vamos disponibilizar nas nossas plataformas dezenas de cursos de empreendedorismo do Sebrae.

Além disso, a gente tem um programa semanal chamado Conexão Empreendedora. Toda terça-feira, ao meio-dia, eu e a Vanessa entrevistamos uma pessoa que empreendeu e deu resultado.

Em julho, realizamos um seminário sobre empreendedorismo feminino no ramo alimentício. Tivemos mais de 50 pessoas participantes. Convidamos, também, a Chieko Aoki, que é uma das líderes do grupo Mulheres do Brasil, para vir a Hamamatsu. Fizemos um belo seminário com ela sobre empreendedorismo feminino, com cerca de 100 participantes. São formas que o Consulado tem de incentivar os brasileiros a empreender. É uma área que eu dou a maior importância e está dando certo.

O consulado também tem dado muita ênfase ao setor cultural. O que o senhor acha que isso traz de ganhos para a comunidade brasileira?
O consulado tem funções cartoriais. A gente dá passaporte, certidões, procurações, alistamento militar, dentre outros documentos. Quando eu cheguei aqui, eu me deparei com uma comunidade muito trabalhadora e vibrante. Senti que dava para trabalhar um pouco mais com essa comunidade e decidi fazer o que eu estou chamando de “algo mais”, o que vai além das funções consulares. Felizmente, nós temos uma equipe muito boa e muito bem preparada aqui no consulado que atende com muita presteza e eficiência a essa parte consular. Isso nos libera um pouco para criar coisas na área cultural.

Desde que cheguei, fizemos várias coisas. Organizamos um concurso de fotografias, no início do ano, intitulado “Um Olhar sobre a Comunidade Brasileira no Japão”. Tivemos 336 fotos de 78 participantes. Premiamos com dinheiro os três primeiros colocados e entregamos troféus para as melhores fotografias. Vamos fazer um livro e uma exposição com as cinquenta melhores fotografias. Também fizemos a exposição de arte “Panorama da Criação Contemporânea Brasileira em Hamamatsu”, na qual apresentamos os talentos locais, uma oportunidade para seis artistas brasileiros. Alguns nunca tinham participado de uma exposição. Quatro dos artistas trabalham em fábrica porque não conseguem sobreviver apenas do talento artístico deles. O consulado, ao mostrar a sua arte, está ajudando para que, no futuro, eles possam viver disso.

Também fizemos quatro edições do Bossa Brasil. Hamamatsu é a Cidade da Música no Japão e, a cada dois meses, mostramos aqui o melhor da música brasileira. Convidamos artistas, pagamos o cachê deles e a plateia paga o consumo da casa. A gente traz convidados especiais, formadores de opinião. Já estiveram presentes os prefeitos de Hamamatsu e de Kosai, os diretores da TV Shizuoka e do jornal Shizuoka Shimbun, reitores universitários, atletas renomados, políticos e empresários. Enfim, estamos fazendo muitos eventos culturais, procurando incrementar também a cooperação com as universidades locais.

Outro setor importante para a comunidade são as crianças e jovens. A gente teve as Olimpíadas Escolares, outros eventos também. O que a gente pode esperar daqui para frente para esse público?
Aqui na jurisdição temos nove escolas brasileiras com cerca de 1.100 alunos. Muitas vezes, eles não têm muitas atividades, não têm muito o que fazer no fim de semana. Por isso nós pensamos em fazer a Olimpíada Escolar Brasileira, que foi um grande sucesso. Conseguimos reunir, em Fukuroi, cerca de 700 crianças de 20 escolas brasileiras, vindas de oito províncias. Imagina você ver as crianças correndo, fazendo atletismo, salto em distância e outros esportes no estádio em que o Brasil ganhou da Inglaterra na Copa do Mundo de 2002? Todas as crianças ganharam medalha de participação. O Banco do Brasil mandou um diploma para todos que participaram. Foi um sucesso.

E já está tendo desdobramentos. Vieram me contar que o filho não fazia esporte e, agora, está correndo todo fim de semana. Não ganhou nada na Olimpíada passada, mas quer se preparar para o ano que vem. Isso é muito estimulante. Além disso, o mesatenista Hugo Hoyama, campeão brasileiro que veio para essa edição, já está fazendo contatos para trazer uma equipe de jovens do tênis de mesa para estagiar no Clube Infantil Esportivo de Tênis de Mesa de Toyoda, do campeão olímpico japonês Jun Mizutani. Também teremos um workshop de xadrez em novembro num Centro Comunitário de Hamamatsu com o enxadrista brasileiro Marcos Minamoto, que veio nos procurar depois das Olimpíadas. Ele acredita que é possível encontrar talentos nas escolas brasileiras e quer selecionar um grupo para participar do Campeonato de Xadrez do Japão no ano que vem.

O que a gente pode esperar de projetos para o ano que vem?
Ainda este ano, devemos seguir junto com a Embaixada no projeto para apresentar a literatura brasileira. Vamos trazer para Hamamatsu o Itamar Vieira Junior, autor do romance “Torto Arado”, que será lançado em japonês, como ocorreu com o livro “Nihonjin”, do Oscar Nakasato, no mês de julho. Estou tentando trazer alguns artistas plásticos do Brasil como o Darlan Rosa, de Brasília, e o Kinkas Caetano, que tem um trabalho muito bacana no estilo grafite. Também estamos nos organizando para levar para Tóquio uma exposição da Amanda de Godoy, talentosa artista de 15 anos, aqui de Hamamatsu, que é autista.

Quero trazer o grupo Choro Livre, de Brasília, que está com um programa muito interessante de internacionalização do choro pelo mundo. Quero trazê-los para o Brazilian Day ou para o Hamamatsu Jazz Festival. Aliás, já reservamos o espaço para o Brazilian Day, em setembro de 2023.

Estamos em contato com a equipe da Larissa Leal, medalha de prata na Olimpíada de Tóquio. Queremos fazer um encontro entre ela e a Momiji Nishiya, que ganhou a medalha de ouro na Olimpíada de Tóquio. Seria um encontro, um congraçamento entre a campeã e a vice-campeã olímpica.

Enfim, são muitos os planos para o ano que vem. Claro que a gente vai precisar de apoio porque nossos recursos são muito escassos. Então, queremos contar não somente com a comunidade brasileira, mas, também, com empreendedores e patrocinadores.

Apesar de muito trabalho, me sinto feliz e realizado com o trabalho que estou conseguindo fazer em Hamamatsu e com o grande apoio que estou tendo de nossa comunidade.

Por que buscar ajuda psicológica?

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Buscar por terapia é algo temido por muitos, devido à ideia de que é “coisa para gente louca”; contudo, é justamente o oposto, tendo em vista que é uma excelente ferramenta para alcançar uma boa saúde mental e uma melhora na relação com você e com os outros ao seu redor.

A psicoterapia tem como objetivo reduzir o sofrimento de uma pessoa por meio do desenvolvimento da inteligência emocional, e é recomendada para qualquer um que deseja compreender suas questões afetivas e, consequentemente, promover seu bem-estar. O psicólogo auxilia: a encontrar respostas; entender o surgimento de certos pensamentos e/ou atitudes, porque situações tão simples para alguns, parecem tão complicadas para outros; no aumento de autoconfiança; enfrentar seus medos e sentimentos; e a criar relações mais saudáveis. Também possibilita o autoconhecimento e resolução de conflitos. Para tanto, é necessário que haja comprometimento do paciente com o processo terapêutico, ou seja, este deve estar disposto a se responsabilizar por suas escolhas e o principal: confiar em seu psicólogo para o sucesso do tratamento.

Se você percebe que algo não vai bem em sua vida e está muito difícil suportar esta situação; está perdendo o controle, ou possui algum vício que lhe causa problemas e não consegue largar; tem insônia; perda de apetite; crises de ansiedade, como palpitação ou dificuldade em respirar; e não está rendendo no trabalho, é provável que precise repensar alguns aspectos internos e a psicoterapia pode lhe ajudar a lidar melhor com todos esses assuntos. Não espere até que chegue em seu limite para procurar apoio, quanto antes buscar por um profissional, maiores as chances de recuperação e cura sem que o quadro se agrave.

Vanessa Ferreira de Carvalho Lima é psicóloga (CRP 08/27797) do Projeto Sakura.

A educação continuada

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O ensino superior é reconhecidamente importante para o futuro de qualquer indivíduo e de toda comunidade. Seu início ocorre normalmente num contexto de transição da adolescência para a vida adulta, exigindo orientação adequada para que aconteça de maneira suave. Neste sentido, o Consulado-Geral em Tóquio realiza anualmente a Feira de Educação, neste ano em sua sexta edição. O evento ocorreu online, em 23 de junho, e contou com alunos do Ensino Médio de oito escolas brasileiras desta jurisdição, orientados por experientes profissionais da educação que esclareceram dúvidas sobre os procedimentos e investimentos necessários para ingresso na universidade, ensino a distância, cursos profissionalizantes e oportunidades de intercâmbio internacional.

Atualmente, há universidades que oferecem exames vestibulares facilitados para estrangeiros; cursos superiores ministrados em inglês; e ainda financiamento estudantil, uma opção viável e ao alcance de nossos jovens. Esta possibilidade de pagamento vem abrindo portas para os universitários brasileiros, que passam a pagar o financiamento em suaves parcelas somente após o ingresso no mercado de trabalho. Isto significa que o estudante se torna responsável por sua própria carreira, ainda que os pais não tenham podido custear o ensino superior de seus filhos. Há também cursos profissionalizantes, que garantem a seus egressos diferencial na hora de buscar uma vaga no mercado de trabalho. Como principais vantagens destes cursos, destacam-se o baixo custo, a rápida formação e a boa empregabilidade.

Outro assunto que desperta interesse é o intercâmbio em universidade no exterior, que pode ser viabilizado pelo ingresso em universidade japonesa. Também é possível fazer curso de inglês de curta duração, o que permite conhecer a vida, cultura e sociedade do local de destino. No entanto, é preciso dar atenção especial à necessidade de planejamento financeiro antes de se aventurar mundo afora. A escolha do país também influencia no investimento necessário. Como exemplo, o primeiro mês de um curso de intercâmbio no Canadá custa, em média, ¥288 mil, mas pode chegar a ¥471 mil nos Estados Unidos.

Já aqueles que planejam retornar ao Brasil com formação superior completa em universidade brasileira contam com a opção de cursos a distância (EAD). Algumas instituições mantêm polos que cobrem quase todo território japonês e concedem, ao final dos cursos EAD, diploma idêntico ao de cursos presenciais.

Além de obter detalhes sobre todos esses tópicos, os participantes da Feira de Educação puderam ainda participar de um bate-papo com uma psicóloga e uma recrutadora de recursos humanos, bem como receberam materiais informativos de ONGs que assistem estudantes de universidades japonesas e brasileiras. Paralelamente, foram lançadas as edições revisadas de duas publicações do Consulado: o “Guia do Estudante”, com informações detalhadas em português sobre processo seletivo, cursos e valores cobrados por universidades japonesas, brasileiras e outras instituições de ensino técnico e profissionalizante; e o manual “Estudar no Brasil”, um guia de ingresso nos sistemas de educação técnica e superior no Brasil. Eles podem ser obtidos, impressos, por quem vier presencialmente ao Consulado para solicitar algum serviço, e estão ambos disponíveis para download gratuito nos QR codes abaixo.

Consulado-Geral do Brasil em Tóquio

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Estudar no Brasil: https://www.gov.br/mre/pt-br/consulado-toquio/toquio-arquivos/estudar-no-brasil-preview-dontprint.pdf

Guia do Estudante: https://www.gov.br/mre/pt-br/consulado-toquio/toquio-arquivos/guiadoestudante04preview_v03.pdf

De Shinkansen em Shizuoka

O trem-bala Shinkansen é uma das maiores conveniências de quem viaja pelo Japão. São quase 2.765 km de trilhos cortando três das quatro principais ilhas do arquipélago japonês em nove linhas. Com trens que trafegam a velocidades de até 300 km/h, o Shinkansen é o meio mais eficaz de transporte para distâncias médias. Além da rapidez no trajeto, o trem-bala permite o embarque e o desembarque dentro das cidades, desbancando em praticidade a velocidade do avião.

Poucas províncias do Japão têm mais estações do Shinkansen que Shizuoka. Lideram a lista Iwate e Niigata, com sete estações cada. Cortada pela Linha Tokaido, a mais movimentada do trem-bala no Japão, Shizuoka tem seis estações: Atami, Mishima Shin-Fuji, Shizuoka, Kakegawa e Hamamatsu. Nesta edição, o Guia JP seleciona para você as melhores atrações do entorno das estações do Shinkansen na província. Embarque com a gente nesta viagem em alta velocidade.

ATAMI 熱海駅
Águas quentes e belas vistas

Atami é a estação do Shinkansen mais próxima a Tóquio. Desde tempos imemoriais, se conhecem fontes de águas termais na região. Descoberta há cerca de 1.300 anos, a Hashiryu é a mais antiga delas. Diz-se que, antigamente, as águas esguichavam da montanha e corriam para o mar e, por isso, ganharam o nome pelo qual a fonte é conhecida até os dias de hoje. “Hashiriyu” quer dizer “águas termais que correm”.

Atualmente, a água naturalmente aquecida é transportada até os hotéis e ryokans da região através de um encanamento que corre por dentro de uma caverna de cinco metros de profundidade. Diz-se que 7 mil toneladas de água termal passam pela tubulação todos os dias. A caverna é considerada uma área de reverência porque, no passado, os japoneses diziam que ela era a boca de um dragão que esguichava a água. Visitantes não podem se banhar diretamente na água do Hashiriyu, mas escalda-pés foram construídos na área e podem ser usados gratuitamente.

Quem passa por Atami no Tokaido Shinkansen percebe a existência de um longo túnel. Isso acontece porque a cidade fica espremida entre o mar e a montanha. Por isso, muitas atrações da localidade ficam no alto de colinas e morros. Uma das mais conhecidas é o MOA, Museu de Arte de Atami. O espaço foi criado para abrigar as obras do famoso colecionador Mokichi Okada e contém peças japonesas e ocidentais, incluindo trabalhos de caligrafia de diversas épocas. O espaço conta ainda com um jardim japonês, uma casa de chá e um teatro nô.

Uma viagem de 35 minutos de ônibus partindo da estação leva ao Jukkoku Toge, uma colina cujo topo é acessível por um teleférico. De lá, é possível ter uma vista panorâmica em 360 graus da Baía de Sagami, da Floresta de Pinheiros de Miho, da Baía de Suruga e, claro, do Monte Fuji.

MISHIMA 三島駅
Sombra, aventuras e água fresca

A poucos minutos de distância de Atami, a estação atende às cidades geminadas de Mishima e Numazu. Conhecida como cidade das águas, Mishima foi construída em cima de um fluxo de lava que permitiu a formação de um lençol freático de águas cristalinas vindas do Monte Fuji e das montanhas em seu entorno. Por isso, o Rio Genbei é de grande importância para os locais.

A cerca de 30 minutos da parada fica o Mishima Skywalk, uma ponte pênsil de 400 metros de extensão, considerada a maior do seu estilo voltada para o trânsito de pedestres no Japão. Da ponte é possível ter uma vista privilegiada do Monte Fuji em meio à natureza exuberante da localidade.

Outra opção são os passeios de Segway ou buggy na Floresta das Aventuras, que fica em uma das pontas da ponte. Mas o legal mesmo é descer na tirolesa armada paralelamente à construção, com a vista estonteante do Fuji.

SHIZUOKA 静岡駅
Teatro nô em paisagem de ukiyo-e

Uma das áreas relacionadas ao Monte Fuji registradas como Patrimônio da Humanidade fica na cidade de Shizuoka, a cerca de 30 minutos da estação de trem-bala da cidade. Miho-no-matsubara é uma zona litorânea de cerca de 7 km, margeada por 30 mil pinheiros de um lado e o mar azul do outro. A vista do vulcão foi registrada por diversos artistas, inclusive o mestre do ukiyo-e Hiroshige Utagawa.

O Hagoromo-no-matsu é um dos pontos de destaque do local. Diz a lenda que foi ali que um pescador encontrou uma echarpe (hagoromo) presa ao galho de um dos pinheiros (matsu). O homem pegou a vestimenta e, sentindo que era valiosa, decidiu levá-la e vendê-la para arrecadar algum dinheiro que o ajudasse a sustentar a família. Num dado momento, uma criatura etérea em forma de mulher surgiu declarando que era a dona da echarpe e pedindo-a de volta. O pescador se recusou a devolvê-la, no que a mulher alegou que era uma espécie de anjo e que só poderia voltar para o reino dos céus com a echarpe. Com pena, ele decidiu devolver com a condição que a mulher dançasse para ele. Ela alegou que só poderia dançar com a echarpe. Com medo de ser enganado, o homem perguntou à criatura se ele poderia confiar nela.

— A mentira é uma realidade do mundo humano, disse a mulher.
Envergonhado, ele entregou a echarpe para a criatura divina e ela começou a dançar da forma mais bela que ele viu, sumindo aos poucos, na direção do Monte Fuji. Com isso, o homem ficou apenas com a lembrança daquele encontro e da dança que nenhum outro mortal tinha visto antes.

A história é encenada no local em outubro, na forma de teatro nô. A performance é ao ar livre e à luz das tochas, embora não seja gratuita. O evento faz parte do Hagoromo no Matsuri, que rola na primeira semana do décimo mês.
Além do espetáculo, a região é excelente para caminhadas ou bicicletadas, com a vista onipresente do Monte Fuji.

SHIN FUJI 新富士駅
Paraglider e, claro, Monte Fuji

Como o nome já anuncia, esta é a estação do Shinkansen mais próxima do Monte Fuji. Por isso, todas as atividades possíveis têm algo a ver com a maior montanha do Japão. Embarcando no ônibus que sai da frente da estação, é possível ir até Fujinomiya, onde ficam as principais atrações turísticas da região. Um bom passeio por ali pode começar pelo Mt. Fuji World Heritage Centre, uma espécie de museu futurístico com informações sobre o vulcão mais conhecido da Ásia.

A instituição fica num prédio que é uma obra de arte em si mesma. Construído como um cone de ponta cabeça, a obra forma um belo conjunto com um espelho d’água e a montanha ao fundo. Mas o espaço não é só bonito. A exposição no interior é bem interessante, mostrando o Monte Fuji sob diversos aspectos, incluindo o cultural e o geológico. De quebra, o espaço tem uma bela vista da montanha no terraço.

Não muito longe dali fica o Santuário Monte Fuji Sengen, considerado o portal de entrada do Monte Fuji. O local é muito visitado na primavera quando as flores de cerejeira formam um belo conjunto com o vulcão ao fundo.

Quem tiver mais tempo pode embarcar em atividades de turismo de aventura, muito populares na região. A Escola de Paragliding de Asari Kogen, por exemplo, é uma oportunidade para quem quer ter uma vista excepcional do Fuji. É possível saltar só ou com um instrutor.

KAKEGAWA 掛川駅
Chá, pássaros e castelo feudal

Já da estação é possível ver, no alto de uma pequena colina, o Castelo de Kakegawa. Construído originalmente no século 15, a fortificação passou por diferentes estágios e formatos até ser destruída no século 19, quando o Imperador Meiji derrubou o xogunato Tokugawa e, com ele, todos os castelos que conseguiu. Nos anos 1990, o castelo foi reconstruído, mas diferente de outros casos, usando como material principal a madeira, como no original. No local da torre reconstruída funciona um museu que, junto com o palácio que era usado como residência e fora poupado, formam um conjunto que conta um pouco da história da região.

Dentro da área do castelo fica, ainda, uma casa de chá em que é possível provar o produto mais conhecido da região. No espaço, é servido o matchá com docinhos, da forma tradicional japonesa.

Outro local que costuma fazer sucesso é o Parque das Aves de Kakegawa. No espaço, pássaros de diversas regiões do planeta são criados em áreas que representam os biomas. Das florestas tropicais ao Polo Sul, os animais estão em exposição e, em alguns casos, também podem ser alimentados e interagir com os visitantes.

HAMAMATSU 浜松駅
História na beira do lago

A algumas estações de trem normal partindo de Hamamatsu fica o Lago Hamana, no entorno do qual várias atrações fazem da maior cidade da província de Shizuoka um lugar aprazível de turismo a céu aberto. Na estação Bentenjima, o pôr do sol fica muito mais bonito com o portal torii construído na água. Seguindo para o norte, à beira do lago fica Kanzanji Onsen, uma estância de águas termais com um teleférico que proporciona uma bela vista do local.

Pouco exploradas, no entanto, são as atrações históricas da região. Próximo à estação Mikkabi da linha Tenryu Hamako fica o Makaya-ji, um templo fundado no século 8. O templo é dedicado à deusa Kannon, com imagens que datam da época da fundação do espaço e não estão acessíveis ao público. O jardim, no entanto, é considerado o mais antigo da província de Shizuoka, com a construção tendo sido finalizada em algum momento do século 12. O jardim de pedras é considerado um dos mais belos do país.

Também em Bentenjima fica outro ponto histórico da cidade. Este remete à época do xogunato Tokugawa, quando os senhores feudais eram obrigados a viajar entre seus domínios e Edo a cada dois anos. Para receber as comitivas ilustres, dezenas de pontos de paragens foram construídos ao longo da Tokaido, a estrada que ligava a antiga Tóquio e Kyoto. O Maisaka Shiku Waki Honjin era uma espécie de acomodação para funcionários de baixo escalão das comitivas. O prédio do século 19 é um convite aos viajantes de hoje para conhecer a vida dos viajantes do passado.

Iwate na palma da mão

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Diz a lenda que um oni, uma espécie de ogro do folclore japonês, chegou a uma vila e decidiu atormentar a vida do povo local. Na vila, havia três pedras que haviam sido enviadas das entranhas do planeta. Elas eram habitadas por deuses que eram adorados pelo povo local. Cansados do oni, o povo local começou a orar para que os deuses das pedras fizessem algo contra a criatura perturbadora. Os deuses, então, se manifestaram e lutaram contra o oni, acorrentando-o às pedras. Ali, eles fizeram o oni prometer que jamais voltaria à vila e, para garantir a promessa, os deuses ordenaram a criatura a selar o acordo com as próprias mãos que ficaram marcadas nas rochas. As marcas na rocha, chamadas de oni-no-tegata, estão guardadas até hoje no Santuário Morioka, enquanto o oni habita um lugar desconhecido nas montanhas e cumpriu sua promessa de nunca mais atormentar o povo local.

Essa é apenas uma das inúmeras lendas contadas na província de Iwate. “Iwa” quer dizer “pedra” e “te”, mão. O nome da província, portanto, muito provavelmente vem dessa história de fé que atravessou gerações. Fé, aliás, que tem fundamento na exuberante natureza local, formada por fenômenos extremos da natureza, como erupções vulcânicas e tremores da terra. Nesta edição, o GUIA JP te leva para uma viagem pelas belezas da província de Iwate. Embarque com a gente!

Costa dramática

O Japão é um país em que mar e montanha convivem harmoniosamente, formando belos recortes que podem ser apreciados em passeios de carro ou a pé pela recortada costa de Iwate. O ponto mais conhecido é Jodogahama, a Praia da Terra Pura. Trata-se de uma série de formações de rochas vulcânicas no mar, a poucos metros de distância de uma praia de areia e cascalhos quase brancos. Cobertas de pinheiros, as rochas se assemelham a um jardim japonês, esculpido cuidadosamente pelas mãos da natureza. As águas gélidas são excelentes para mitigar o calor do verão, mas mesmo em outras épocas do ano a vista atrai visitantes de todo o país.

Jodogahama, uma das mais belas praias do Japão

De Jodogahama para o norte, fica a região de Kitayamazaki com seus precipícios à beira-mar, de alturas entre 150 e 200 metros. São oito quilômetros de belas vistas ao longo da costa, com três observatórios principais. A visão é de tirar o fôlego! É possível caminhar entre os observatórios através de trilhas, além de haver uma escadaria íngreme que leva ao nível do mar. Partindo do pequeno porto próximo à estação de Shimanokoshi, é possível tomar um barco e fazer um passeio para apreciar as belezas dos desfiladeiros de um ponto de vista privilegiado.

Não muito distante do litoral, entre Jodogahama e Kitayamazaki, fica a Ryusendo, considerada uma das três mais belas cavernas do Japão. Estudada desde os anos 1920, a formação é, na verdade, um grande complexo com cerca de 3 mil metros de extensão montanha adentro. Visitantes podem se aventurar por até 700 metros na caverna de águas azuladas que formam alguns dos mais límpidos lagos do Japão. A área interna é muito bem iluminada. Estalactites e estalagmites podem ser vistas e, com sorte, você pode até encontrar o inofensivo morcego-orelhudo, uma espécie endêmica da região.

Já em Kuji, ao norte, próximo da divisa com a província de Aomori, é possível encontrar uma das mais interessantes tradições marinhas japonesas: as amas, mergulhadoras que pescam mariscos e ouriços-do-mar. As profissionais conseguem mergulhar sem equipamentos de respiração até uma profundidade de 10 metros. Em lances rápidos, que envolvem um olhar bem apurado, as amas coletam cerca de 10 ouriços no minuto em que permanecem mergulhadas. De julho a setembro, elas se apresentam ao público no Centro das Amas em Kosode. Depois da apresentação, é possível provar as iguarias por elas pescadas.

Ryusendo: aventura montanha a dentroPatrimônio da Humanidade

Patrimônio da Humanidade

O Japão é um país com diversas localidades tombadas como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. No entanto, o reconhecimento internacional nem sempre se converte em fama. É o que ocorre com Hiraizumi, uma pacata cidade no Sul, bem próxima da fronteira com a província de Miyagi.

No início do século 12, quando Kyoto já era uma consolidada capital no oeste do Japão, o dominante clã Fujiwara decidiu apostar em Hiraizumi como a “sede do norte” dos seus domínios. Não foi por muito tempo, já no final dos anos 1100 o clã Minamoto, que se tornaria a primeira casa xogunal do Japão, derrotou os Fujiwara e Hiraizumi foi esquecida. No entanto, inúmeras relíquias e construções da época sobreviveram ao tempo e fazem da cidade um dos melhores destinos de turismo histórico do Japão. A área também é um convite para quem gosta de passear de bicicleta, exceto no inverno, quando a neve toma conta.

O Chusonji é o centro da área preservada de Hiraizumi. Fundado no século 9, o templo budista da escola de Tendai ganhou importância durante o século 12, quando foi um grande complexo. Com a guerra entre os Fujiwara e os Minamoto, a maioria dos prédios foi destruída. No entanto, mais de 3 mil artefatos sobreviveram, além do Konjikido, um salão coberto de ouro, tão impressionante quanto o conhecido Kinkakuji de Kyoto.

Uma visita ao Konjikido vai além disso. Com diversas construções espalhadas pela floresta, o espaço ganha caras diferentes ao longo do ano com a mudança das estações. No outono, as folhas das árvores decíduas deixam tudo pintado de vermelho e amarelo, fazendo do Chusonji um dos cenários mais belos do Japão na estação das frutas. Com o cair da tarde, a iluminação especial do Koyo Ginga, um festival que é organizado anualmente do final do outono até a segunda semana de novembro, embeleza ainda mais o espetáculo da natureza.

Terra Pura: o paraíso segundo os budistas no Motsuji
Terra Pura: o paraíso segundo os budistas no Motsuji

Não muito distante do Chusonji fica o Motsuji, outro templo budista que foi importante durante o período de dominância do clã Fujiwara. Apesar de ter sofrido o mesmo nível de destruição que seu vizinho mais famoso, o Motsuji também merece a visita, em especial por causa do Jardim da Terra Pura, um dos poucos remanescentes deste estilo de paisagismo que foi popular durante os séculos 11 e 12. São jardins que reproduzem o paraíso do ponto de vista do budismo e garantem uma caminhada tranquila e reflexiva.
A uns 30 minutos de pedalada do Motsuji fica o Takkoku no Iwaya, um pequeno templo encravado na rocha com mais de 1200 anos de história. O local cheio de lendas e dedicado a guerreiros de diferentes épocas é um dos mais belos da cidade histórica.

Takkoku no Iwaya, templo encravado na pedra
Takkoku no Iwaya, templo encravado na pedra

Novo salário mínimo no Japão

Valor muda conforme a província

 

Todo dia 1º de outubro, o Japão adota um novo valor para o salário mínimo. Apesar de parecer pouco, o valor divulgado pelo governo representa um aumento anual recorde de aproximadamente 3,3%.

O valor médio subiu ¥ 31, de ¥ 930 para ¥ 961 por hora de trabalho. O reajuste é anual, analisado por um comitê com base na inflação do período entre outros fatores.

No entanto, o valor anunciado fica longe da meta anunciada pelo governo, de aumentar o salário mínimo médio para ¥ 1.000 ou mais.

O salário mínimo teve um aumento de 3% em 2021, de ¥ 902 para ¥ 930.
Em 2020 foi pior. O salário mínimo médio aumentou apenas ¥ 1, valor irrisório causado pela pandemia do Coronavírus, segundo as autoridades financeiras.
Cada província tem um salário mínimo diferente, de acordo com o custo de vida e outros fatores.
Por lei, nenhum empregador pode pagar aos funcionários menos que os valores definidos em cada província.
Novo valor
Desde o início de outubro, o salário mínimo mais alto é o de Tóquio, ¥ 1.072.
Já o menor salário mínimo é o de ¥ 853, pago nas províncias de Akita, Aomori, Ehime, Kagoshima, Kochi, Kumamoto, Miyazaki, Nagasaki, Okinawa e Saga.
Cada província define seu valor do salário (Foto (Nick Kwan)
Confira a seguir o valor do novo salário mínimo por província, em ordem alfabética:
Aichi: 986 ienes
Akita: 853 ienes
Aomori: 853 ienes
Chiba: 984 ienes
Ehime: 853 ienes
Fukui: 888 ienes
Fukuoka: 900 ienes
Fukushima: 858 ienes
Gifu: 910 ienes
Gunma: 895 ienes
Hiroshima: 930 ienes
Hokkaido: 920 ienes
Hyogo: 960 ienes
Ibaraki: 911 ienes
Ishikawa: 891 ienes
Iwate: 854 ienes
Kagawa: 878 ienes
Kagoshima: 853 ienes
Kanagawa: 1.071 ienes
Kochi: 853 ienes
Kumamoto: 853 ienes
Mie: 933 ienes
Miyagi: 883 ienes
Miyazaki: 853 ienes
Nagano: 908 ienes
Nagasaki: 853 ienes
Nara: 896 ienes
Niigata: 890 ienes
Oita: 854 ienes
Okayama: 892 ienes
Okinawa: 853 ienes
Osaka: 1.023 ienes
Quioto: 968 ienes
Saga: 853 ienes
Saitama: 987 ienes
Shiga: 927 ienes
Shimane: 857 ienes
Shizuoka: 944 ienes
Tochigi: 913 ienes
Tokushima: 855 ienes
Tóquio: 1.072 ienes
Tottori: 854 ienes
Toyama: 908 ienes
Wakayama: 889 ienes
Yamagata: 854 ienes
Yamaguchi: 888 ienes
Yamanashi: 898 ienes
Fonte: NHK, Kyodo

 

Novidade: Acompanhamento pedagógico no Projeto Sakura!

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Você, pai e mãe, fiquem aqui que a conversa é com vocês hoje!

Você sabe o que é acompanhamento pedagógico? É uma forma de identificar possíveis defasagens educacionais no seu filho e desenvolver estratégias de ensino individualizadas para ele a fim de facilitar a aprendizagem! O acompanhamento pedagógico pode acontecer tanto se o seu filho estudar em escola brasileira, quanto na japonesa, desde que ele tenha entre 07 e 13 anos.

O acompanhamento pedagógico pode ser recomendado principalmente para crianças com dificuldade de aprendizagem e também para pais que não conseguem (seja por falta de tempo ou por dificuldade com a língua) auxiliar seus filhos nas tarefas de casa e estudos.
As dificuldades de aprendizagem, por sua vez, podem estar relacionada aos fatores culturais, cognitivos e até mesmo emocionais do aluno, ou seja, qualquer um pode precisar, e reconhecer isso não significa que seu filho é inferior às demais crianças.

Há inúmeros benefícios comprovados do acompanhamento pedagógico personificado no rendimento escolar de crianças e adolescentes que moram fora do país, alguns deles são:
Melhorias no desempenho do educando, por meio da detecção das suas necessidades e como superá-las.

Ampliação da autoconfiança do estudante, para que ele acredite em seu potencial de aprender com seus colegas.

Contribui para a identificação das alterações comportamentais, podem ser diferentes questões, como, por exemplo ‘bullying’, dificuldade nos estudos, dentre outros, que influenciem no bem-estar do estudante.

Aproxima os pais da escola através do contato constante entre família, educando e instituição escolar.

Auxilia em dificuldades específicas, mediante a análise e elaboração de estratégias de ensino individualizadas.

Revigora o gerenciamento do tempo de estudo, com a ajuda de estímulos e hábitos de estudo e planejamento.

Possibilita a compreensão de disciplinas complexas, por metodologias e abordagens pedagógicas diferentes que auxiliem na aprendizagem.

Agora, vamos conhecer as profissionais que estão realizando esse trabalho no Projeto Sakura:

M.a. Juliana M. da Rosa Elia
Pedagoga, formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) no ano de 2018 e Mestra em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

M.a. Gabrielli C. Rabitch
Pedagoga pela Universidade Federal do Paraná (2018), com especialização em Autismo pela CBI of Miami (2020), Mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR (2022) e graduanda do curso de Psicologia pela Universidade Positivo.

Lembrando que o acompanhamento pedagógico, assim como a psicoterapia, tem direito a uma primeira sessão sem custo! Se você identificou alguma dessas dificuldades de aprendizagem no seu filho, não espere mais e entre em contato com nossa equipe para agendar uma consulta!

“Manda nudes”: reflexão sobre o sexting

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A influência da virtualidade na vida das pessoas é uma realidade que se apresentou desde o advento da internet e intensificou-se com sua popularização. Nesse sentido, todos os campos da vida das pessoas foram de alguma forma afetados, e não seria diferente com a sexualidade. Isso significa que aquilo que entendemos como virtual se incorpora como componente da sexualidade (off-line), havendo uma nova configuração das possibilidades de explorar o prazer sexual sobretudo por meio das redes sociais e aplicativos de bate papo.

Assim, os efeitos (positivos ou negativos) do sexting irão depender do uso (ético ou não) que se faz desse recurso. Sabemos que existem riscos relacionados à violação de privacidade, como vazamento proposital de nudes em redes sociais, grupos que podem ocasionar bullying cibernético. Também é sabido que muitas crianças e adolescentes têm acesso a aparelhos telefônicos que acabam sendo um canal para tais práticas. Isto posto, é importante que pais e responsáveis por crianças e adolescente consigam conversar sobre sexualidade responsável, conhecendo os riscos e benefícios de modo consciente, através de uma educação sexual que promova autonomia e consciência para lidar com tais situações.
Com relação ao uso positivo e ético desse recurso, podemos seguir princípios de segurança, consensualidade e de saúde.

A segurança se daria em relação à parceria sexual a que se destinam esses conteúdos– namorada(o), companheira(o)–, não mostrando partes do corpo (rosto, tatuagem, piercing) que possam ser identificadas.

O consenso tem a ver com a vontade e receptividade da pessoa destinatária em receber. Aqui vale se perguntar: ela gostaria/quer receber o meu conteúdo sexual? Se não, não insista, pois o que era uma brincadeira em que ambos estavam gostando pode se transformar em uma coisa chata e muitas vezes doentia, beirando ao assédio.

Quando tratamos o sexo de modo responsável, qualquer recurso pode contribuir para obtenção de prazer sexual. Quem não lembra do antigo “138”, em que era possível conversar com pessoas por telefone? Assim como os contos eróticos em revistas, até a utilização de redes sociais como Hepen, o ser humano consegue sempre criar usos. Penso que as questões que importam são independentes da materialidade (aplicativos, smarfones), mas se referem ao respeito e a não resumir o outro a um objeto sexual de fetichização.

Um último aspecto que podemos refletir se refere à substituição das práticas sexuais presenciais pelas virtuais. Inibições, vergonha, ansiedades são alguns dos muitos motivos que podem fazer com que algumas pessoas utilizem as redes para não entrar em contato pessoal.

Por conseguinte, o uso do sexting, embora tenha muitos pontos positivos, pode tornar-se nocivo quando for a única forma de vivenciar a sexualidade. Prejuízos sociais como perder compromissos ou comprometer áreas importantes da vida, assim como entrar em um processo cíclico que gera sofrimento podem ser sinais de que essas práticas, assim como outras, estejam sendo vivenciadas de uma forma não muito saudável.

Dessa forma, cabe observar como é a relação estabelecida com essa prática. Se perceber que há algo de repetição, abra o olho. Fora os adendos de cuidados éticos, de respeito à parceria sexual, é importante poder olhar para essas práticas como fonte de saúde e bem-estar, pois sexo é bom e todos temos direito ao “bom gozo”.

 

Francis Deon Kich é psicólogo (CRP 07/031647) do Projeto Sakura.