O Japão é formado por mais de 4 mil ilhas. Quatro delas são consideradas as principais: Hokkaido, Kyushu, Honshu e Shikoku. Entre essas duas últimas fica o Mar Interior de Seto, com suas águas cor de esmeralda e um clima ameno, que traz semelhanças com o Mar Mediterrâneo, entre a África e a Europa.
As belezas naturais da região sempre atraíram turistas para os litorais das ilhas principais do Mar de Seto. Mas, desde os anos 1990, um novo movimento começou a se formar em torno de museus e eventos de arte. Começou em Naoshima, uma das ilhas mais desenvolvidas na região e se espalhou pela vizinhança. Instituições se envolveram e museus de arte contemporânea de ponta foram construídos nas ilhas. Além disso, uma série de obras de nomes importantes do Japão e do exterior pipocaram na região, a partir de eventos como a Trienal de Arte de Setouchi e por outras iniciativas. Saiba o que esperar de cada uma das ilhas de arte.
O começo de tudo
A mais famosa das três ilhas fica a cerca de 15 minutos de barca do Porto de Uno, na província de Okayama. Naoshima foi a pioneira no processo de incorporar elementos de arte como forma de atrair turistas e reduzir a dependência da atividade industrial.
Aqui fica o Museu Benesse House, num prédio projetado pelo arquiteto japonês Ando Tadao, no alto de uma colina. O elegante espaço traz obras de artistas como Sugimoto Hiroshi, Jennifer Barlet, Andy Warhol e outros. No espaço fica ainda um hotel, um restaurante, um café e, claro, a lojinha do museu. No entorno do Benesse House, entre a colina e a praia, ficam obras a céu aberto que podem ser vistas gratuitamente.
O Museu de Arte Chichu fica numa construção semi-subterrânea, também projetada por Ando Tadao. A ideia por trás do projeto é repensar a relação entre a sociedade e a natureza. Por isso, a construção foi pensada para causar o mínimo possível de impacto no ambiente natural da ilha.
Além do emaranhado de caminhos que leva até as galerias, o espaço trazem obras de Claude Monet, James Turrell e Walter de Maria. No Chichu, o visitante é convidado a ter uma experiência diferente com as obras, de forma integrada ao espaço de exibição.
A alguns minutos de caminhada do Chichu fica o Museu Lee Ufan, dedicado ao artista coreano que foi radicado no Japão por algumas décadas. Lee é um dos maiores nomes da cena contemporânea de arte japonesa, considerado o fundador do movimento Monoha, cuja proposta é explora a relação entre as coisas e o espaço.
O conceito fica muito claro na própria construção do museu, também projeto de Ando Tadao. Nas galerias, uma coleção bem selecionada de obras faz um excelente mergulho no trabalho do Lee.
Arte na vila
Além dos museus, Naoshima tem uma série de obras de arte espalhadas pela ilha. Uma boa parte delas fica em casas localizadas em Honmura, uma vila de pescadores, a poucos minutos de Miyanoura, o porto com maior movimento de passageiros da ilha.
São seis casas e um santuário, todos com intervenções pensadas e executadas por diferentes artistas. As casas ficam à pequena distância umas das outras e visitar todas elas é uma excelente oportunidade para ter uma ideia de como é a vida na ilha. O casario é de beleza excepcional e moradores são simpáticos com visitantes. Na área, também existem restaurantes e cafés, visita-los é uma forma de movimentar, também, a economia local.
Antes de sair batendo de casa em casa, não deixe de ir até o Honmura Lounge & Archive, um espaço onde os bilhetes para todas as casas — com exceção da Kinza — são vendidos. Além dos tíquetes individuais (USD 4), um passaporte para as seis das sete casas também pode ser adquirido por cerca de 10 dólares. As reservas da casa Kinza devem ser feitas e pagas online. Já o acesso à Minamidera é limitado e, por isso, você já deve garantir a sua senha assim que comprar o passaporte.
SERVIÇO
Como chegar?
Naoshima fica a cerca de 15 minutos do Porto de Uno, de barca. Para chegar até o porto, o Shinkansen da linha Tokaido leva até Okayama. De lá, embarque num trem da linha Seto Ohashi até Chayamachi e, de lá, faça a baldeação para a linha Uno até a estação terminal. Em alguns horários, trens de Okayama vão diretamente para Uno.