Empatia: linha divisória entre pessoas saudáveis e psicopatas

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Não desejamos causar sofrimento às pessoas, essa é a linha divisória entre pessoas saudáveis e não saudáveis, como os psicopatas. Mesmo assim, magoamos, somos magoados, prejudicamos e somos prejudicados. O que explica esse movimento involuntário de causar dor?

Na grande parte das vezes, isso ocorre por confusão da nossa própria mente. Quando ferimos alguém e quando nos sentimos feridos estamos vinculados a expectativas e medos que desencadeiam o sofrimento. Isso pode ser visto a partir das relações amorosas, por exemplo. Há dois universos individuais, mas desejamos que ele seja um e costumamos confundir nossos desejos e expectativas amorosas com as dos nossos parceiros, quando não ocorre essa convergência nós sofremos e costumamos entender que o outro é culpado pelo nosso sofrimento, quando na verdade ele é nosso.

Através da meditação Loving Kindness cultivamos essa abertura para entender o sofrimento como parte da condição de todos nós, e a partir dessa consciência, poder lidar com o nosso sofrimento de modo a não acrescentar mais dor a ele. Além disso, ampliamos a visão para enxergar o sofrimento do outro e agir com a intenção de ajudá-lo a superar, ou seja, nos tornamos mais compassivos.

Nós temos esse impulso natural de querer ajudar alguém que está em sofrimento, mas se estamos preparados para ajudar, por que não o fazemos? A causa principal para não agirmos de acordo com a nossa natureza compassiva é o nosso autocentrismo. O egoísmo é muito presente e estimulado na sociedade contemporânea, assim, focados em nossos próprios objetivos perdemos visão coletiva e a colaboração é afetada negativamente.

Por essa razão, a neurociência social, um novo campo neurocientífico que estuda os circuitos neurais da interatividade humana, demonstra que os circuitos neurais padrão nos conduz a ajudar, porque quando notamos a outra pessoa, automaticamente sentimos o que ela sente. Esses são os recém-descobertos neurônios espelho.

Contudo, se estamos concentrados em nós mesmos, nos nossos problemas, nas nossas preocupações, não enxergamos o outro de modo algum, e isso é antinatural e limita exponencialmente nossa sensação de bem-estar.

A indicação atual no campo da meditação laica ou secular é que possamos cultivar a calma individual, condição indispensável para dissipar as confusões mentais, o que se dá através do Mindfulness. Mas também precisamos cultivar os aspectos amorosos e gentis através da meditação Loving Kindness, aquela que amplia a nossa visão coletiva permitindo que a saúde floresça, já que é a empatia que nos difere dos maquiavélicos e psicopatas.

 

Viviane Giroto

Especialista em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Sciences et Techniques du Corps – ISRP – Paris, France

Ph.D. em Psicologia pela UFRJ

https://vivianegiroto.com.br/

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