As fases do luto

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A vida é inconstante, cheia de incertezas, imprevistos e contratempo. Por mais que tentamos ou achamos que temos controle sobre as coisas, a grande verdade é que não temos controle sobre quase nada. A morte está aí para nos mostrar isso, que tudo é finito e que todos nós estamos aqui de passagem. Mas por mais que tenhamos a certeza de que um dia a morte chegará, vivemos ignorando este fato como forma de nos proteger de futuros sofrimentos e, consequentemente, quase nunca estamos prontos para lidar com ela. No entanto, quando algum conhecido, amado, amigo ou familiar morre, nos deparamos com a dor de perder alguém querido e o luto é a consequência desse sofrimento.

O que muitas pessoas não sabem é que o luto é uma vivência importante para o processo de elaboração e aceitação das perdas. É uma forma da pessoa conseguir lidar com a dor de perder algo ou alguém amado e querido. O luto não só acontece mediante o falecimento de alguém, ele também pode acontecer quando se rompe um relacionamento, quando se perde um vínculo afetivo ou o trabalho, por exemplo.

A pessoa em luto costuma entrar em um estado de recolhimento, ficando mais retraída, introspectiva, triste, tendo crises de choro, se recusando a sair de casa, não aceitando a situação ou perdendo o interesse em atividades que antes amava. Ela também pode cometer excessos como consumir muita bebida alcoólica, dormir demais, comer demais ou quase não se alimentar ou então não expressar nenhum sentimento se mantendo “fria” mediante a situação. Dessa forma, ela pode sentir um conjunto de emoções e expressá-las de maneiras diversas, pois cada pessoa reage e lida com o luto de maneira singular, dependendo da sua personalidade, experiências de vida e capacidade de lidar com as emoções. Cada pessoa vai ter a sua maneira e tempo para lidar com o luto.

No entanto, para nos ajudar a compreender o processo do luto, a psiquiatra suíça-americana, Elisabeth Kübler-Ross, descreveu o que ela chamou de cinco fases no luto, sendo elas: negação, raiva, barganha ou negociação, depressão e aceitação.

Na negação, a pessoa nega que o outro morreu, ela não acredita nem quer acreditar na possibilidade de ter perdido um ente querido, então ela rejeita a realidade.

Na fase da raiva, surgem sentimentos negativos como angústia, desespero, medo, culpa, frustração e raiva. A pessoa costuma ficar mais agressiva e manifestar a raiva por meio de atitudes autodestrutivas, como beber exageradamente ou brigar com as pessoas.

Na barganha ou negociação, a pessoa enlutada negocia consigo mesma ou com Deus algo que possa fazer para a pessoa amada voltar, mesmo tendo consciência da impossibilidade disso, ela alimenta esse pensamento para consolar a si mesma. Pensamentos como “e se eu tivesse feito isso” ou de “se eu fizer X coisa, posso reverter a situação” fazem parte desta fase.

A quarta fase, a depressão, a pessoa é acometida por um grande sofrimento, se apegando à dor causada pela partida do ente querido. Na última fase do luto, a aceitação, a pessoa compreende a sua nova realidade e consegue conviver pacificamente com a perda. Neste momento, o enlutado consegue se lembrar da pessoa que partiu com carinho e ser grato por ela ter participado de sua vida.

Essas fases do luto não são lineares e podem acontecer em ordens diferentes, mas é importante a pessoa passar por elas e viver o seu luto para não ter de viver em luto pelo resto vida. Então respeite o seu processo, respeite o processo do outro, as nossas dores levam tempo para cicatrizar.

Juliana Fernanda de Barros é psicóloga (CRP 06/11635) do Projeto Sakura desde 2016.

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