Chaves para o sucesso
Natural de Taubaté, interior do estado de São Paulo, Robson Kazuo Amano, 38 anos, é casado e pai de um casal de filhos.
Morador de Toyohashi (Aichi), está no Japão há 20 anos.
Nesse tempo, já exerceu muitas profissões. Atualmente é programador, empresário e um visionário.
Confira nesta entrevista exclusiva, um pouco da trajetória do ganhador do Brazil Startup Pitch 2023.
GUIA: Você chegou aproximadamente com 18 anos ao Japão. O que fazia no Brasil?
ROBSON: Eu trabalhava como pizzaiolo.
GUIA: E no Japão, já trabalhou em quais áreas?
ROBSON: Comecei trabalhando na linha de montagem em fábrica de autopeças. Mas aí fui para o ramo alimentício. Fiz arubaito em pizzaria, depois fui pizzaiolo e, por fim, gerente de pizzaria. Hoje sou um empreendedor de TI (desenvolvimento de software).
GUIA: Você também se define como programador. O que faz um programador?
ROBSON: Um programador é uma pessoa que desenvolve sistemas de computador, escreve códigos. Há também a definição de Desenvolvedor de Software, que é uma pessoa que desenvolve sistemas de computador, mas também é responsável por todo o processo de desenvolvimento, desde a concepção até a entrega do produto final. Isso vai desde entender o problema, definir a solução, desenvolver, testar, documentar, entregar e dar manutenção.
GUIA: Quando e por que decidiu empreender?
ROBSON: Foi um processo natural. Desde que nasci meus pais já trabalhavam com comércio. Então cresci em meio a isso. Nossa família veio de um passado de dificuldades, o que me fez ter uma visão diferente sobre valores e prioridades. Acho que isso me ajudou a ter uma visão mais empreendedora.
Quando vim para o Japão, trabalhei em várias áreas, mas sempre tive interesse em tecnologia. Na pizzaria, com o passar do tempo, fui assumindo mais responsabilidades na empresa e comecei a aplicar meus conhecimentos em tecnologia para resolver alguns problemas. Foi assim que tudo começou.
Atualmente, o meu maior incentivo para empreender é poder criar oportunidades para outras pessoas também empreenderem, seja criando seu negócio ou entrando em empresas como a minha.
GUIA: Aproveitando a deixa, fale sobre sua empresa.
ROBSON: Ela se chama SmartBit inc (スマートビット株式会社). Foi fundada em 2014 e nosso principal objetivo é ajudar empresas a crescerem usando a tecnologia.
GUIA: Agora vamos falar sobre o Brazil Startup Pitch. Qual o projeto que você apresentou que ganhou a maioria dos votos?
ROBSON: Ele se chama ezHaken (https://ezhaken.jp/). A explicação desse nome é a seguinte: ez é uma abreviação de easy, que significa fácil em inglês. E Haken é uma abreviação de Hakengaisha, que significa empreiteira em japonês.
GUIA: Pode dar detalhes sobre o projeto?
ROBSON: O ezHaken é um sistema de gestão de pequenas e médias empreiteiras. Atualmente ele possui a funcionalidade central que é de gestão de contratos de trabalho temporário e algumas funcionalidades secundárias: gestão de funcionários, gestão de documentos, gestão de clientes, captação de currículos de candidatos e notificações automáticas.
Em breve teremos novas funcionalidades: gestão de pagamentos, gestão de yukyu (férias), gestão de horas extras, gestão de horas trabalhadas, gestão de horas de treinamento e gestão de pedidos de adiantamento de salário (vale).
GUIA: Parece bem completo. E como surgiu a ideia?
ROBSON: Quando eu estava dando suporte a uma empreiteira. O responsável me explicou as dificuldades e os desafios que ele tinha para gerenciar a empresa e que isso aumentaria e dificultaria o crescimento da empresa.
Eu sabia que existiam sistemas para isso, mas que eram muito caros e que não atendiam às necessidades da empresa. Então pensei em desenvolver um sistema que atendesse a essas necessidades e que fosse acessível para pequenas e médias empresas.
Comecei a estudar as leis e regulamentos que regem o trabalho temporário no Japão e parti para o desenvolvimento do sistema.
GUIA: O projeto já existe ou está apenas em estudo?
ROBSON: O sistema vem sendo desenvolvido há mais de 4 anos e foi lançado em 2022. Atualmente, temos uma empresa que usa o sistema e mais duas em processo de implantação.
Temos 3 planos para melhor atender nosso cliente: de 30, 50 e 100 funcionários, cujos valores são diferentes.
GUIA: Entre 5 concorrentes, você foi o vencedor. O que achou do resultado?
ROBSON: Fiquei muito feliz, uma vez que participei sem nenhuma expectativa de ganhar. Conheço o trabalho da J1 há anos e sempre admirei. Então, somente por ter sido convidado para participar já foi uma grande honra.
GUIA: Como prêmio, você recebeu aporte de crédito de marketing oferecido pela J1Seeds no valor de ¥200.000 e um prêmio em dinheiro de ¥100.000. Já sabe como usá-los?
ROBSON: Sim. Com certeza. Vou usar para melhorar o sistema e na divulgação dele.
GUIA: Você foi muito bem no pitch e acabou no tempo exato. Qual sua dica para fazer um bom pitch, já que teremos novas edições do Brazil Startup e as pessoas podem usar como modelo?
ROBSON: Levando em conta que não me preparei direito para o pitch, não sei se posso ser uma boa referência (risos). Mas acho que o mais importante é ter uma boa apresentação, que seja clara, objetiva e ficar de olho no cronômetro.
Ter um bom conhecimento do seu produto e do mercado também é importante.
GUIA: Gostaria de deixar uma mensagem para a J1 e os patrocinadores do evento?
ROBSON: Este tipo de evento fomenta o empreendedorismo e a inovação no Japão, o que é muito importante para revelar novos talentos e novas empresas. Continuem com o ótimo trabalho.
GUIA: Para finalizar, você poderia deixar uma mensagem para o empreendedor brasileiro no Japão?
ROBSON: São várias as dificuldades que um empreendedor enfrenta no Japão.
Mas acredito que o aprendizado contínuo e a persistência são as chaves para o sucesso.