O Budismo surgiu na Índia e logo se expandiu pelo Oriente, especialmente na China, Japão e Tibet. Seus fundamentos foram formulados pelo primeiro Buda, Sidarta Gautama, que nasceu no ano 623 a.C. O objetivo dos ensinamentos deixados por Buda é superar o sofrimento, dukka, também traduzido como insatisfatoriedade. Essa insatisfação ocorre, sobretudo, porque nos apegamos àquilo que nos faz bem e sofremos terrivelmente quando perdemos o que nos mantinha em condições satisfatórias.
Por essa razão, costuma-se dizer que o desejo seria a causa do sofrimento, mas na verdade é o apego, ou seja, atribuímos valor a uma situação que nos faz feliz e, consequentemente, passamos a temer a dissolução desse contexto favorável. Essa alternância entre alegria e tristeza permeia toda a nossa existência.
Para superar o sofrimento, segundo o budismo, precisamos ter a experiência de si, que se dá de forma mais profunda e sensível através da meditação. A prática meditativa nos leva a conquistar maior liberdade em relação aos nossos próprios condicionamentos, abrindo caminho para a transformação dessa experiência de um lugar menos vulnerável. Esse lugar nos permite reconhecer a interdependência e a impermanência de todos os acontecimentos e de todos os seres, de modo a nos reposicionar com mais criatividade e (auto) compassividade em relação a eles.
O autoconhecimento como forma de autotransformação aproxima o budismo da psicologia e, por essa razão, são muitos os estudos* que tratam dessas similaridades.
Por exemplo, ambos os campos de saberes estão ligados às práticas, entendidas como meios de intervir na realidade, de modo a encontrar formas mais efetivas para lidar com os problemas.
A premissa de que é mais importante a maneira com que lidamos com os fatos, do que os fatos em si, corresponde aos objetivos desses dois campos de saberes distintos.
Nesse sentido, busca-se em ambas as abordagens práticas, formas mais espontâneas e menos rígidas de experenciar a vida, ampliando a visão de si e do horizonte existencial.
Mesmo considerando as diferenças, podemos afirmar que tanto a meditação quanto a psicologia buscam a redução do sofrimento através do autoconhecimento, visando a transformação e a conquista de uma existência mais livre.
*Sobre a aproximação entre a psicologia ocidental e o budismo ver Mark Epstein.