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A ocasião faz o profissional

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A ocasião faz o profissional

Entramos no penúltimo mês do ano e em um momento que, ao que tudo indica, a vida começa a voltar à normalidade. Começamos a traçar nossas perspectivas e objetivos para 2022 cheios de esperança e munidos da grande experiência que os dois últimos anos nos proporcionou.

Nossos jovens, em especial os que estão terminando o ensino médio, anseiam por suas cerimônias de formatura ao mesmo tempo em que sentem-se inseguros sobre os passos que darão daqui para frente. Seja seguindo os passos de seus pais ou trilhando um caminho totalmente novo, esse é o momento de planejar antes de decidir.

Aliás, “planejamento” foi a palavra chave da 5ª Feira de Educação que realizamos no último dia 7 de outubro. Praticamente todos os convidados a interagirem com os estudantes das escolas brasileiras situadas em nossa jurisdição frisaram a importância do planejamento para continuar os estudos. E temos que concordar que o planejamento é fundamental também para a formação da poupança familiar, para o sucesso de empreendimentos, para a solidificação da carreira profissional e até mesmo para adquirirmos bens com segurança financeira.

Por isso, gostaria de destacar a importância do planejamento de investimento em educação superior e profissionalizante por parte de nossos jovens e de seus responsáveis. Ao organizar a Feira, percebemos o grande interesse de universidades e outras instituições educacionais em ter os estudantes brasileiros como seus futuros alunos. Essa demanda vem acompanhada de vagas direcionadas a esses estudantes, bem como de exames de admissão diferenciados e facilitados. É fato que essas instituições, em sua maioria particulares, visam lucro com novos alunos. Uma matéria, que tem como fonte a Kyodo News e que foi repercutida em diversas mídias japonesas no final de setembro, relatou que novas matrículas em cursos de quatro anos em 46,4% das universidades privadas japonesas foram menores do que a quantidade de vagas oferecidas. A diminuição populacional e a impossibilidade de ingresso de estudantes intercambistas vindos do exterior são atribuídas na matéria como prováveis causas para a queda nos números.

Considerando que momentos de crise são transformados em oportunidade por visionários, essa, talvez, represente a ocasião ideal para os estudantes brasileiros no Japão se capacitarem nas modalidades técnicas e/ou universitárias a fim de garantir o ingresso no mercado de trabalho formal em um futuro próximo.

Sabemos da seriedade do problema que o declínio da taxa de natalidade causa à sociedade japonesa. Há mais de uma década que o país vem sofrendo com a diminuição de sua população. Com isso, o mercado de trabalho sofre com a falta de mão de obra em todos os setores e, portanto, além dos trabalhos braçais, cada vez mais o Japão necessitará de profissionais especializados em todas as áreas. Nossos jovens têm todas as condições para ocupar essas vagas de agora em diante.

Aproveitar a oportunidade que está a nossa frente, planejar o investimento em educação e traçar objetivos claros podem ser o caminho para a realização dos sonhos de nossos estudantes e a chance de a comunidade brasileira atingir um patamar de prestígio dentro da sociedade japonesa, assim como aconteceu com os imigrantes japoneses no Brasil.

 

João de Mendonça Lima Neto

Cônsul-Geral do Brasil em Tóquio.

Assumiu o Consulado-Geral do Brasil em Tóquio em fevereiro de 2018.

Graduou-se em filosofia e economia pela Universidade de Sofia nos anos 70 e serviu como diplomata na Embaixada em Tóquio nos anos 90.

Como Embaixador, serviu em Hanoi e Abu Dhabi e como diplomata em Paris, Assunção, Londres e Xangai.

Seu hobby é fotografia.

Publicou vários livros e textos.

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