Trata-se de um transtorno neurológico de causas genéticas que, até pouco tempo, acreditava-se tratar de uma questão exclusiva da infância, com tendência a desaparecer espontaneamente durante a adolescência. Porém, atualmente sabe-se que frequentemente poderá acompanhar o indivíduo por toda a vida. O que caracteriza o TDAH é a combinação de três tipos de sintomas (desatenção, hiperatividade e impulsividade), podendo variar de leve a grave de acordo com a intensidade dos mesmos, sempre tendo início quando criança (a partir de 7 anos de idade). Infelizmente, muitos profissionais desconhecem a existência do TDAH em adultos, e ao serem procurados por estes pacientes, tendem a tratá-los como se tivessem outros problemas (de personalidade, depressão, ansiedade ou drogas, por exemplo). Quando há realmente um outro problema associado, o médico só diagnostica este último e “deixa passar” o TDAH.
Pessoas com TDAH têm problemas em manter o foco, se distraindo constantemente – especialmente se está lendo ou ouvindo por obrigação –; têm dificuldade em organizar e planejar atividades diárias, principalmente em decidir o que fazer primeiro, pois acabam assumindo vários compromissos e não sabem por onde começar; e muitas vezes, por medo de não conseguirem dar conta de tudo, acabam deixando trabalhos incompletos para iniciar outra atividade, esquecendo-se de voltar ao que começaram anteriormente. Têm também uma propensão a perder objetos; se irritam com tarefas monótonas e repetitivas; ao longo de um diálogo começam a falar antes do fim da pergunta ou de uma resposta, como aquela pessoa que não consegue ficar calada na hora certa; podem ser vistas como “supersinceras”, ou inconvenientes, interrompendo a conversa e fazendo comentários desnecessários, além de apresentarem um comportamento impulsivo, (falam e agem sem medir consequências para, instantes depois, se arrependem) e alterações rápidas de humor.
É uma condição que pode afetar seriamente a qualidade de vida em todos os setores, seja na área afetiva, social, acadêmica ou profissional. O TDAH do adulto nada mais é do que a continuação do TDAH na infância, ou seja, cresce sendo rotulado, apelidado e criticado e, deste modo, uma autoimagem negativa vai se solidificando dentro dele. É comum que se sintam limitados, não conseguindo se desenvolver, fato que costuma desencadear baixa autoestima, insegurança, impotência, depressão, ansiedade e abuso de substâncias como álcool e drogas.
Fica clara, portando, a necessidade de buscar profissionais especialistas no assunto para diagnóstico e tratamento do transtorno, que pode incluir medicamentos, em casos mais graves, ou manejo de atividades, a fim de lidar com todas os sintomas e melhorar o planejamento e organização do seu tempo, obtendo sucesso profissional e social.
Vanessa Lima é psicóloga (CRP 08/27797) graduada pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), tem pós-graduação em Gestalt Terapia pelo Instituto Gestalt de Curitiba.