Por que meditar?

Leitura obrigatória

Talvez você se faça essa pergunta porque, provavelmente, tem ouvido falar bastante sobre meditação atualmente.

De fato, a meditação é uma novidade para nós ocidentais porque a nossa cultura não tem essa prática disponível, nem na tradição familiar ou religiosa, nem nos hábitos e costumes sociais.

Mas a cultura da meditação é muito antiga, temos registros arqueológicos em argila de pessoas meditando em lótus, de 3000 anos antes de Cristo, encontrados na região da Índia. Em lugares como Japão, China, Índia, Nepal, Vietnã e Tailândia, por exemplo, o ato de meditar faz parte da cultura, e é passado de geração a geração pela família e pelas tradições religiosas, especialmente Budismo, Taoísmo e Hinduísmo.

A tradição religiosa ocidental é representada principalmente pelo cristianismo e nesta tradição, o ato de meditar foi perdendo seu espaço ao longo dos anos, embora alguns santos católicos como São Thomas de Aquino, Santo Agostinho e Santa Teresa D’avila, utilizavam a meditação em suas práticas de oração contemplativa.

A descoberta da meditação como forma de encontrar o bem-estar, no entanto, é recente, e estabelece relação direta com a ciência. Há cerca de 35 anos, alguns cientistas resolveram investigar a meditação e se surpreenderam com os resultados satisfatórios que ela apresenta. O médico americano Jon Kabatt Zin é um dos precursores dessas descobertas, quando desenvolveu um protocolo científico com meditação para a redução de stress em pacientes com dor crônica. As revelações favoráveis à meditação apresentadas nesse estudo chamaram a atenção da comunidade científica que, desde então, envolve-se cada vez mais com pesquisas que exploram a atividade meditativa, buscando, sobretudo, atestar seus benefícios para a saúde geral e a melhora da qualidade de vida.

A meditação mais usada no Ocidente é a Meditação Mindfulness, ela tem origem nos fundamentos filosóficos deixados por Buda e sua aplicação não apresenta vinculação religiosa. A prática consiste em permanecer em silêncio durante alguns minutos diários, sem interagir com os pensamentos e direcionando a atenção para um foco, chamado de âncora atencional, para onde dirigimos a atenção toda vez que nos distraímos do momento presente. A âncora atencional pode ser a respiração, o tato, a audição, a visão, enfim, os sentidos que nos ancora no momento presente.

Dentre os principais benefícios de Mindfulness, podemos destacar: a) calma, desenvolvemos a habilidade de estabelecê-la e, a partir dela, regulamos várias funções e emoções; b) controle da ansiedade, tanto para preveni-la, quanto para tratá-la; c) foco, toda a atenção plena treinada durante a prática vai para a vida, melhorando nossa atenção, concentração e memória; d) bem-estar psicológico, porque aprendemos na meditação a regular nossas emoções, tornamo-nos menos impulsivos e ganhamos espaço para escolher a melhor resposta emocional.

Mas o principal benefício da prática de Mindfulness, segundo a ciência, é a lucidez. Costumo brincar que o Buda se iluminou e que nós encontramos a gambiarra da iluminação através da meditação. A lucidez nos permite lidar com os fatos e situações com muito mais clareza, sem esforço, porque ganhamos visão para lidar com qualquer situação.

Como veem, são muitos os benefícios. Aprender a meditar é, portanto, uma prática que todos merecem incorporar em suas vidas.

 

Viviane Giroto

Especialista em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Sciences et Techniques du Corps – ISRP – Paris, France

Ph.D. em Psicologia pela UFRJ

https://vivianegiroto.com.br/

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