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Lula defende a paz entre Rússia e Ucrânia

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Lula defende a paz entre Rússia e Ucrânia

Tema foi um dos vários discutidos no G7

 

Foram 9 reuniões bilaterais, 3 sessões oficiais da cúpula do G7 e encontros com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização das Nações Unidas (ONU) e o Grupo de Notáveis Brasil-Japão, formado por conglomerados empresariais do Japão.

Este é o balanço oficial da participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no G7, realizado entre os dias 19 e 21, em Hiroshima.

O G7, grupo de sete das economias mais avançadas do mundo, reúne EUA, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão. O Brasil e outros sete países participaram como convidados do evento.

 

Líderes do G7 em Hiroshima (Foto: Ricardo Stuckert)

 

A estrela do encontro foi o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que fez uma viagem surpresa à cúpula, chegando um dia antes do esperado. Era previsto um encontro entre ele e o presidente brasileiro, que acabou não acontecendo.

Veja, a seguir, um resumo da entrevista coletiva de despedida do presidente Lula do Japão.

Vinícius Jr.

Lula começou o discurso expressando solidariedade ao jogador de futebol brasileiro Vinícius Jr., negro que foi vítima de abuso racial durante uma partida em Valência, entre o time da casa e o do brasileiro, o Real Madrid.

¨É inaceitável que o preconceito racial ainda exista no século 21, especialmente nos estádios de futebol pela Europa. A FIFA, a liga espanhola e outras ligas devem tomar medidas para impedir que o fascismo e o racismo se espalhem na comunidade futebolística¨, determinou.

Preservação das florestas

Ao participar do G7, o presidente disse que cumpria uma tarefa que havia estabelecido quando era candidato à presidência do Brasil. Após deixar a presidência em 2010, o destaque internacional do Brasil diminuiu. Mas para ele, o Brasil está se recuperando e voltando a desempenhar um papel ativo nos assuntos internacionais.

O Brasil está comprometido em combater as mudanças climáticas e se comprometeu a alcançar o desmatamento zero na Amazônia até 2030. O país também está passando por uma transição energética profunda e é o maior produtor de eletricidade limpa do mundo, com 87% da energia proveniente de fontes renováveis.

Em agosto, o Brasil sediará uma reunião com oito países amazônicos para discutir e desenvolver uma política unificada para a região. Está agendado um encontro com a Indonésia para discutir a questão do desmatamento na floresta do Congo. Lula salientou que é essencial levar a sério a preservação dessas florestas e cumprir os compromissos assumidos em conferências climáticas internacionais.

Ele disse: ¨O Brasil está disposto a preservar a floresta amazônica e oferecer ao mundo tranquilidade. Preservar a Amazônia é um dever e uma responsabilidade do povo brasileiro, e o Brasil pode oferecer ao mundo uma chance de combater as mudanças climáticas e distribuir riqueza para os mais pobres.¨

 

Lula durante coletiva (Foto: Ricardo Stuckert)

 

Ainda nesse quesito, Lula criticou as decisões tomadas nas reuniões do G7, lembrando que muitas vezes há mais retórica do que ação, e que os países frequentemente não cumprem os acordos climáticos. Ele sugeriu uma governança global forte para garantir o cumprimento e punir os países que não cumprem.

¨É importante levar a questão das mudanças climáticas a sério e entender que todos estamos no mesmo planeta. Os mais pobres sempre pagarão o preço, mas se quisermos salvar o planeta, todos precisamos trabalhar juntos¨, advertiu Lula.

Conselho de Segurança da ONU

Lula defendeu o multilateralismo, em oposição ao que chamou de ¨blocos antagônicos¨, e de mudanças no Conselho de Segurança da ONU.

Para o presidente, não faz sentido conclamar os países emergentes a contribuir para resolver as crises múltiplas que o mundo enfrenta sem que suas legítimas preocupações sejam atendidas, e sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global. ¨Sem reforma de seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes, a ONU não vai recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século 21¨, declarou numa das sessões.

O Conselho, cuja missão principal é manter a paz e a segurança internacional, tem cinco membros permanentes, China, França, Rússia, Reino Unido e EUA; e dez não permanentes, eleitos para mandatos de dois anos, mas apenas os membros permanentes têm poder de veto em resoluções.

¨O Conselho encontra-se mais paralisado do que nunca. Membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime¨, disse Lula.

Novas moedas

Um jornalista japonês pediu mais informações sobre as críticas do presidente ao uso apenas do dólar em comércio internacional.

 

Reunião do G7 (Foto: Ricardo Stuckert)

 

Lula aproveitou e falou da relação econômica com a China, o principal parceiro comercial do Brasil. O presidente sugere criar condições para realizar negociações comerciais com as moedas dos países envolvidos, já que ele acredita que depender do dólar para realizar transações no exterior não é viável.

Ele destacou: ¨Pequenos empresários muitas vezes preferem fazer negócios em dólar, em vez da moeda de seus países. Isso destaca a necessidade de os países negociarem a criação de uma nova moeda para fins comerciais¨.

O maior parceiro comercial do Brasil na América do Sul é a Argentina, que está enfrentando dificuldades devido a uma seca que destruiu 25% de sua produção agrícola, e o Brasil está discutindo como pode ajudar o vizinho.

¨Os bancos do BRICS têm o potencial de criar uma nova moeda se puderem criar as condições políticas e econômicas adequadas¨, avaliou Lula.

Caças e dinheiro para a Ucrânia

Na coletiva, Lula não poupou o presidente americano, Joe Biden, criticando as falas do líder defendendo a guerra.

Durante o G7, os EUA anunciaram o aval para que países aliados cedam caças americanos F-16 à Ucrânia, o que até então era restrito.

Embora nenhuma oferta de caças tenha se confirmado até agora, é algo visto como avanço significativo na frota aérea de Kiev, que conta com aviões militares da era soviética.

Ao mesmo tempo, existe o temor de que isso possa escalonar ainda mais a guerra. A Rússia já afirmou que países incorrerão em ¨riscos colossais¨ se decidirem ceder caças F-16 à Ucrânia.

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou também o 38° pacote militar americano à Ucrânia, com mais US$ 375 milhões. Ele afirmou que o G7 compartilha um ¨resoluto compromisso de apoiar o corajoso povo da Ucrânia¨.

Encontro frustrado

Nos últimos meses, Lula foi alvo de críticas dos EUA e da União Europeia por suas declarações sobre a Ucrânia, incluindo a fala de que ¨a decisão da guerra foi tomada por dois países¨.

O presidente está pressionado por países ocidentais a adotar uma postura mais crítica à Rússia.

Por isso, o encontros entre Lula e Zelensky era um dos mais aguardados do G7, o que não aconteceu.

Questionado se ficou decepcionado com a ausência do encontro, Zelensky afirmou que o desapontamento seria, na verdade, de Lula. ¨Eu me encontrei com quase todos os líderes. Mas todo mundo tem seu próprio calendário, motivo pelo qual acho que não pudemos nos encontrar com o presidente brasileiro¨, declarou.

Mas parece que a história não é tão simples assim.

Segundo informações da jornalista Patrícia Campos Mello, quem havia pedido a reunião foi o líder ucraniano.

Primeiro, o cerimonial do presidente ucraniano pediu uma bilateral às 18h de domingo e a equipe do presidente Lula concordou. Então, os ucranianos entraram em contato mudando o horário para as 17h e, de novo, os brasileiros concordaram.

Mais tarde, nova mensagem da equipe de Zelensky, afirmando que só poderia às 15h. O presidente Lula já tinha encontros bilaterais marcadas com o secretário-geral da ONU, António Guterres, os líderes do Vietnã e de Comores, além de uma delegação de empresários japoneses nesse horário. Mas, mais uma vez, Lula ajeitou a agenda e disse que poderia realizar o encontro.

Lula atendeu os três compromissos, mas Zelensky não chegou para o encontro.

Na coletiva, Lula resumiu: ¨Zelensky simplesmente não chegou¨.

Guerra e paz

A busca da paz entre Rússia e Ucrânia foi o principal assunto abordado na coletiva.

Na visão de Lula, é importante parar a guerra antes que qualquer plano de paz possa ser discutido. Assim, o Brasil está disposto a se reunir com os dois lados. ¨Ambas as partes precisam querer a paz e, então, as negociações podem começar¨, avaliou.

 

Lula se encontra com Joe Biden (Foto: Ricardo Stuckert)

 

Embora o Brasil não tenha uma posição neutra e condene a invasão, o governo brasileiro não acredita que a entrega de mais armas para a Ucrânia seja a solução. O presidente acredita que ambas as partes precisarão se comprometer e negociar para encerrar o conflito. ¨Ambos estão convencidos de que vão vencer a guerra, mas a negociação pela paz é o único caminho para a vitória¨, defendeu Lula.

Também mencionou a necessidade de uma mudança na forma como as Nações Unidas trabalham para lidar melhor com os conflitos.

Negociar a paz é necessário para evitar qualquer resultado catastrófico. Nesse sentido, Lula cobrou novamente mudanças no Conselho de Segurança da ONU, que para ele, carece de legitimidade e representação. Lula foi taxativo: ¨Sem um conselho forte, guerras como a da Ucrânia continuam acontecendo. É necessário dar mais representatividade e legitimidade ao Conselho para manter a paz no mundo.¨

O Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos e o principal produtor de proteína animal do planeta, mas mesmo assim tem 33 milhões de pessoas passando fome. Essa é a preocupação principal do governo brasileiro. ¨Minha guerra é acabar com a fome no Brasil e garantir que o povo brasileiro tenha empregos, salários e uma economia estável¨, finalizou o presidente Lula.

Se você ficou interessado nos assuntos abordados, veja mais detalhes no vídeo abaixo.

 

 

Fontes: Agência Brasil e BBC

 

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