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O poder da compaixão

A ciência tem nos evidenciado que o cultivo da compaixão é a chave para o contentamento. As principais descobertas referem-se à ativação de um composto químico no cérebro, ligado à euforia, cada vez que praticamos a compaixão.

Quando você sente compaixão por alguém, imediatamente você recebe o sentimento de compaixão em si mesmo. Diferente do que se imagina, quando agimos em direção a aliviar o sofrimento de alguém, a conexão que se estabelece é a do amor, não da dor.

Isso porque a qualidade da conexão se aprofunda nesta situação, quando nos desgrudamos de nós mesmos e, neste ponto, criamos espaço para a alegria se manifestar. Sempre que ficamos muito felizes ocorre isso, nos esquecemos de nós por um tempo.

O sentido da vida torna-se mais claro e abundante quando agimos com gentileza, porque não há nada mais importante do que nos sentirmos importantes. Por isso a compaixão é muito mais do que dar, ajudar, ela pressupõe um entendimento comum da nossa condição humana, que é o sofrimento e o desejo de encontrar a felicidade.

Centros de pesquisas como o da “Compaixão e altruísmo” da Stanford University, (http://ccare.stanford.edu/), desenvolvem há décadas pesquisas relativas ao papel do altruísmo e da compaixão no desenvolvimento do comportamento humano. O que esta nova ciência tem revelado, é que esses valores compõem a nossa natureza humana, são partes verdadeiras de quem somos.

A compaixão é entendida no contexto de cunho religioso há muito tempo, estando muitas vezes associada a um tipo de bondade não disponível na vida real, como uma pessoa santa, por exemplo. A base moral para viver e agir em um mundo compassivo, contudo, exige firmeza e também luta; quando olhamos para madre Teresa, Martin Luther King e Dalai Lama, não temos a imagem de indivíduos fracos, estes são indivíduos poderosos, profundamente compassivos, mas bem poderosos.

O compromisso para se combater injustiças pressupõe uma base moral interna forte e sustentável, que dá a firmeza e a coragem necessárias para agir compassiva e austeramente ao mesmo tempo, uma base ética. A meditação, como projeto de educação emocional, passa pela ética da compaixão.

 

Viviane Giroto

Especialista em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Sciences et Techniques du Corps – ISRP – Paris, France

Ph.D. em Psicologia pela UFRJ

https://vivianegiroto.com.br/

Violência Psicológica: O que é e como identificar

Recentemente, no dia 01 de julho de 2021, o Plenário do Senado aprovou o PL 741/2021 que trata do projeto de lei que inclui no Código Penal Brasileiro o crime de violência psicológica contra a mulher. A pena atribuída a quem causar dano emocional à mulher será de reclusão de seis meses a dois anos e o pagamento de multa. Mas o que é violência psicológica? E por que a importância de tornar a violência psicológica um crime?

A violência contra a mulher não tem fronteiras e ocorre independentemente de idade, raça, etnia, classe social e religião. A violência psicológica é uma das formas mais comuns de violência contra a mulher e, infelizmente, muita mulheres a vivenciam sem perceber e se dar conta do que está acontecendo. A violência psicológica, muitas vezes, é subestimada por ser velada e silenciosa, mas deixa marcas profundas na autoestima e saúde mental das mulheres, limitando a sua capacidade de autonomia. Existem várias formas e modos de violência psicológica, e compreender quais são e suas consequências para a vítima é um modo de prevenção e alerta para as mulheres, uma vez que a violência psicológica é tão perversa quanto a física e frequentemente é o primeiro passo que levará a outros tipos de violência.

Segundo a lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), a violência psicológica é “entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima, ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento, ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões” por meio de “ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”.

Apesar de a lei Maria da Penha definir o conceito de violência psicológica, o que já foi um avanço, ela não era considerada crime, por isso da importância desta proposta legislativa – PL 741/2021 – ser aprovada. Pois até hoje, as mulheres encontram dificuldades para registrar a prática de violência psicológica nas delegacias, já que ela não estava prevista no Código Penal. Com a aprovação desta lei, a mulher não precisará exibir marcas no corpo para comprovar que foi vítima de uma violência, pois além da violência física, a violência psicológica também será considerada crime.

Se o seu parceiro ou parceira te humilha, manipula, ofende, menospreza, ridiculariza, tem ciúme excessivo e quer te controlar, você pode estar sendo vítima de violência psicológica. Se ele diz frequentemente que “isso é coisa da sua cabeça” ou “você é doida”, você pode estar sendo vítima de violência psicológica. Baixa autoestima, estresse, ansiedade e depressão são alguns dos efeitos que a violência psicológica provoca nas mulheres.

Muitas vezes não é fácil identificar a violência psicológica e sair de um relacionamento abusivo, por isso, a ajuda de um psicólogo é essencial na identificação e, sobretudo, na superação deste ciclo de violência.

 

Psicóloga
Juliana Fernanda de Barros
CRP 06/11635
Psicóloga do Projeto Sakura desde 2016.

Projeto Sakura – Atendimento psicológico no Japão

www.projetosakura.com.br

O empreendedorismo brasileiro

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Olá, sou o Embaixador João de Mendonça, Cônsul-Geral do Brasil em Tóquio, e gostaria de falar um pouco sobre empreendedorismo.

O brasileiro é um povo naturalmente empreendedor. O medo de inovar e de se lançar no mercado não faz parte do temperamento de nossos compatriotas. Basta olhar a quantidade significativa de empresas e companhias que surgem todos os anos no Brasil. Digo isso com base em minha experiência profissional na carreira diplomática, na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI – e, mais recentemente, à frente de nosso Consulado-Geral do Brasil em Tóquio.

Na minha atual passagem pelo Japão, tenho visto muitos exemplos de brasileiros que obtiveram sucesso apesar de enfrentarem grandes adversidades, a começar pela língua. Não é novidade para ninguém que o mercado consumidor japonês é caracterizado pela sua alta exigência em termos de qualidade. Justamente por isso, um produto bem aceito pelo consumidor japonês tem grande chance de fazer sucesso em outros países. O caminho inverso, no entanto, não é verdadeiro, ou seja, produtos bem vendidos em outros países muitas vezes não conseguem boa aceitação no Japão.

Algumas características marcam nossos nacionais que aqui foram bem-sucedidos. A primeira que gostaria de destacar é a persistência e a confiança no potencial de seus negócios. Inserir-se em qualquer mercado consumidor leva tempo e, por isso, sujeita o empreendedor às oscilações naturais da economia. Assim, é natural que em algumas fases a empresa prospere mais do que em outros períodos. Daí a importância de se criar um fundo de reserva, capaz de manter o negócio funcionando durante os meses de maior retração das atividades.

A segunda característica presente em todos os empresários bem-sucedidos é a permanente abertura ao novo: tanto em termos relacionados à inovação de seus produtos quanto no que diz respeito à capacitação técnica pessoal. Ao se lançar no mercado, não é raro que o empreendedor perceba não dominar uma série de conhecimentos básicos a respeito dos quais só veio a tomar ciência no dia a dia de seu negócio. Os empresários de sucesso demonstram uma alta capacidade de contínuo aprendizado, buscando sempre familiarizar-se com técnicas, termos, produtos e métodos que, aplicados à sua empresa, farão diferença positiva em favor de sua competitividade.

Ciente de que informação e capacitação são dois lados de uma mesma moeda, em minha gestão do Consulado-Geral em Tóquio tenho buscado fomentar o estudo, o treinamento técnico e o espírito empreendedor de nossos nacionais. Assim, dei início a uma série de mesas-redondas com empresários locais que, a cada edição, conta com empresários grandes e pequenos, estabelecidos e iniciantes, além de incluir mulheres empreendedoras. Ao contar um pouco de suas trajetórias e retirar dúvidas, os empresários participantes inspiram jovens empreendedores aspirantes. Os eventos servem ainda para a troca de experiências e “networking” entre os palestrantes e o público.

Outra inciativa importante é a série de programas em formato de “live”, denominada “Fale com o Cônsul-Geral”. A cada edição do programa, recebo um convidado especial para tratar de temas de interesse da comunidade brasileira. Em mais de uma ocasião, debati com especialistas sobre a questão da capacitação técnica e do aprendizado da língua japonesa, buscando estimular e ressaltar a importância do permanente estudo. Sobre cursos de treinamento técnico, o posto lançou em sua página do Facebook uma lista de diversos cursos gratuitos ou de baixo custo para capacitação profissional. Todos voltados ao público estrangeiro. A iniciativa foi realizada em parceria com a ABC Japan e com o Conselho de Cidadãos de Tóquio e pode ser acessada em https://www.facebook.com/ConsuladoemToquio/photos/a.716090865111091/3995394990513979/

Sei que na atualidade, a crise sanitária global, afetou negativamente as atividades econômicas do Brasil e de outros países. No entanto, ao mesmo tempo em que o contexto atual representa um desafio, pode se transformar em uma oportunidade de negócio caso o empreendedor tenha uma boa ideia, confiança em seu negócio e abertura para novidades. Desejo a todos muito sucesso em suas trajetórias empresariais e coloco nosso Consulado-Geral em Tóquio à disposição para o que puder ajudar nesse sentido.