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Água que tsuru não bebe

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É incontestável: os japoneses preferem a cerveja à sua bebida nacional, o saquê. Não é novidade. Quase sempre gelada, a loira tomou de assalto o paladar dos bebuns de todo o planeta e no Japão não seria diferente. Acontece que o saquê japonês não está deixando barato: do mesmo modo que ocorre no Brasil com a cachaça, os produtores tradicionais estão em ponto de reação.

Em todo o país, têm surgido pessoas motivadas na intenção de resgatar o consumo do saquê e de outras variedades de bebidas alcólicas japonesas e elas são unânimes na conclusão de que um dos motivos pelos quais muitos japoneses, em especial os jovens, não consomem esses produtos é a falta de conhecimento.

O aumento no consumo da bebida ainda tem sido considerado tímido. Porém, a badalação em torno do saquê vem aumentando nos últimos anos, não somente no Japão mas, também, no exterior. Só que ainda há pouca informação em português para quem quer aprender mais sobre a bebida, mesmo para quem vive aqui na Terra do Sol Nascente. Conheça esta bebida japonesa que carrega tanta história, tradição e, claro, uma boa dose de álcool.

Uma fábrica costuma produzir diferentes variedades de saquê (foto: Roberto Maxwell)

Muito prazer, saquê

Fora do Japão, sake (assim como sua versão aportuguesada ‘saquê’) virou o nome genérico pelo qual ficou conhecido o nihonshu, uma bebida feita de arroz que é o goró legitimamente japonês mais consumido fora da Terra do Sol Nascente. Fermentada, a bebida costuma ter entre 16 e 20 por cento de teor alcóolico, o mais alto nesta categoria etílica. Mas a família kokushu — nome usado pelos japoneses para as suas bebidas nacionais — é ainda maior.

Além do saquê/nihonshu, os japoneses produzem tradicionalmente o shōchū e o awamori. O primeiro é destilado e pode ser feito com diversos ingredientes: arroz, cevada, batata-doce, trigo sarraceno, açúcar mascavo e outros. O teor alcoólico fica entre 25 e 35 por cento, de acordo com o método de produção. Já o awamori, típico da província de Okinawa, é um destilado feito com um tipo específico de arroz, da espécie Oryza sativa, e tem entre 30 a 43 por cento de teor alcóolico.

Cada uma dessas variedades é um universo em si mesmo e merece uma reportagem só para ela. Por isso, aqui, a gente se foca no nihonshu que vai ser chamado simplesmente de saquê.

Produção

O arroz é a matéria-prima principal do saquê. Apesar de grande parte da produção da bebida usar a variedade do cereal que poderia estar num prato de comida, os saquês de alta qualidade são feitos com um tipo de arroz especial chamado genericamente de sakamai. Ele difere do gohan (arroz japonês) nosso de cada dia por conter uma versão maior do shinpaku, uma reserva de amido que fica no centro do grão de arroz.

Além do amido, o grão de arroz contêm gorduras e proteínas que tendem a evitar que a bebida seja mais frutada e aromática. Por isso, o maior desafio na fabricação de saquês de alta qualidade é se ver livre de substâncias consideradas pouco nobres. Nesse caso, as diversas variedades de sakamai levam vantagem porque, com o amido concentrado no meio do grão, basta polir o arroz até retirar o máximo possível da parte que é indesejada.

Saquês estão buscando aliar contemporaneidade e tradição estão ficando mais populares (foto: Roberto Maxwell)

Os saquês de alta qualidade são classificados pelo grau de polimento do arroz. Quanto menos do grão de arroz é utilizado na produção da bebida, mais frutado tende a ficar o sabor. Quando a bebida é produzida com 50% ou menos do grão de arroz, ela é chamado de daiginjō (lê-se ‘dai-guin-jô’) e é considerada de altíssima qualidade. Se a proporção usada do arroz fica entre mais de 50% e até 60%, a bebida ganha a classificação de ginjō (lê-se ‘guin-jô’). Não é o melhor de todos mas, ainda assim, é um goró de alta qualidade.

Onipresente bolor

Quando a gente se muda para o Japão, parece que descobre magicamente uma categoria de seres vivos que só tinha visto em desenhos animados: os bolores. Não que eles não estejam presentes no Brasil, muito pelo contrário. Acontece que temos tanto horror aos fungos que praticamente os desprezamos.

No Japão, essa categoria de organismos ganha um outro status. Dezenas de fungos comestíveis são utilizados nas refeições, por exemplo. Mas eles são apenas a ponta micológica do iceberg que é a cultura gastronômica japonesa. Daquele shoyu inocente que a gente usa para dar sabor no yakissoba até as sempre presentes conservas tsukemono, um sem número das comidas tradicionais do país é fermentada, ou seja, chega às nossas mesas depois da ação de algum fungo.

Grãos de arroz polidos, a “mancha branca” no interior é chamada de shinpaku (imagem: reprodução)

Em comum com o shoyu e o missô, o saquê tem o Aspergillus oryzae, um fungo conhecido em japonês como kōjikin. Apesar de ter sido trazido da China, essa espécie é tão importante para o Japão que ganhou o status de fungo nacional. Mas ela não atua sozinha na produção do saquê. Na verdade, o kōjikin tem uma função bem específica na fabricação da bebida. Ele é usado num processo chamado de sacarificação, ou seja, o momento em que o amido presente no arroz é transformado em açúcar. Para o processo de fermentação em si, no qual o açúcar é transformado em álcool, entra em ação as leveduras, uma outra categoria de fungos usada também na produção de cerveja. No saquê, esses dois processos acontecem ao mesmo tempo e, por isso, eles são chamados de fermentação múltipla paralela.

As etapas do processo

Na produção do saquê, o arroz é inicialmente polido e lavado. Em seguida, o cereal é imerso em água tempo suficiente para absorver cerca de 30% do seu peso. Depois, ele é retirado da imersão e cozido no vapor por cerca de uma hora. Somente após o cozimento que o kōjikin é aplicado. Leva cerca de dois dias para o arroz ser coberto pelo fungo num espaço de armazenamento com temperatura a cerca de 30 graus e umidade entre 50 e 80%. Neste primeiro passo, o arroz também é usado para a preparação do shubo, uma cultura-mãe de leveduras, altamente ácida, que tem ainda a função de exterminar os microorganismos nocivos que possam estragar o mosto de fermentação.

A preparação do arroz de koji é feita em salões com alta temperatura e umidade (foto: Roberto Maxwell)

Este preparo é feito em três estágios. Inicialmente, é colocada uma pequena proporção do arroz cozido puro, do arroz inoculado com o kōjikin (arroz de kōji), da levedura e da água. Dois dias depois, uma porção um pouco maior de água, arroz cozido e arroz de kōji é acrescida. Por fim, no quarto dia, uma parte maior desses três últimos ingredientes é colocada. A fermentação ocorre por entre três e cinco semanas, numa temperatura que varia entre 8 e 18 graus. Quanto menor a temperatura, maior é o tempo necessário para a fermentação. O saquê que é fermentado por mais tempo fica menos ácido e, dependendo das condições do arroz utilizado, tende a ficar com um aroma e sabores bem frutados.

O produto desse processo de fermentação é chamado de moromi, o mosto do saquê. Depois da fermentação, o moromi passa por um processo de filtragem por pressão. A massa é colocada em sacos de pano e pressionadas por uma máquina ou a mão (em produções bem artesanais) para a separação entre partes líquida e sólida. A massa formada pelo arroz que não se desintegrou na etapa anterior é chamada de sakekasu e contêm cerca de 8% do seu peso em álcool. O sakekasu é considerado altamente nutritivo e pode ser consumido puro ou usado em receitas e para fazer conservas de legumes. Ele também costuma figurar como matéria-prima para fazer o shōchū.

Álcool adicionado

Antes da separação do moromi, é possível adicionar álcool à mistura. Só de curiosidade, vale contar que boa parte do aditivo vem do Brasil. De um modo geral, essa adição extra não tem como função aumentar o teor alcoólico da bebida. A ideia, em especial em produtos de alta qualidade, é realçar os sabores e aumentar o tempo de vida útil da bebida.

Os saquês que não recebem adição de álcool são chamados de junmai, ou seja, ‘puro arroz’ e costumam ser mais valorizados no mercado. Mas a dose extra de álcool não quer dizer a bebida foi batizada e que, por isso, sua qualidade se torna automaticamente inferior. Tudo vai depender da maestria do produtor na alquimia dos sabores.

Usando um tecido um pouco mais grosseiro, é possível filtrar menos o moromi, deixando passar mais substância sólida para o líquido. Este saquê, de cor esbranquiçada e parecendo um leite meio ralo, é chamado de nigorizake. Quando o nigorizake é vendido sem pasteurização ele ganha o nome de kassei seishu (algo como saquê ativo) e é rico em leveduras vivas e enzimas.

Depois do primeiro processo de filtragem, a bebida passa por decantação. O líquido fica em repouso em temperatura baixa e, com isso, as partículas misturadas se assentam no fundo do recipiente. Para garantir uma coloração cristalina, o processo de filtragem pode ser repetido outras vezes e até substâncias como o tanino de caqui ou o carvão ativado podem ser usadas com este fim. Para encerrar, o saquê é pasteurizado, uma forma de esterilizá-lo e bloquear a ação de enzimas que possam lhe alterar o sabor.

Saquês em taças de vinhos: melhor forma de sentir aromas e sabores mais frutados (foto: Roberto Maxwell)

No entanto, alguns fabricantes reservam uma parte da produção do ano para ser comercializada em pasteurização. Essa bebida é chamada de namazake (saquê fresco). O saquê não pasteurizado costuma ter um sabor mais refrescante e precisa ficar conservado em geladeira. Por isso, em muitos casos, o namazake nem chega a ser vendido fora da própria fábrica.

Finalizando, a bebida passa por um processo de maturação, entre seis meses e um ano, para refinar o sabor e o aroma. De um modo geral, o nihonshu é produzido logo depois da colheita do arroz, no final do outono e no inverno, para que passe a primavera e o verão em maturação até ser colocado à venda.

Em nenhuma das etapas, o saquê usa qualquer tipo de insumo de origem animal. Isso quer dizer que a bebida é totalmente vegana. Agora, é hora de escolher a sua tacinha e fazer o seu brinde com o saquê. Kanpai!

Prefeituras realizam pagamento integral da ajuda financeira

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Muitas administrações já fizeram o depósito

 

Em meados de novembro, o governo do Japão aprovou um programa de ajuda financeira para crianças e adolescentes de até 18 anos de idade, cuja renda anual do principal mantenedor seja inferior a 9,6 milhões de anos.

Segundo o projeto, serão ¥ 100 mil que poderão ser pagos de três maneiras:  ¥ 50.000, ou cerca de 440 dólares, em dinheiro, seguido pela metade restante em cupons; duas parcelas de ¥ 50.000 em dinheiro; e ¥ 100.000 pagos inteiramente em dinheiro. As gestantes com o parto previsto para até 31 de março de 2022 também terão direito ao dinheiro destinado ao bebê.

Os partidos de oposição exigem que as doações sejam oferecidas inteiramente em dinheiro, porque a distribuição de metade do apoio em cupons deve aumentar os custos administrativos em cerca de 90 bilhões de ienes, ou cerca de 800 milhões de dólares. O dinheiro que seria economizado poderia ser usado ​​para ajudar as pessoas que enfrentam dificuldades econômicas.

A maioria das prefeituras tem optado pelo pagamento total em dinheiro. É o caso de Toyokawa (Aichi). Em carta oficial encaminhada aos moradores, e também publicada no informativo municipal, o pagamento será nesta segunda-feira, 27. E o valor será depositado integralmente em dinheiro.

A província de Aichi tem 54 prefeituras. Na sexta-feira passada, 24, véspera do Natal, algumas cidades já efetuaram o depósito do valor integral ou parcial do benefício.
A prefeitura de Nagoia informou que realizou o depósito para 137.667 famílias, com filhos de até 15 anos, no valor de ¥ 50 mil. A segunda parcela será depositada em 21 de janeiro. Para as famílias com filhos no colegial (16 a 18 anos), as inscrições serão aceitas a partir de 5 de janeiro e os depósitos do valor integral serão a partir de 28 de janeiro.

 

Carta da prefeitura de Toyokawa (Foto: Cris Ezaki)

 

As prefeituras começaram a agendar as datas dos depósitos e quem já recebe o auxílio-infantil (o Jido Teate, conhecido como ajuda do leite), não será necessário fazer nenhuma inscrição. Quem não recebe o auxílio terá que se inscrever pelo correio ou diretamente no balcão da prefeitura.

Em Oizumi
No informativo de 10 de dezembro, a prefeitura de Oizumi, província de Gunma, havia comunicado que o pagamento do Subsídio Extraordinário às Famílias que Cuidam de Crianças (Rinji Tokubetsu Kyufukin) seria de ¥ 50 mil por criança.
Mas em nova carta distribuída para a população, isso foi alterado. ¨Levando-se em conta a dificuldade financeira da população por falta de serviço pela pandemia do Coronavírus, a cidade de Oizumi resolveu depositar de uma só vez, o valor de ¥ 50 mil mais o mesmo valor equivalente do cupom¨.
Comunicado de Oizumi (Foto: Divulgação)
Dessa forma, no dia 23, foi feito o depósito de ¥ 100 mil por criança, de uma só vez, na mesma conta bancária do Jido Teate.
Em Shiga
Segundo divulgou a NHK, as prefeituras de 19 municípios da província de Shiga irão efetuar o pagamento do valor integral até o final do mês. Nenhuma prefeitura irá usar a proposta dos cupons para pagar o benefício concedido pelo governo.
Por exemplo, as prefeituras de Kusatsu e Hikone fariam o depósito no dia 24, enquanto que Otsu será dia 27.

Orçamento recorde

O Parlamento do Japão promulgou na semana passada, um orçamento suplementar recorde de ¥ 36,0 trilhões (US $ 320 bilhões) para o ano fiscal de 2021, financiando parcialmente o mais recente pacote econômico.

O orçamento aloca ¥ 31,6 trilhões para o novo plano de estímulo do governo, com gastos fiscais totalizando um recorde de ¥ 55,7 trilhões. Do total, ¥ 18,6 trilhões são destinados a medidas para conter a disseminação do vírus e apoiar instituições médicas, incluindo ¥ 2,0 trilhões para ajudá-las a garantir mais leitos para pacientes com COVID-19.

 

Kishida cedeu à pressão dos Partidos de oposição (Foto: NHK)

 

Como uma medida política fundamental no pacote de estímulo, ¥ 1,2 trilhão serão para o programa do governo de doar ¥ 100.000 para as famílias que cuidam de crianças.

 

 

Fontes: Kyodo e NHK

 

 

Podcasters realizam Semana Podosfera Nipo-Brasileira

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Programação conta com painéis e oficina de podcast

 

De 6 a 11 de dezembro, o coletivo Podosfera Nipo-Brasileira vai realizar a ¨1ª Semana Podosfera Nipo-Brasileira¨. Serão diversas atividades para promover a mídia podcast na comunidade brasileira no Japão e conectar ouvintes e produtores. A iniciativa tem o apoio da Associação Brasileira de Podcasters (Abpod).

Ma o que é essa tecnologia? Podcast é um conteúdo em áudio, disponibilizado através de um arquivo ou streaming, que conta com a vantagem de ser escutado sob demanda, quando e onde o usuário desejar. Pode ser ouvido em diversos dispositivos, como smartphone e computador, o que ajudou na sua popularização.

 

Evento reúne podcasters do Japão (Foto: Cedida)

 

¨Através do podcast, o brasileiro no Japão pode adquirir novos conhecimentos, fazer amizades e ainda descobrir novas oportunidades de carreira¨, explica um dos organizadores do evento, Carlos Eduardo Rios Vilaronga, 42, idealizador da hashtag #podosferanipobrasileira.

Durante os seis dias de programação, tudo de forma online, haverá muitas crossovers, collabs, lives, entrevistas, oficina de podcast e painéis de discussão. Convidados do Brasil e do Japão irão interagir com os podcasters e promover debates sobre essa mídia que ganha cada vez mais espaço.

 

Vilaronga é um dos organizadores (Foto: Cedida)

 

O evento conta com o apoio cultural da Embaixada do Brasil no Japão, dos Consulados-Gerais do Brasil em Hamamatsu, em Tóquio e em Nagoia, além do patrocínio da Tecnoponta Treinamentos e Nabecast Podcasts & Multimídia.

Programação geral

Além dos encontros entre os podcasters, em lives e collabs, na sexta-feira, 10, e sábado, 11, os organizadores vão promover painéis e oficinas. Confira a seguira programação especial.

 

Oficina vai dar dicas de produção de podcast (Foto: Cedida)

 

Mais detalhes podem ser vistos no site oficial do coletivo Podosfera Nipo-Brasileira, clicando aqui.

PAINEL 01

Japão: Sexta-feira, 10 de Dezembro às 21h30.
Brasil: Sexta-feira, 10 de Dezembro às 09h30.
Tema: A evolução dos meios de comunicação.
Convidados: Alesse Nunes (Jornalista e pesquisador)
Transmissão: YouTube/nabecastjp e Twitch.tv/80bittv.

PAINEL 02

Japão: Sábado, 11 de Dezembro às 08h15.
Brasil: Sexta-feira, 10 de Dezembro às 20h15.
Tema: Mercado de Podcasts – Panorama e Perspectivas.
Convidados: Fred Fagundes e Bruno Balacó (Abpod – Associação Brasileira de Podcasters)
Transmissão: YouTube/nabecastjp e Twitch.tv/80bittv.

PAINEL 03

Japão: Sábado, 11 de Dezembro às 09h45.
Brasil: Sexta-feira, 10 de Dezembro às 21h45.
Tema: Podcasts e Oportunidades.
Convidados: Ira Croft (Mundo Freak) e Emerson Rios (Tecnoponta Treinamentos)
Transmissão: YouTube/nabecastjp e Twitch.tv/80bittv.

OFICINA DE PODCASTS

Japão: Sábado, 11 de Dezembro às 14h00.
Brasil: Sábado, 11 de Dezembro às 02h00.
Oficina nível básico, on-line e gratuita.
Informações e inscrições: t.me/vocetambempodcast.

PAINEL 04

Japão: Sábado, 11 de Dezembro às 19h45.
Brasil: Sábado, 11 de Dezembro às 07h45.
Tema: Podcasts e a mulher brasileira no Japão.
Convidada: Domenica Mendes, criadora e idealizadora do projeto #OPodcastÉDelas.
Transmissão: YouTube/nabecastjp e Twitch.tv/80bittv.

PAINEL 05

Japão: Sábado, 11 de Dezembro às 21h15.
Brasil: Sábado, 11 de Dezembro às 09h15.
Tema: Podosfera brasileira – Como tudo começou.
Convidado: Danilo Medeiros, criador do Digital Minds, o primeiro podcast do Brasil (Digital Minds)
Transmissão: YouTube/nabecastjp e Twitch.tv/80bittv.

 

 

Brasileiro luta pelo título do K-1

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¨Quero ser campeão e fazer a diferença¨

 

O feriado do próximo 20 de setembro marcará de vez a vida de Alan Vítor Kudo Soares, 31 anos. Vai ser a estreia do lutador de kickboxing no K-1 World GP Japan. O campeonato será disputado na Yokohama Arena, em Yokohama, e reunirá alguns dos melhores lutadores do mundo.

O brasileiro vai em busca do título do peso meio-médio. Para chegar ao topo, ele vai ter três lutas pela frente. A primeira será contra o japonês Rukiya Anpo. Vencendo, segue para a próxima fase, classificatória para a grande final.

 

Cartaz oficial do evento (Foto: Divulgação)

 

¨Sempre tive o sonho de lutar no K-1 e sei que é uma oportunidade que poucos lutadores têm¨, analisa Alan. ¨Será um torneio gigantesco, em que estarei lutando com os melhores. Vai ser um espetáculo que ficará eternizado¨, completa.

O nervosismo antes da luta serve como estímulo. ¨Treinamos para o momento do combate e quanto mais treino, mais seguro me sinto. Quando subo no ringue, passa tudo e sinto muita vontade de vencer¨, diz.

Retorno

Alan é lutador profissional há seis anos, mas ficou um ano e meio sem subir no ringue. Apesar do tempo de carreira, tem no currículo apenas 13 lutas, com 9 vitórias e 4 derrotas.

Nesse intervalo, decidiu ser instrutor. ¨A falta de profissionalismo de algumas pessoas me levou a ser treinador. E decidi fazer pelos meus amigos o que gostaria que fizessem por mim¨, relembra.

Mas o número de lutas foi aumentando e a falta de tempo o fez repensar a decisão. Com apoio do lutador Vitor Toffanelli e do empresário e campeão Danilo Zanolini, optou por voltar a lutar.

 

Luta no Hoost (Foto: Hoost Cup)

 

No retorno, dia 11 de julho, venceu o Hoost Cup Kings Nagoya9, um torneio de renome na Ásia e promovido por Ernesto Hoost, um ex-kickboxer holandês de origem surinamesa, quatro vezes campeão do K-1 World GP.

Com a vitória, Alan se animou e decidiu abrir mão de ser treinador para investir na carreira de lutador. ¨Agora estou focado na luta do K-1 e vivendo isso intensamente¨, garante o Sensei.

Motivação

A rotina dele é cansativa. Treina logo de manhã, depois trabalha na Academia Top-1, em Kani (Gifu), onde faz parte do staff e é professor, almoça, mais aulas e treino. Porém nada o desanima.

Alan acredita que como lutador, pode agregar várias coisas à vida pessoal e profissional. ¨É algo mais profundo e um teste para mim. O que mais motiva é isso, poder ver a reação e a vontade que gera nas pessoas¨, afirma.

 

Treino na academia (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Por influência da mãe, formada em Educação Física, sempre praticou esportes, como capoeira, Aikido e futebol. Mas foi no kickboxing que se encontrou. Nas poucas vezes que pensou em desistir, foi buscar no interior dele mesmo a resposta.

Sobre a estreia no K-1, sabe que é o início de uma longa caminhada, ou como ele mesmo diz, um pequeno passo. ¨O k-1 é só o começo de onde eu quero chegar. Quero fechar um contrato, que garantiria muitas portas abertas¨, afirma. ¨Quero ser campeão e fazer a diferença¨, completa.

Idas e vindas

Quem olha apenas o momento atual de Alan, pode pensar que foi fácil chegar a um dos maiores torneios de kickboxing do mundo, tendo voltado a lutar há apenas dois meses. Mas a caminhada foi longa.

Natural de Londrina, no estado do Paraná, ele veio ao Japão pela primeira vez aos 3 anos de idade. Junto com toda a família, foi morar em Seki (Gifu), mas ficava muito doente e apenas um ano depois, a mãe o levou de volta ao Brasil, onde ficou morando com uma tia.

Ficou lá até os 18 anos. Estudou, trabalhou, praticou esportes. Na 8ª série entrou para uma escola técnica, para cursar Informática Industrial. ¨Eu achava que adorava computador, mas vi que só sabia jogar¨, brinca. Só terminou aquele ano, saiu, foi trabalhar em uma gráfica, onde aprendeu mexer com o programa AutoCAD, utilizado em áreas como engenharia civil e mecânica, para o desenvolvimento de projetos e desenhos técnicos.

 

Dando aula na academia (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Ao completar 18 anos, se alistou para servir o Tiro de Guerra, mas como já estava com a passagem comprada para o Japão, foi provisoriamente dispensado. Quando voltasse ao Brasil, deveria se alistar novamente.

Chegou ao Japão pela segunda vez, aos 18 anos, para morar com a mãe em Inazawa (Aichi). Mas como precisava do Certificado de Reservista, após um ano teve que regressar ao Brasil. Pagou uma multa de 5 reais para não ser preso, se alistou de novo, aos 19 anos, e foi recrutado para servir ao Tiro de Guerra de Londrina. Concluída a obrigação, aos 20 anos de idade retornou ao Japão, novamente para Inazawa.

Descobrindo o kickboxing

Definitivamente no país, foi trabalhar em uma fábrica de autopeças. Um amigo que já havia treinado kickboxing na Academia BR Thai, de Danilo Zanolini, em Komaki (Aichi), o levou para conhecer o esporte. ¨Fiz um treino e me apaixonei. Tinha tudo que eu gostava. Comecei a pesquisar tudo sobre o assunto, os golpes, maneiras de aplica-los¨, relembra Alan.

A academia ficava há quase uma hora de onde ele morava. Mesmo assim, saía do trabalho e ia direto para o treino, três vezes por semana, na terça-feira, na quinta-feira e no sábado. Ficou um ano nessa correria. Depois de apenas três meses de treino, e com o apoio do primeiro sensei, Rui Uehara, fez a estreia no kickboxing. Venceu e se sentiu mais animado ainda: ¨Queria ter começado mais cedo a praticar essa arte marcial¨, reflete o brasileiro.

Em 2013, a família decidiu se mudar para Komaki, que facilitou para Alan treinar e se profissionalizar. Assim que conseguiu a faixa verde, de instrutor, passou a dar aulas na academia. Por 5 anos, trabalhava de yakin (período noturno) na fábrica e de manhã dava aulas de kickboxing.

Há dois anos, Zanolini o convidou para assumir a Top-1, academia em Kani (Gifu). Alan aceitou, se mudou para a cidade, e agora faz parte do staff e trabalha como professor. Não foi uma decisão fácil, porque ele teve que abrir mão de um ótimo salário que ganhava na fábrica. ¨Deu medo sim, mas nunca me arrependi dessa escolha. Gosto muito de ensinar e hoje não me vejo fazendo outra coisa¨, orgulha-se.

 

Pronto para o combate (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Depois de muito treino e suor derramado, há pouco mais de um mês conquistou a faixa preta de kickboxing. Hoje ele vive com o salário da academia e tem como propósito de vida mudar a imagem do kickboxing. Motivação para isso não lhe falta.

Essa mesma vontade é que fez Alan não fraquejar diante dos obstáculos. Ele, que sempre pediu muito a Deus, mas que sempre agradeceu, deixa uma mensagem para todos os brasileiros. ¨Tenha fé, nunca desista e acredita que você pode¨, aconselha o lutador.

Que finaliza: ¨Por mais difícil que seja, não deixe de sonhar e de acreditar. E esteja sempre pronto para quando a oportunidade chegar. Ela pode não acontecer duas vezes¨.

Serviço

K-1 World Grand Prix Japan

Local: Yokohama Arena

Data: 20 de setembro de 2021 (segunda-feira, feriado nacional)

Horário: a partir das 13h

Valor: os ingressos custam de ¥ 10 mil a ¥ 100 mil ienes

 

 

Tóquio vai reconhecer legalmente casais de minorias sexuais

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O governo metropolitano de Tóquio informou que planeja introduzir um sistema que reconheça parcerias envolvendo minorias sexuais a partir de novembro, ao revelar nesta terça-feira, 10, uma nova versão preliminar do projeto.

Para promulgar a política em novembro, um projeto de emenda à portaria existente sobre direitos humanos, que inclui referências ao sistema de parceria, será submetido à Assembleia metropolitana de Tóquio em junho, disseram autoridades do governo.

Pedido do reconhecimento será pela internet (foto: Gabriela Serralde/Pixabay)
O Japão não reconhece legalmente o casamento entre membros da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, mas muitas prefeituras e governos locais emitem certificações reconhecendo casais de minorias sexuais.

Tóquio será a nona entre as 47 províncias do Japão a introduzir alguma forma de sistema de parceria, após Aomori, Akita, Ibaraki, Gunma, Mie, Osaka, Fukuoka e Saga.

Online

O sistema não será limitado por nacionalidade, o que significa que cidadãos não japoneses que atendam aos requisitos também serão elegíveis.

Para solicitar o chamado ¨Sistema de Juramento de Parceria de Tóquio¨, ambos devem ser adultos e pelo menos um parceiro precisa ser de uma minoria sexual e residir ou trabalhar em Tóquio.

O governo da capital está considerando permitir que casais do mesmo sexo solicitem moradia municipal. Os candidatos com filhos também terão a opção de incluir os nomes deles nos certificados.

Para proteger a privacidade dos interessados, eles poderão solicitar e receber seus certificados de parceria inteiramente online. Após o envio das inscrições e se todos os documentos estiverem em ordem, os certificados deverão ser emitidos em 10 dias.

fonte: Kyodo

Dunas entre o mar e a montanha em Tottori

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Uma das províncias menos conhecidas do Japão, Tottori fica na região de Chugoku, no centro de Honshu, a principal ilha do arquipélago japonês. Sua atração mais conhecida da província é, sem dúvida, as Dunas de Tottori que ficam a menos de uma hora de distância do centro da capital. Formadas pelas ações dos ventos e das ondas, as dunas se estendem por cerca de 16 quilômetros de distância na costa do Mar do Japão. Algumas das montanhas de areia chegam a ter 50 metros de altitude, oferecendo uma bela vista. As Dunas de Tottori são, sem dúvida, uma paisagem única no arquipélago japonês.

Tottori - Dunas entre o mar e a montanha
Deserto de areia é o único do Japão (foto: Pixta)

Além da caminhada, é possível passear na areia de diversas formas. A mais popular é no lombo dos camelos que são alugados para passeios curtos por um espaço limitado nas dunas. Os preços começam em ¥1500 e não é possível fazer reserva. Outra opção é descer de sandboard. As Dunas de Tottori são o único local onde se pode realizar a atividade. Trinta minutos de experiência saem por ¥3500, com todos equipamentos inclusos, além da ajuda de um instrutor, se for necessário.

Quem quiser se aventurar sobre rodas tem duas opções. Com a disposição em dia, é possível seguir numa tour guiada de bicicleta por várias áreas das dunas. Para aguentar o tranco na areia, as magrelas vêm equipadas com pneus grossos. Por ¥5000, o passeio de 2 horas leva a vários picos legais, com boas possibilidades de fotos, e inclui a bicicleta e o capacete, além de uma foto de lembrança. Já quem estiver numa vibe mais sussa, pode optar pelo Segway, aquela plataforma elétrica de duas rodas que é famosa entre os seguranças de shopping center. Também guiado, o passeio é oferecido em 90 e 120 minutos, com preços começando em ¥7000.

Se você busca uma aventura mais radical, pode optar por voar de parapente. Duas empresas oferecem o serviço que pode ter duração de meio-dia ou o dia inteiro. Os preços começam em ¥8000, incluindo equipamentos e o auxílio de instrutores. O voo duplo é recomendado para quem não tem experiência e pode custar ¥15 mil. Comodidades como o carregamento dos equipamentos nas dunas também estão disponíveis.

Depois dos passeios, é possível ter um momento mais tranquilo em dois espaços localizados na área. O Centro de Visitantes das Dunas de Tottori oferece uma série de exposições mostrando a história da formação das dunas, os seres vivos que vivem na área e outras curiosidades e informações relevantes. Já o Sand Museum é uma instituição dedicada à arte de esculpir na areia. O espaço costuma ter exposições temáticas de longa duração e convida artistas do mundo inteiro para produzir suas obras. A próxima temporada terá como tema o Egito e será inaugurada em julho.

Penhascos à beira-mar

A pouco menos de 1 hora de distância das dunas, já na cidade de Iwami, fica o Parque da Costa de Uradome. A área de relevo recortado é repleta de falésias, cavernas e outras formações rochosas de tirar o fôlego, além das belas ilhas que ficam no litoral. Consideradas entre as mais transparentes do Japão, as águas do local são um convite para os esportes aquáticos.

O passeio pela região pode começar por uma caminhada de pouco menos de 3 quilômetros pela costa através de uma rota bem sinalizada e pavimentada. Cheia de subidas e descidas, a rota pode ser cansativa, mas oferece vistas de tirar o fôlego. Quem fica na área até o pôr do sol pode ver as luzes acesas pelos pescadores na água para atrair as lulas.

Penhascos à beira-mar
Penhascos à beira-mar são atração para quem aprecia a natureza (foto: Pixta)

Outra opção para desfrutar as belezas naturais é um passeio de barco pelas ilhas, cavernas e formações rochosas da área. A empresa San-in Matsushima Yuran oferece duas opções. No barco menor, até 8 pessoas podem navegar juntas. O valor individual é de ¥2500. Já a embarcação maior leva até 95 passageiros, conta com guia e custa ¥1400 por pessoa.

O paraíso das peras

As peras mais gostosas do Japão são produzidas na província de Tottori e muita gente não perde a oportunidade de estar por lá para fazer o nashi-gari, a colheita da fruta nas pequenas fazendas produtoras. Por um valor de ¥1200, é possível retirar as peras diretamente do pé e comê-las à vontade, dentro da plantação, em locais como Sankouen, localizado não muito distante das dunas. A temporada de colheita começa em julho e dura até outubro, com diferentes variedades ao longo do período.

O paraíso das peras
As peras são o produto mais famoso de Tottori (foto: Pixta)

No teto de Chugoku

Na parte mais oeste da província fica o Monte Daisen que, com 1729 metros dae altitude, é a montanha mais alta da região de Chugoku, da qual Tottori faz parte. Também considerado sagrado, o monte abriga dois espaços religiosos de grande importância: o templo budista Daisenji e o santuário xintoísta Ogamiyama. O templo em si é acessível de transporte público, com uma caminhada de cerca de 15 minutos a partir do ponto de ônibus mais próximo. Já as rotas de escalada vão bem acima do templo e não são recomendadas para viajantes sem experiência.

No teto de Chugoku
Fé nas montanhas de Tottori (foto: Pixta)

O sagrado nas montanhas

Seguindo para o oeste da província, as montanhas vão ficando mais altas, algumas com rotas de caminhada conhecidas. Uma delas fica no Monte Mitoku e leva até o Nageiredo, uma espécie de capela, encravada na montanha e aberta ao público. A viagem até o local começa na estação de Kurayoshi, de onde se pega um ônibus até a entrada do Sanbutsiji, um templo budista do qual o Nageiredo faz parte.

A chegada até a entrada do templo já é um desafio. Localizado no alto de uma encosta, a escadaria costuma cansar os que não estão habituados a este tipo de aventura. A bela construção, com estátuas e juzus — colares de contas que lembra um terço católico — gigantescos, é apenas a porta de entrada para uma subida ainda mais difícil. Tanto que, no passado, ela era permitida somente aos monges, que faziam da escalada parte do treinamento espiritual.

Na subida, os religiosos costumavam usar os warazori, sandálias de palha, que ainda hoje estão disponíveis para os visitantes. No entanto, para a gente comum, é recomendado o uso de sapatos de escalada adequados, bem como de luvas de escalada, mesmo no calor. Só não são permitidos os com ganchos de metal na sola. Cajados e bengalas também devem ser evitados.

O sagrado nas montanhas
Templo encravado na montanha tem trilha com níveis médios de dificuldade (foto: Pixta)

A rota de escalada começa na traseira do salão principal do Sanbutsuji, e os visitantes só podem começar a subir em pares ou grupos maiores. É cobrado o valor de ¥800 para a escalada. Inicialmente, a rota é pavimentada, mas as dificuldades não demoram a aparecer. Rapidamente a rota começa a fazer uso das raízes das árvores como escadas e a subida fica bem íngreme, culminando com a parte final, um pequeno trecho de escalada em rocha nua feito com a ajuda de uma corrente, que leva até o Nageiredo. A vista é a principal recompensa para quem chega até o local.

Os viajantes cansados da descida podem parar em Misasa Onsen, uma estância de águas termais às margens do Rio Mitoku. Diversos ryokan oferecem pouso para os viajantes e fiéis, com água quentinha e futon no piso de tatami. Outra opção é visitar os banhos públicos locais. Um deles é o Kabuyu (¥350/entrada), mas há vários outros. Mas o mais popular mesmo é o Kawaraburo, um banho a céu aberto, localizado no leito do Rio Mitoku. A entrada é franca.

SERVIÇO

Como chegar?
Tottori fica na linha San-in da JR e pode ser acessada por trem expresso a partir de Osaka e Kyoto. De Tóquio, a melhor opção é o avião.

Bebendo saquê em Nikko

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Um dos bate e volta mais populares por quem visita Tóquio, Nikko é conhecido pelos templos e santuários tombados pela UNESCO em 1999. De fato, espaços como o Nikko Toshogu, santuário xintoísta dedicado ao xogum Tokugawa Ieyasu, são especiais em seu contexto histórico e arquitetônico, além de estarem completamente integrados à natureza em seu entorno.

Pagoda do Nikko Toshogu é Patrimônio da Humanidade (foto: Roberto Maxwell)

Mas quem pretende variar a temática do passeio pode incluir no roteiro uma visita a uma fábrica de saquê e aproveitar para aprender mais sobre essa bebida que anda ganhando destaque nas rodas gastronômicas mundo a fora. Nikko é uma região montanhosa, com um regime de precipitação que faz com que exista água mesmo o ano inteiro: no inverno, a neve se acumula e vai derretendo lentamente durante a primavera e penetrando no solo, enquanto no verão, as chuvas abastecem os mananciais. Assim, a região tem água de excelente qualidade para abastecer as duas fábricas de saquê que abrem suas portas ao público o ano inteiro e estão preparadas para receber visitantes estrangeiros. Mas antes de apresentá-las, que tal falarmos um pouquinho sobre o saquê?

Presente dos deuses

“Quase toda fábrica de saquê tem um desses”, conta Tomoyuki Katayama, 52, presidente da fábrica de saquê que leva o nome de sua família, apontando para um oratório afixado em uma parede da área de produção. A relação da bebida milenar com o xintoísmo, as práticas religiosas nativas do Japão, é muito antiga. Nas lendas japonesas, conta-se que o deus Susano-o ensinou o ser humano a fazer o saquê para ajudá-lo a derrotar um grande dragão.

Para ilustrar a relação entre fé e saquê para os estrangeiros que visitam a Watanabe Sahei Shoten, o presidente da empresa Yasuhiro Watanabe, 52, se lembra da cena do filme Your Name (2016) em que a protagonista Mitsuha produz a bebida junto com a avó e a irmã e a usa como oferenda no túmulo de seu avô. Na premiada película, a menina mastiga o arroz e o cospe num recipiente para fazer o que é conhecido como kuchikamizake. “Fique tranquilo que o nosso saquê não é feito assim”, Watanabe se apressa para explicar, com um sorriso maroto no rosto. “Mas o princípio é o mesmo”, continua. “O arroz é fermentado junto com água e, neste processo, se torna álcool”, explica.

Normalmente, o saquê tem teor alcoólico entre 14 e 16%, considerado alto para uma bebida fermentada. O vinho fica em média nos 16% e a cerveja, em 5%. Ainda assim, muitos saquês costumam ser suaves e aromáticos. Tudo depende do modo de produção.

Saquês dos tipos ginjo e daiginjo (lê-se “guinjô” e “daiguinjô”) são feitos com arroz altamente polido e, por isso, costumam trazem aromas frutados e ser elegantes no paladar. Quem prefere sentir mais o sabor do cereal, pode optar pelos saquês do tipo junmai — puro arroz. Mas não para por aí. A bebida é muito versátil e os produtores não têm poupado esforços para oferecer perfis que agradem a todo tipo de público.

Alto teor alcoólico

Imaichi fica a poucos minutos de distância das duas principais estações ferroviárias de Nikko. No Periodo Edo (1608-1868), a área foi um importante entroncamento de estradas que levavam ao norte e ao centro do Japão. Duas fábricas de saquê se firmaram em Imaichi, com propostas de produção bem diferentes entre si.

Fundada em 1880, a Katayama Shuzo fica à margem da Rodovia 121, estrada que leva à estância de águas termais de Kinugawa Onsen. Na porta de entrada, o sugidama (lê-se “suguí-damá”) anuncia que a produção do ano já está em processo de maturação. O objeto é uma bola feita de galhos e folhas de cedro que fica suspensa no teto e à vista de quem passa na frente da fábrica. Quando colocada, em geral assim que a primeira leva de saquê está pronta para ser engarrafada, a bola tem coloração verde. Isso costuma ocorrer em fevereiro ou março. Nessa época, a bebida é, em grande parte, já foi pasteurizada e reservada para maturar por cerca de um ano. O restante é engarrafado e vendido como namazake, um tipo de saquê fresco e que deve ser armazenado em geladeira.

O antigo prédio de madeira da fábrica é uma viagem ao passado. “Somos uma pequena produtora, não estamos em prateleiras de grandes lojas. Vendemos somente na fábrica e estamos satisfeitos assim”, conta o Seu Tomoyuki, que é a sétima geração de produtores de saquê da Katayama. Ele, que trabalha na produção desde os 16 anos, cresceu vendo os avós e os pais produzindo saquê. “Quando eu era jovem, não queria trabalhar na fábrica”, relembra o Seu Tomoyuki, que foi morar em Tóquio para, segundo ele, “estudar a vida”. Bem-humorado, ele acabou assumindo a frente os negócios da família e hoje toca o negócio junto com a mãe, Kazuko, 77

Antiga prensa ainda é utilizada na fábrica (foto: Roberto Maxwell)
Fora do período de produção, uma das principais atividades na fábrica é a visitação guiada. Quase sempre, o Seu Tomoyuki atende ele mesmo os visitantes. Para conseguir explicar o processo de preparo do saquê aos estrangeiros, ele comprou um pequeno aparelho de tradução, que carrega no pescoço. A maquininha é útil mesmo para quem é fluente em japonês, já que palavras técnicas costumam ser difíceis de entender.

Seu Tomoyuki mostra o pequeno espaço da fábrica com orgulho e dedicação, em especial pela prensa, uma máquina pesada que extrai o saquê do mosto. A Katayama Shuzo usa uma prensa no estilo fune, na qual os sacos de pano com o mosto são colocados em um tanque comprido e pressionados de cima para baixo. A prensa do Seu Tomoyuki tem mais de 60 anos e é uma raridade. Ela extrai o saquê de forma lenta, o que traz um sabor especial para o produto.

A segunda parte da visita é a degustação, onde se pode conhecer as características da produção da casa. A Katayama tem como especialidade a produção de saquês do tipo genshu (lê-se ‘genshu’). Nesse estilo, a bebida é engarrafada sem que seja diluída em água, como é a norma. Assim, os saquês da casa têm cerca de 19% de teor alcoólico e tendem a ser mais secos. Além disso, a fábrica engarrafa seus produtos em charmosos vasilhames com tampas flip top, embora os saquês não sejam gaseificados. Ah, não deixe de levar para casa o saboroso bolo de saquê da Katayama. Foi uma receita criada pelos pais do Seu Tomoyuki. “Mesmo quem não bebe pode levar para casa o sabor da nossa fábrica”, diz ele.

Puro arroz

A menos de 10 minutos de distância da Katayama, bem em frente à parada de estrada Michi-no-eki Nikko, fica a Watanabe Sahei Shoten. Aqui, o sugidama — a bola de cedro que indica a produção de saquê novo — fica suspensa no telhado do segundo andar da construção de madeira. Numa espécie de puxadinho ao lado do prédio principal, uma torneira jorra água ininterruptamente. Quem nunca visitou uma sakagura pode achar que alguém esqueceu a bica aberta mas, na verdade, este é o shikomimizu, a água da produção do saquê, que vem de alguma fonte próxima e é deixada à disposição dos visitantes que podem provar sua pureza e até levar um pouco para casa.

Quem nos recebe é o Seu Yasuhiro, também da sétima geração da família que produz saquê na Watanabe, fundada em 1842. Em inglês, ele conta que está preparado para voltar a receber em sua fábrica os turistas que passeiam pelos Patrimônios da Humanidade de Nikko. Na visita guiada, ele mostra com detalhes o processo de produção do saquê. Para facilitar o entendimento, o Seu Yasuhiro colou nas paredes do espaço de produção alguns cartazes, com as explicações em japonês e inglês.

Na degustação, a gente aprende que a Watanabe foi pioneira na retomada da produção de saquês do tipo junmai, os “puro arroz”. Originalmente, todos os saquês eram produzidos dessa maneira. Porém, durante a Segunda Guerra Mundial, o arroz ficou escasso e os produtores de saquê foram obrigados a diminuir quantidade do cereal na produção da bebida. Assim, se tornou norma a adição de álcool etílico para finalizar o produto.

Barris para envelhecimento de destilados (foto: Roberto Maxwell)

Mesmo com a situação do arroz já normalizada, muitos produtores mantiveram a técnica. No entanto, nos anos 1970, o pai do Seu Yasuhiro resolveu fazer diferente e resgatar a forma antiga de produzir. “O junmai é o saquê mais autentico”, afirma. Quando a bebida é feita dessa forma, tende a ter mais umami, o quinto sabor que realça os demais sabores do saquê, além, claro, da presença mais marcante do sabor do cereal.

Além do saquê, a Watanabe produz, também, o shochu, um destilado que pode ser feito de diversas matérias-primas. Na fábrica do Seu Yasuhiro os shochus são de saquê e de borra de saquê. Uma especialidade da casa: shochus envelhecidos em barril ou vaso de cerâmica. Prove se você gosta de sabores alcoólicos mais fortes.

Na loja, o Seu Yasuhiro vende mais que saquês. Ele oferece uma série de produtos que podem servir como excelentes lembrancinhas de viagem. Um deles é o Jogo do Saquê, composto de três copos de formato nada usual é um pião de faces, que representam os copos e a opção de passar a vez. Os copos, com caras de personagens folclóricos, apresentam desafios na hora de beber. Jogue com moderação.

SERVIÇO

Katayama Shuzo
Tochigi-ken Nikko-shi Segawa 146-2
visitas guiadas gratuitas de 10 às 12 horas ou das 13 às 16 horas, para até 40 pessoas (exceto nos feriados do Obon e do Ano Novo)
reserva recomendada
tel.: 0288-21-0039
www.kashiwazakari.com (em inglês)

Watanabe Sahei Shoten
Tochigi-ken Nikko-shi Imaichi 450
visitas guiadas gratuitas de 9 às 12 horas ou das 13 às 16 horas, para grupos de 2 até 40 pessoas
reserva obrigatória, guia em inglês disponível
tel.: 0288-21-0007
www.watanabesahei.co.jp (em japonês)

Japão paga para quem foi infectado pelo coronavírus no trabalho

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Se você pegou Coronavírus no trabalho e teve que se ausentar para o tratamento e recuperação, as notícias são boas.

O Ministério da Saúde do Japão está incentivando as pessoas que foram infectadas pelo COVID-19 no trabalho, a solicitar uma compensação em dinheiro do governo, para cobrir a perda de salário e pagar despesas médicas.

Isso inclui pessoas que sofrem de sintomas de médio e longo prazo, após a cura da infecção.

Os pedidos de mais de 20.000 pessoas já foram aceitos, desde que a triagem começou há dois anos. Mas, infelizmente, muita gente ainda não sabe desse direito.

Quem está apto

Todos os trabalhadores que contraíram o vírus no trabalho são elegíveis para receber a compensação, incluindo funcionários de meio período e temporários.

Eles mesmos devem fazer a solicitação. Se as informações de prova de infecção de uma empresa não estiverem disponíveis, consulte o Gabinete de Inspeção de Normas Trabalhistas.

As famílias com parentes que morreram por causa do Coronavírus também podem solicitar os benefícios.

Segundo o Ministério, estão aptos a solicitar o seguro:

  • Pessoas cuja rota de infecção está claramente ligada ao seu local de trabalho;
  • Funcionários em um ambiente de trabalho que os coloca em alto risco de infecção, mesmo que a via de transmissão seja desconhecida;
  • Médicos, enfermeiros e cuidadores de idosos, em princípio, a menos que seja claro que a infecção ocorreu fora do trabalho;
  • Qualquer um dos casos acima, que desenvolva condição pós-covid-19, também conhecida como ¨longo covid¨.
Pessoas que trabalham no comércio e foram infectadas, teriam direito (Foto: Jeremy Stenuit – Unsplash)

Benefícios

O governo disponibiliza 3 tipos de benefícios para os que foram infectados no local de trabalho:

  • Benefício de Compensação Médica
    O tratamento gratuito está disponível, em princípio, em instituições médicas designadas no regime de Seguro de Compensação de Acidentes Industriais. Se um paciente tiver que ser tratado em outro lugar, ele pode solicitar o reembolso total das despesas.
  • Benefício de Ausência Temporária de Compensação de Trabalho
    Se um paciente estiver ausente do trabalho para tratamento médico ou recuperação e não receber 0 salário por dias perdidos, ele é considerado apto a receber. A partir do quarto dia de ausência, serão pagos 80% do salário. O valor diário básico do benefício é definido dividindo-se pelo salário dos últimos 3 meses antes do aparecimento dos sintomas.
  • Benefício de Compensação Familiar SobreviventeA família enlutada de um trabalhador que faleceu por infecção no trabalho pode receber a Pensão de Auxílio Família Sobrevivente, entre outras ajudas.

SERVIÇO

Mais informações sobre como se inscrever estão disponíveis nos links listados abaixo:

português: https://www.mhlw.go.jp/content/000743368.pdf
japonês: https://www.mhlw.go.jp/content/000698300.pdf
inglês: https://www.mhlw.go.jp/content/000743364.pdf
espanhol: https://www.mhlw.go .jp/content/000743367.pdf

Saquê envelhecido em caves nas montanhas de Tochigi

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Localizada ao norte de Tóquio, a província de Tochigi ainda é pouco explorada pelos viajantes estrangeiros. Com exceção de Nikko, cidade que é repleta de templos e santuários tombados pela UNESCO, a região montanhosa raramente entra nos roteiros de quem visita o Japão. É uma pena. Tochigi tem muitas localidades que merecem ser conhecidas e tem a vantagem de não ficar muito distante de Tóquio.
 
Nasukarasuyama é um exemplo. A cidade de menos de 20 mil habitantes fica a cerca de 2 horas da capital japonesa. Além da produção do papel washi e das belezas naturais, Nasukarasuyama também é conhecida pela Shimazaki, uma fábrica de saquê pioneira no envelhecimento deste fermentado tipicamente japonês.
 
Normalmente, o saquê é produzido entre o final do outono e o início da primavera. Depois de extraída, a bebida pode ser ou não diluída e, em seguida, é colocada para descansar em garrafas ou tanques. Esse período de descanso é, em média, de um ano. Como princípio, quanto mais jovem o saquê, mais afinado será o seu sabor.
 
Acontece que, nas últimas décadas, alguns produtores iniciaram uma série de testes de envelhecimento de saquê e muitos deles estão chegando a resultados que têm agradado ao público. O saquê envelhecido é chamado de koshu. As técnicas e a duração do processo varia de produtor para produtor. Mas, de um modo geral, os resultados são bem parecidos. O saquê vai ganhando uma cor âmbar com o envelhecimento, além de notas de sabor e aroma que podem lembrar caramelo, mel, castanhas e shoyu.
 

Herança da guerra

Foi em 1970 que a Shimazaki iniciou o projeto de envelhecimento de saquês. A empresa decidiu aproveitar uma caverna que foi escavada nas montanhas de Karasuyama durante a Segunda Guerra Mundial para criar a sua cave. Ali, estão armazenadas, a uma temperatura constante de 10 graus, mais de 100 mil garrafas de saquê. A cave é aberta à visitação do público e uma visita ideal inclui, ainda, a degustação das bebidas no charmoso espaço dedicado a este fim, na fábrica que fica a uns dois quilômetros de distância.
Ken’ichi Shimazaki (esq.) é a sexta geração de produtores da fábrica (imagem: Roberto Maxwell)
Como a cave fica distante do centro da cidade, a dica é circular de bicicleta, que pode ser alugada no Yamaage Kaikan, um espaço dedicado ao festival tradicional da cidade, o Yamaage, que é realizado anualmente no quatro fim de semana de julho. Colorido e teatral, o evento é tombado com Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
 
Sob duas rodas, é possível adicionar na rota outros pontos de interesse como as Quedas de Ryumon, uma pequena e charmosa cachoeira de 20 metros de altura e 65 de largura. Duas cavernas ficam no paredão de pedras da queda d’água. Diz a lenda que ali vive um dragão que atende aos pedidos dos visitantes. (Aliás, o nome da cachoeira pode ser traduzido como “portal do dragão”.)
 
Ao lado das quedas fica um pequeno café com iguarias locais e um santuário com um dragão enorme, para o qual você pode fazer suas preces. Além disso, o andar superior do prédio fica tem observatório com uma boa vista da cachoeira. Na área, não deixe de visitar, também, o Taiheiji, um templo budista com cara de abandonado e com um portal de madeira imponente.
Quedas de Ryumon: área montanhosa e coberta de verde no verão (imagem: Roberto Maxwell)

Degustação

Para não beber de estômago vazio, a indicação dos locais é o Kamameshi Kasai, um restaurante especializado no kamameshi, um prato de arroz cozido e servido numa panela de aço chamada de kama. Os acompanhamentos vão de frutos do mar a legumes e verduras da estação, muitos deles colhidos na própria região.
 
Depois do almoço e antes da degustação, pode ser uma boa ideia dar uma olhada no Washi Kaikan, um espaço criado para a preservação de técnicas artesanais, incluindo a produção de papel. Com reserva, aliás, é possível aprender a fazer o washi, o delicado papel japonês.
 
Para a degustação dos saquês envelhecidos, e de outros produtos, a Shimazaki recebe os visitantes na fábrica que fica próxima ao centro da cidade. Neste caso, é importante lembrar que é proibido pedalar depois de beber. Por isso, vale a pena devolver a bicicleta antes da degustação. O Yamaage Kaikan não fica muito longe da fábrica.
 
Fundada em 1849, a Shimazaki recebe seus visitantes em um prédio de dois andares, todo de madeira. A loja fica no primeiro andar e é possível ver a variedade da produção que inclui licores como o yuzushu, que lembra um limoncello. O yuzu é um cítrico adorado pelos japoneses e a província de Tochigi, uma grande produtora da fruta.
 
Degustação de saquês koshu na Shimazaki (imagem: Roberto Maxwell)
 A elegante sala de degustação fica no segundo andar e inclui um pequeno jardim. Aqui, o visitante é recebido pelo Shimazaki Ken’ichi, a sexta geração de produtores da empresa. Simpático, ele prepara uma degustação em quatro passos, acompanhada de um tira-gosto da casa: um cream cheese com borras de saquê, também disponível para compra.
 
Provar os saquês em diferentes estágios de maturação é uma experiência interessante e mostra que, mesmo pouco conhecida, a produção de koshu tem um pontencial enorme de trazer novos adeptos para o universo do saquê, bebida que ganha cada vez mais adeptos fora do Japão.
 
Roberto Maxwell viajou a convite da Nearby Tokyo e da Sake Voyage.
 

SERVIÇO

Como chegar?
Embarque na Linha Tohoku do trem-bala Shinkansen até Utsunomiya, de onde se faz a transferência para a linha de trens locais Karasuyama. Desembarque no ponto final, Karasuyama.
 
Yamaage Kaikan
Tochigi-ken Nasukarasuyama-shi Kanai 2-5-26 [mapa]
9 às 16 horas, com a locação de bicicletas e as exposições e loja
 
Quedas de Ryumon + café
Tochigi-ken Nasukarasuyama-shi Taki 414 [mapa]
9 às 16 horas (café)
 
Kamameshi Kasai
Tochigi-ken Nasukarasuyama-shi Asahi 1-8-24 [mapa]
11:30 às 14:30 e das 16:30 às 21 horas
 
Washi Kaikan
Tochigi-ken Nasukarasuyama-shi Chuo 2-6-8 [mapa]
9 às 18 horas (fechado às terças-feiras)
entrada franca
www.fukudawashi.co.jp (em japonês)
 
Shimazaki Shuzo – cave
Tochigi-ken Nasukarasuyama-shi Kanaga Asatenjin 149 [mapa]
10 às 16 horas (A visita à cave é realizada aos sábados, domingos e feriados, entre março e dezembro, e em algumas datas de janeiro e fevereiro.)
¥200 (visita guiada com tablet em inglês ou japonês)
azumarikishi.co.jp (em inglês e japonês)
 
Shimazaki Shuzo – fábrica
Tochigi-ken Nasukarasuyama-shi Chuo 1-11-18 [mapa]
9 às 17 horas
A experiência de degustação pode ser agendada através do site da Nearby Tokyo

Romance premiado sobre a imigração japonesa no Brasil é lançado em Tóquio

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A Embaixada do Brasil deu a largada para os eventos de lançamento do romance Nihonjin no Japão. A recepção, para jornalistas e para o mercado literário, foi realizada na representação brasileira nesta segunda-feira, dia 27, com a presença do autor Oscar Nakasato e sob o comando do embaixador Eduardo Saboia. Esta é a primeira visita de Nakasato ao Japão. “Estava esperando o convite”, disse o autor arrancando gargalhadas da plateia ao ser perguntado sobre o motivo de nunca ter vindo ao país de seus avós antes.

A obra conta a história de Hideo Inabata, um japonês que chega ao Brasil na segunda década do século 20. Seu objetivo é enriquecer e enviar recursos ao Japão, conforme as orientações do imperador aos súditos. No entanto, Inabata passa por diversas dificuldades, incluindo aí problemas de adaptação e conflitos com os filhos Haruo e Sumie. “Nihonjin” é a primeira obra literária de Oscar Nakasato e, em 2012, foi o vencedor na categoria romance do Prêmio Jabuti, o mais importante dedicado ao mercado de publicações do Brasil.

No Japão, o livro sai pela editora Suiseisha. “Os japoneses terão interesse em ler Nihonjin porque o livro conta uma parte da história do Japão que os japoneses não conhecem e que fazem parte da história do Brasil”, explica Nakasato para a audiência na cerimônia de lançamento. O autor também falou sobre sua experiência como nipo-brasileiro. “Durante um tempo da minha vida, não gostava de ser nikkei. Queria ser como meus amigos que eram mais altos, mais descolados”, diz. “Chegou uma fase da minha vida que eu percebi que eu tinha que sair na rua e levar a minha cara junto”, completa ele, que é mestre e doutor em letras e especializado em literatura brasileira.

Celebração

O lançamento de “Nihonjin” faz parte dos eventos de celebração do Bicentenário da Independência do Brasil e está incluído na coleção “Burajiru Bungaku” que visa trazer a literatura brasileira para a Terra do Sol Nascente. O romance é o segundo livro lançado. A estreia da série foi com “Vidas Secas” de Graciliano Ramos. Chika Takeda, vice-reitora da Universidade de Estudos Estrangeiros de Tóquio coordena os lançamentos em japonês e é a tradutora de “Nihonjin”. Para ela, a leitura da obra no Japão, ao mostrar as questões vividas pelos imigrantes japoneses no Brasil, pode trazer entendimento sobre a realidade dos brasileiros residentes no país. Outras obras que serão lançadas na coleção serão “As Meninas” (Lygia Fagundes Telles), “Torto Arado” (Itamar Vieira Junior) e a coletânea “O Melhor do Conto Brasileiro”.

O escritor Oscar Nakazato (imagem: Roberto Maxwell)

O evento também marca a despedida do embaixador Eduardo Saboia que deixa o posto que assumiu em 10 de dezembro de 2018. Para o diplomata, “Nihonjin” demonstra que “no Brasil cabe um pouquinho do Japão”.

Para os eventos do lançamento de “Nihonjin”, Nakasato deve visitar as cidades de Yokohama, Hamamatsu, Nagoya, Kyoto e Kanazawa, além da província de Tóquio. Confira a agenda com os próximos eventos no site especial dedicado à coleção “Burajiru Bungaku”.