“Nossos companheiros, nossos parceiros”

Prefeito de Hamamatsu recebe a nossa equipe para um papo franco sobre a cidade e seus brasileiros residentes

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Roberto Maxwell
Roberto Maxwellhttp://www.tokyoaijo.com
Radicado no Japão desde 2005, atua como produtor de conteúdo multimídia e acumula trabalhos como repórter, documentarista, produtor e palestrante. Apaixonado por viagens, dedica-se a percorrer o arquipélago e registrar suas maravilhas e contradições.

Yasumoto Suzuki, 64, é um homem de sorriso fácil. No dia 17 de junho, após receber o cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu, Aldemo Garcia, e o empresário Mario Makuda para uma reunião sobre as comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, ele soube que sua popularidade está alta entre os brasileiros residentes na cidade. Soltou uma simpática risada e mostrou apreço pelo carinho recebido.

A popularidade não é gratuita. No comando da prefeitura desde 2007 (este é o seu quarto mandato consecutivo), o político atualmente sem filiação partidária viveu momentos intensos junto com a comunidade brasileira da cidade, como a crise de 2008. Na avaliação das lideranças locais, Suzuki está sempre procurando soluções para as questões que envolvem a integração dos estrangeiros em Hamamatsu e, por isso, tem a admiração dos brasileiros.

Logo após a audiência com o cônsul, o alcaide recebeu o repórter do GUIA JP e falou um pouco sobre a comunidade, projetos futuros e ainda deu uma dica de viagem para quem pretende visitar a cidade. Confira.

Qual a sua visão sobre a comunidade brasileira em Hamamatsu?

Em 1990, a legislação japonesa mudou e, desde então, muitos brasileiros vieram [para o Japão]. Assim, são mais de 30 anos de convivência com os brasileiros. Atualmente, cerca de 80% dos que estão aqui têm vistos de residência permanente ou de longa duração e são cidadãos de Hamamatsu, como os demais munícipes. Eles ajudam a construir, a levantar a cidade. Eu os vejo como nossos companheiros, nossos parceiros.

Hamamatsu também é conhecida como uma cidade intercultural, o que exatamente a cidade espera de seus cidadãos estrangeiros?

Até o momento, temos encontrado muitos desafios para serem solucionados, questões sobre o que fazer com a educação das crianças, com os problemas de seguro social, com problemas no ambiente de trabalho. Alguns deles estão bem encaminhados. De qualquer modo, os estrangeiros são muito diferentes dos japoneses. Há muita diversidade cultural e de habilidades e nós temos que aproveitar o potencial dos estrangeiros para que a cidade prospere e cresça. É isso que nós esperamos dos cidadãos estrangeiros.

Audiência do cônsul-geral do Brasil com o prefeito Suzuki (foto: Roberto Maxwell)

Muitos brasileiros, como o senhor já disse, já não são mais “dekasseguis”. Eles já fazem parte da vida de Hamamatsu. Que projetos a prefeitura tem realizado para integrar ainda mais os brasileiros à comunidade local? Acredito que muito já tenha sido feito em vários setores mas, de certo modo, esses projetos de integração ainda são necessários?

Muitos dos problemas realmente já foram encaminhados. Mas temos crianças nascendo e a questão da educação delas é um dos desafios. Em especial, temos os casos das crianças que deixam de ir à escola — e podemos incluir aí as japonesas. Crianças fora da escola não é algo bom. Por isso, a cidade de Hamamatsu está trabalhando para levar a zero o número de crianças fora da escola. É algo muito importante [para a cidade] e que deve ter continuidade. Procuramos agir com rapidez quando encontramos uma criança fora da escola. Além disso, têm a questão dos desastres naturais que nunca sabemos quando podem ocorrer. Então, devemos preparar os brasileiros que estão aqui, bem como os japoneses, para evitar perdas; enviar informações para que todos saibam o que fazer no caso de um desastre natural. São diversas coisas que precisamos pensar para quem está vivendo aqui. Sendo assim, não separamos brasileiros e japoneses. Pensamos na comunidade como uma só e que, juntos, vamos buscar as soluções.

Há 10, 20 anos, pensávamos nas questões envolvendo as crianças. Atualmente, os brasileiros estão envelhecendo…

Isso, do mesmo modo que os japoneses. Por isso, precisamos pensar na questão de apoio para os idosos e estamos lidando com isso do mesmo modo para japoneses e estrangeiros.

Hamamatsu é a cidade da música e o Brasil, um país muito musical. Existe algum projeto da prefeitura para incentivar intercâmbios musicais entre japoneses e brasileiros?

O maior projeto que fizemos foi o Samba Festival, há três anos, do qual os brasileiros também participaram. É um evento grande da cidade. A partir de agora, teremos apresentações de outros estilos além do samba, para que possamos apresentar as músicas produzidas pelos estrangeiros. Vai se chamar Tabunka Festa Hamamatsu e ocorrer no dia 28 de agosto. Com isso, pretendemos ampliar as trocas culturais na cidade. Conversei com o cônsul anteriormente e ele me informou que o consulado está planejando organizar diversos eventos. Nós pretendemos participar ativamente desses eventos e colocar nossos esforços para ampliar as trocas culturais.

Anteriormente, o senhor chegou a falar que participou do [evento musical] Bossa Brasil, organizado pelo consulado. Além dessa, teve outras experiências com a cultura brasileira?

Gosto muito de churrasco. Também gosto muito de caipirinha, de preferência sem açúcar. Tomo com frequência.

Qual é a sua dica de turismo em Hamamatsu para os brasileiros que virão visitar a cidade após lerem a nossa revista?

Hamamatsu tem um castelo e muitos outros pontos históricos, mas a cidade também é rica em natureza. Temos o Oceano Pacífico, o Lago Hamana. Nos dias de folga, muitos brasileiros costumam passear no Hamanako e no mar. Além disso, temos montanhas com rios limpos. Sei que muitos brasileiros acampam nessas áreas. Em Hamamatsu, essas áreas naturais são próximas à cidade, são de fácil acesso e isso é muito bom.

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