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Angústia: sua importância e o que ela nos sinaliza

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É bastante recorrente na clínica a chegada de pacientes queixosos de algo que mal se consegue por em palavras. Para cada um de nós, o sintoma tem diferentes maneiras de se manifestar, uma dor no peito que vem e que vai, uma pressão inexplicável, falta de ânimo e vitalidade para fazer o que antes tinha disposição somadas a uma falta de interesse pela vida. Essas são manifestações do que geralmente nomeamos de angústia, esse sentimento de vazio que não conseguimos a priori descrever com precisão de onde e porque veio e como se faz para cessar.

 Nos inclinamos inicialmente a investigar as causas biológicas; recorre-se primeiro à medicina e às soluções medicamentosas, afinal, nossa defesa primária é se defender dela, contra atacá-la, sedá-la. Mas e quando são excluídas as causas orgânicas e os psicofármacos não fazem efeito e a angústia persiste? O que isso tem a nos dizer?

 Em nossa sociedade de consumo capitalista e que a ordem máxima é não parar, mas sim continuar operando a todo custo em uma lógica incessante de produção em meio ao bombardeio de demandas e enxurradas de informações, uma grande indústria se sustenta ofertando mecanismos para calar a angústia, das drogas lícitas às ilícitas e ao consumo desenfreado, mas para a Psicanálise, devemos justamente fazer o movimento contrário ao de tentar calar a angústia e sim nos permitir dar uma chance de ouvi-la.

 

 Mas por que tentar ouvir algo que dói? Pois a angústia é uma norteadora, ela nos indica sobre algo da própria subjetividade do sujeito que há muito tempo vem sendo negligenciada por uma série de razões intrínsecas à história pessoal de cada um. Podemos pensar que a angústia tem uma função em si, ela é um ponto de partida para dar início a uma investigação acerca de nós mesmos.

 

 A angústia é sim desestruturante, caótica e deixa a vida de pernas pro ar, mas é justamente nesse ponto que devemos olhar com atenção pois é aí que a angústia se manifesta tentando nos sinalizar sobre algo de nós mesmos que deixamos passar, ficou encoberto mas não perdido justamente pela sua importância, algo de nós que deseja mostrar-se. Para o psicanalista francês Jacques Lacan, a angústia é um afeto que não mente, onde ela aparece é aí que devemos nos interrogar e não anestesiar. Noto com bastante frequência na clínica pacientes que chegam ao seu limite de sofrimento e agonia psíquica para finalmente começar a olhar para si mesmo, e a minha orientação é: não deixe passar tanto tempo de sua vida para começar a viver avida que deseja.

 Pergunte-se: essa vida que vivo é minha ou eu deixei que a escolhessem por mim? E qual é a minha responsabilidade nisso? Partindo do raciocínio que as histórias mais difíceis de contar são aquelas que a gente não compreende e portanto sendo estas mesmas que provocam angústia, a psicanálise viabiliza a reconstrução de uma narrativa pessoal e consequentemente uma nova maneira de estar no mundo, possivelmente mais coerente consigo mesmo e com os seus próprios desejos.

 “Siga a sua angústia, ela é um bom caminho rumo a ti mesmo.”–Friedrich Nietzsche
Psicóloga
Andreia Miranda
CRP 05/36484
Psicóloga do Projeto Sakura

#19 Leonardo Zamboni – Democratizando o investimento em Startups no Brasil.

Neste episódio, conversamos com o Leonardo Zamboni, Partner e CRO da Captable https://captable.com.br uma plataforma que dá oportunidade aos investidores PF se unirem aos “tubarões” em pedaços de Startups. E também para Startups acessarem os investidores do varejo.

Leonardo nos conta sobre sua trajetória no mercado e como a Captable está “democratizando” o acesso a esses investimentos de alto risco, mas que podem mudar o mundo para melhor com escala e replicabilidade.

E para entender mais como funciona o ecossistema de Startups, a J1Seeds (J1株式会社) promove o evento Brazil Startup Pitch pela primeira vez na cidade de Hamamatsu no Japão.

Confira https://j1seeds.com/brastar/

Avance Corporation- Empregos no Japão

Bem-vindo(a) à Avance, uma empresa líder em recrutamento de pessoas para o mercado de trabalho no Japão! Somos uma empresa que valoriza o avanço na carreira dos nossos candidatos e trabalhamos com seriedade e dedicação para conectar profissionais qualificados às melhores oportunidades de emprego no país.


Com a Avance, você pode contar com suporte e orientação em todas as etapas do processo de busca por emprego. Nossa equipe é formada por especialistas em recrutamento com ampla experiência no mercado de trabalho japonês, o que nos permite entender as necessidades das empresas e dos candidatos e ajudar a promover o sucesso de ambos.

Nosso compromisso é ajudar você a avançar na carreira e alcançar seus objetivos profissionais no Japão. Nós acreditamos que com dedicação e esforço, é possível superar desafios e conquistar grandes realizações. Por isso, a palavra “avance” é tão importante para nós e está presente em tudo o que fazemos.

Se você está em busca de uma oportunidade de emprego no Japão e deseja contar com o suporte de uma empresa confiável e comprometida com o seu sucesso, a Avance é a escolha certa.


Avance para novas oportunidades!

 

Segunda  08:30 AM – 09:00 PM

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Nascimentos no Japão atingem menor nível

Mortes e casamentos tiveram aumento

 

Pelo sétimo ano consecutivo, o número de bebês nascidos no Japão em 2022 bateu um novo recorde negativo, ficando abaixo de 800.000 pela primeira vez desde que os registros começaram em 1899.

Segundo dados divulgados pelo governo na terça-feira, 28, nasceram no Japão, 799.728 bebês, baixa de 5,1%.

A queda ocorre muito antes de uma previsão do governo de 2017, que dizia que os nascimentos cairiam abaixo de 800.000 somente em 2033.

O governo aponta algumas causas: mudanças no estilo de vida resultantes da prolongada pandemia de COVID-19 e uma tendência crescente de pessoas se casarem mais tarde na vida ou não se casarem.

¨Muitos fatores complexos estão envolvidos, incluindo instabilidade financeira entre os jovens e menos encontros sociais¨, disse um funcionário do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar.

Takumi Fujinami , pesquisador sênior do Japan Research Institute, tem outra suposição: ¨É provável que a queda dos nascimentos em 2022 tenha sido impactada pelo declínio dos casamentos em 2020 devido à chegada da pandemia, visto que, em muitos casos, o primeiro filho nasce dois anos após o casamento¨.

 

Foram menos de 800 mil bebês nascidos (Foto: Lisa Fatios)

 

Os dados mais recentes mostraram que, excluindo as crianças nascidas de pais estrangeiros, o número aproximado de nascimentos é estimado em cerca de 770.000.

Os dados incluem números para cidadãos japoneses que vivem no exterior e estrangeiros residentes no Japão.

¨As mulheres, em particular, estão menos dispostas a ter filhos. Juntamente com o ambiente econômico e de emprego, a questão da diferença de gênero, que impõe um fardo pesado às mulheres em áreas como a criação de filhos, deve ser melhorada¨, completou Fujinami.

O governo do primeiro-ministro Fumio Kishida pensa em implantar medidas para combater o declínio da taxa de natalidade do país, com ministérios e agências do governo compilando até o final de março um esboço sobre como proceder com isso.

Quanto ao número de mortes no Japão em 2022, o número atingiu um recorde de 1.582.033, um aumento de 129.744, segundo os dados.

O número de casamentos, no entanto, aumentou pela primeira vez em três anos em 2022. Os casamentos caíram para o nível mais baixo desde o fim da Segunda Guerra Mundial em 2021 em meio à pandemia.

 

Fonte: Kyodo

 

A APLICAÇÃO DO ENCCEJA NA JURISDIÇÃO DE TÓQUIO

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Em novembro passado, em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o Consulado-Geral do Brasil em Tóquio aplicou as provas do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) tanto para brasileiros residentes no exterior (ENCCEJA Exterior) quanto para pessoas privadas de liberdade (ENCCEJA PPL). No exterior, o exame é aplicado em apenas doze países, entre eles o Japão.

O ENCCEJA é uma avaliação disponível desde 2002 para aqueles que não concluíram o Ensino Fundamental ou Ensino Médio em instituição brasileira na idade adequada. O Exame, de participação voluntária e gratuita, estabelece uma referência nacional para a avaliação de jovens e adultos. São quatro provas objetivas (Ciências Naturais, Matemática, Língua Portuguesa e Ciências Humanas) e uma proposta de redação. Trata-se, portanto, de uma ótima oportunidade para obter certificado de conclusão do Ensino Fundamental ou Médio e assim dar prosseguimento à educação continuada.

No exterior, a última edição do ENCCEJA havia sido realizada em 2019. Em 2020 e 2021 não houve aplicação do exame em razão da pandemia de Covid-19. Este lapso de tempo contribuiu para o aumento no número de inscritos, que somaram 90 candidatos neste ano, muito embora o comparecimento a ambas as edições tenha se mantido similar (53% em 2019 e 48% em 2022). Além disso, o comparecimento também foi semelhante entre os candidatos tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio.

Assim como na edição anterior, as provas do ENCCEJA Exterior foram aplicadas na Escola Paralelo, na cidade de Ota, província de Gunma, nos turnos matutino e vespertino. A escola dispõe de boa estrutura física e está em local de fácil acesso. Aproveito para registrar aqui nosso agradecimento à diretoria daquela instituição de ensino por sua cooperação na aplicação do exame e boa vontade em relação às necessidades do Consulado.

Já no caso do ENCCEJA PPL, foram 22 candidatos inscritos em treze instituições distintas (Tóquio, Kawagoe, Kofu, Fuchu, Chiba, Yokohama, Tochigi, Kurihama, Higashi Nihon, Sapporo, Niigata, Maebashi e Yamagata). A distribuição entre Ensino Fundamental e Médio foi de exatos 50% para cada nível. Vale destacar que o grau de dificuldade do ENCCEJA PPL é o mesmo do ENCCEJA regular: a única diferença está na aplicação, que ocorre dentro de unidades prisionais e/ou socioeducativas, também sob supervisão do Consulado. Agradecemos a cooperação de cada uma das instituições japonesas que possibilitaram a aplicação das provas.

E a você, estudante, que deseja dar seguimento à sua formação: não deixe de se preparar para a próxima edição!

Cuidados Paliativos

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Você já ouviu falar em Cuidados Paliativos?

São abordagens realizadas por uma Equipe Multidisciplinar quando um paciente tem uma doença ameaçadora de vida. O tratamento passa a focar no bem-estar do paciente e de sua família e na melhora da qualidade de vida que este paciente tem até a sua morte.

Os profissionais que atuam nos Cuidados Paliativos são: médicos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, capelães, nutricionistas, enfermeiras, advogados. Todos esses profissionais trabalham para garantir principalmente a humanização no tratamento, a dignidade e autonomia do paciente, respeitando seus valores e crenças.

Estamos falando dos sintomas e dores físicas, emocionais, sociais e espirituais que o paciente traz do momento atual da doença e também dos momentos ao longo da sua história, e que precisam ser ouvidas, acolhidas, legitimadas e em certos casos, resgatadas.

E na medida em que as pessoas têm essa legitimação dos seus sentimentos, preocupações e medos compreendidos e respeitados pelos profissionais, família e amigos, o cenário se torna mais humanizado, mais aceito, menos difícil de vivenciar a situação de morte e, posteriormente, de luto.

Anteriormente, não se falava muito sobre morte, supersticiosamente, diziam que falar sobre o assunto traria má sorte ou até a própria morte. Há 3 anos, no entanto, a pandemia não deixou sequer que nos preparássemos para tempos tão dolorosos; falava-se de morte constantemente nos noticiários diários, o que gerou um pânico mundial. Fomos obrigados a falar sobre perdas, sobre cuidados, sobre medos.

Atualmente, retomamos nossas vidas, mas o assunto sobre morte e luto está mais aberto para conversas e reflexões.

E os Cuidados Paliativos falam sobre a morte no tempo de vida daquele paciente, nem prolongado, nem antecipado, mas no tempo certo daquela pessoa.

Enfim, todos nós iremos vivenciar essas situações de vida e de morte, dos outros e de nós mesmos. E que elas sejam de forma mais respeitosa possível, de modo mais tranquilo que pudermos oferecer às pessoas que amamos e a nós mesmos.

Podemos falar mais sobre esse assunto?

 

Psicóloga
Leila Haru Okuda Marchezepe
CRP 06/11635
Psicóloga do Projeto Sakura

Cinco dias em Kagoshima

Dicas imperdíveis para um feriado prolongado na província mais meridional da ilha de Kyushu

Janeiro é o mês do aniversário de um dos meus melhores amigos. Ele é meu parceiro de copo e pratos e já viajamos juntos para alguns dos mais remotos locais do Japão. Kagoshima era a única província do país na qual eu nunca tinha pisado e, por isso, decidi convidá-lo para uma viagem gastro-histórica. Divido aqui com vocês, em forma de diário, os melhores momentos desta viagem.

DIA 1 – Reconhecendo o local

Kagoshima fica na ponta sul da ilha de Kyushu e, por conta de sua posição geográfica, é riquíssima em histórias e paisagens naturais. Chegamos ao aeroporto no final da manhã e o ônibus nos levou até o centro da cidade em cerca de 40 minutos. Era feriado, tudo estava meio morto e fomos procurar um lugar para comer. Num shotengai (calçadão) coberto próximo à estação de Kagoshima-Chuo fomos à procura de um restaurante de tonkatsu muito bem avaliado on-line. A espera era grande. Pegamos a senha e fomos dar uma volta.

Uma das poucas lojas abertas era a Fukae, dedicada ao shochu, bebida típica da ilha de Kyushu. Enfileiradas nas prateleiras, as garrafas coloridas – e inteligíveis para quem não lê japonês – chamam atenção. O shochu é uma bebida destilada que pode ser feita com diversos ingredientes. Em Kagoshima, o tipo mais popular é o imojochu, feito com batata-doce (imo, em japonês). O simpático vendedor apresenta os rótulos com atenção e explicações bem detalhadas e é difícil escolher um só. Deixo para depois.

No passeio pelo shotengai, acabamos encontrando o Kagaribi, um restaurante pequenininho de lámen que chamou nossa atenção. A fome era grande e entramos.

Pilotado por duas mulheres, o que é raro no mundo do lámen, o espaço de 8 lugares serve o tonkotsu, uma sopa feita com ossos de porco e rica em umami. Pedi o prato que leva o nome da casa e recebi uma tigela muito saborosa. Recomendadíssimo! O tonkatsu? Até fomos mas, honestamente, deixa quieto.

DIA 2 – Explorando a cidade a pé

Escolhi o Art Hotel Kagoshima por causa da vista esplendorosa do Sakurajima, o vulcão ativo que é símbolo da província. Acordamos com uma pequena quantidade de fumaça branca saindo da cratera, algo que, fui saber depois, é bem comum. Caminhamos pela beira da baía até o Mercado de Kagoshima com a intenção de tomar o café da manhã por lá. Estava meio tarde, não conseguimos ver o mercado em si e fomos direto para o Ichiba Shokudo. A ideia era comer peixe fresco, mas a foto mais chamativa do cardápio era a do aji fry, o carapau empanado e frito, como uma milanesa. De fato, o peixe chegou crocante e delicioso, muito bem acompanhado de verduras fresquinhas e um molho de pasta de soja missô bem adocicado. Para não sair da tradição, também fomos no chirashizushi, uma tigela de arroz coberta com sashimis diversos. Aqui, o destaque maior era o kaijiru, uma sopa de missô sarada em mariscos, com um sabor excepcional. Valeu muito a pena.

Seguimos na caminhada, desta vez à procura do shoyu local. O molho de soja de Kagoshima é conhecido por ser mais viscoso e adocicado. Nossa primeira visita foi a uma das lojas da Choshiya que produz shoyu desde 1735. Localizada num antigo posto de gasolina, a venda é um espaço supersimples que ganha vida por causa do vendedor e do seu gato. Ele nos ofereceu uma degustação dos produtos da casa que são bem interessantes. Além do shoyu, a Choshiya produz diversos outros molhos, todos à base do original de soja. Valeu a visita.

Mais 30 minutos de caminhada adiante e chegamos ao Monte Shiroyama, uma pequena elevação que oferece uma vista privilegiada para a cidade. A subida, pelo lado do hotel que fica no topo, tem uma escadaria e é bem amigável. O local é ocupado por um parque e a vista de cima é muito bonita, com o Sakurajima em destaque na paisagem. Uma visão inesquecível!

DIA 3 – Circulando o vulcão de bicicleta

O povo local tem muito respeito pelo Sakurajima. “Sakura” é a flor da cerejeira e “jima” é ilha. Hoje conectado a Kyushu por um minúsculo pedaço de terra, o vulcão era cercado de água por todos os lados até 1914 quando uma enorme erupção fez o serviço.

Nos últimos anos, foram tantas erupções no Sakurajima que as pessoas perderam a conta. Mas o Centro de Informações da “ilha” não deixa passar nada. A montanha de 1.117 metros é monitorada com atenção pelos cientistas. Eles consideram erupção toda exalação de cinzas que alcance mil ou mais metros de altura. Ou seja, a fumacinha branca que vimos ontem do quarto não é formada por cinzas. É apenas vapor d’água e, portanto, não se qualifica como erupção.

Da parte central da cidade de Kagoshima, são 15 minutos de barco até a ilha. Alugamos uma bicicleta esportiva no Centro de Informações e partimos para a volta à ilha. Poucos restaurantes estavam abertos e, por isso, levamos uma merendinha. Mas em menos de dez minutos de pedalada encontramos o Lapita, uma sorveteria. Com um interior feito com partes de antigas construções, o local é uma obra de arte em si. A Mana, dona da loja, veio de Tóquio para a ilha realizar seu sonho de morar no local. Os sorvetes dela são impecáveis, mas o de satsuma-imo, a batata-doce local, é cremoso e inesquecível.

Foi a adição de energia que precisávamos para a rota que totaliza 36 km e é cheia de altos e baixos. Além das belas vistas da Baía de Kinko, a imagem do vulcão vai mudando ao longo do trajeto. Num determinado ponto, no bairro de Kurokami, a cratera sul, que é a mais ativa, fica tão próxima que chega a amedrontar. Aliás, no bairro fica um dos pontos que remetem à erupção de 1914. O portal do santuário xintoísta local, que tinha 3 metros antes do evento, foi praticamente todo soterrado, ficando de altura menor que o de uma pessoa adulta.

É seguro passear no Sakurajima? Essa é uma pergunta capciosa. A antiga ilha é habitada e o risco que o turista sofre é o mesmo dos seus cinco mil moradores. A cratera está sob vigilância constante e, embora uma erupção seja imprevisível, eventos de grandes proporções costumam ter sinais e toda vez que a montanha fica mais invocadinha, alertas são emitidos. Além disso, há vários abrigos e rotas de fuga pelo mar. Tenha atenção e aproveite o passeio. O maior contato que você deve ter com a atividade vulcânica na ilha será o gostoso escalda-pés de água naturalmente aquecida que fica perto do Centro de Informações e que tem uma bela vista da montanha fumegante.

DIA 4 – Banquete francês e história local

Este foi o dia do aniversário do meu amigo e eu decidi convidá-lo para um almoço no Automne, considerado um dos melhores restaurantes de alta gastronomia de Kagoshima. A casa fica numa residência de mais de 100 anos de idade num pequeno penhasco à beira-mar. Impecável, o ambiente é tudo o que se imagina em termos de discrição e elegância japonesa, com espaços abertos, muito bem iluminados e um belo jardim com uma cachoeira.

O menu em seis passos traz ingredientes da região em diversos preparos franceses, num delicado encontro entre duas gastronomias que se combinam bem. Estiveram lá os frutos do mar, o kuroge wagyu, carne de boi marmorizada de alta qualidade, as inúmeras verduras e, claro, temperos como o shoyu e o missô. Tudo preparado com esmero e muito sabor, acompanhado por vinhos europeus de alta qualidade. Foi uma daquelas refeições que reverberam no paladar e no coração por muito tempo.

Daqui, seguimos prontos para a próxima parte da viagem, um mergulho na história de Kagoshima. Começamos pela Satsuma Glass Kogei, uma fábrica histórica de produção de copos no estilo kiriko, em que o vidro é trabalhado pelos artesãos com cortes para trazer cores e formas. Fiquei apaixonado por cada copo e cada garrafa produzidos em processo realmente artesanal. O ateliê de fabricação fica em área aberta e a gente pode assistir à destreza com que os trabalhadores criam as belas peças vendidas na loja ao lado.

A poucos metros da fábrica fica o Sengan-en, a residência de veraneio do clã Shimazu, que dominou Kagoshima até o século 19. O jardim, datado do século 17, é o cenário para uma residência incrível com quase 30 cômodos. Hoje, ela é apenas uma parte do que era até o final do xogunato e representa bem a sofisticação e o poder dos Shimazu na região. Tivemos a sorte de pegar uma visita guiada (em japonês) que apontou os detalhes da casa com muita clareza e contou histórias sobre a família e sobre visitantes ilustres que ali passaram. Foi possível entender como a estratégica posição e o olhar do clã Shimazu colocou Kagoshima na vanguarda da modernização do Japão no meado do século 19.

A área da cidade com a fábrica e o jardim faz parte dos Sítios da Industrialização Japonesa no Período Meiji, uma série de construções espalhadas pelo Japão e tombada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

DIA 5 – Vai me enterrar na areia?

Estamos em Ibusuki, cidade a pouco mais de uma hora de trem de Kagoshima. O dia começou com uma caminhada até o Porto de Yamakawa, uma área conhecida pela pesca do atum-bonito, ou katsuo, em japonês. O atum-bonito é um peixe de carne vermelha e sabor ferroso, muito apreciado pelos japoneses. Começamos o dia visitando o mercado que fica no Michi no Eki, as paradas de estrada do país. Lá, conhecemos o simpático Ken-chan, um senhor de 80 anos que vende diversos produtos derivados do atum-bonito, dentre eles o katsuobushi, essencial na gastronomia japonesa.

O peixe passa por um processo de cozimento, defumação e cura que pode levar até seis meses. O resultado final lembra o duríssimo guaraná em barra, muito comum no norte do Brasil. Depois, ele é laminado em lascas finíssimas para gerar um caldo rico em umami. Depois de fazer compras – e tomar uma dose de shochu – na barraca do Ken-chan, pudemos fazer um tour completo pela fábrica da Daimaru, que nos mostrou todo o processo, basicamente artesanal, da produção do katsuobushi. Antes, claro, a gente provou, no restaurante do Michi-no-eki, um katsuokatsu, empanado de atum-bonito. Perfeitíssimo.

Na volta para o centro de Ibusuki, passamos na principal atração da cidade. O suna-mushi é um relaxamento para o corpo que usa as areias quentes da Praia de Yunohama. A areia superficial do local nem parece tão quente ao primeiro toque. Basta escavar bem pouquinho para sentir que a água ali é quente. A placa indica que a temperatura é de mais de 80 graus!

A experiência, portanto, é ser enterrado na areia, num local sem água infiltrada, por 10 minutos. O tempo é considerado ideal para não ter problemas de tontura ou queda de pressão.

Para a atividade, não precisamos levar nada. O Suna Mushi Kaikan oferece um quimono que protege o corpo da areia e uma toalha para proteger os cabelos. A sensação é um pouco sufocante de início, muito mais pelo peso da areia do que pela temperatura, bem tolerável. Depois de ter perdido o medo, gostei da experiência que terminou no banho termal do local.

Depois da enterrada, foi hora de voltar para o hotel, dar uma descansada e se preparar para regressar a Tóquio, com a certeza de que deixo para trás um destino ainda pouco explorado

por quem visita o Japão. Uma pena! Kagoshima é um dos lugares mais sensacionais que eu visitei neste país.

por Roberto Maxwell

ZONA DE CONFORTO

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ZONA DE CONFORTO 

A zona de conforto é uma maravilha, principalmente no Japão. Uma ótima renda anual – praticamente sem precisar falar a língua japonesa, sem diploma universitário e geralmente só fazendo trabalho braçal – proporcionam uma felicidade sem igual, pois tudo é muito fácil. O poder aquisitivo, comparando com o do Brasil, é realmente muito grande: carrões, mil tipos de “brinquedos”, roupas e acessórios, equipamentos top etc.

Se fica desempregado, tem a ajuda do governo; se vem a crise, idem. As repartições públicas funcionam quase perfeitamente no Japão, os clientes de todos os tipos de estabelecimento são muito bem atendidos etc. Apesar da renda e do poder aquisitivo, o “preço” disso é muito alto, pois o esforço para conseguir tudo isso, na verdade é grande demais, mas a zona de conforto “anestesia” tudo, até a parte ruim.

Tudo está sob o controle da pessoa – dentro destas limitações – e o cérebro tem uma sensação de segurança muito grande. Por isso, inconscientemente as pessoas recusam mudanças, às vezes até agressivamente, pois são ameaças ao conforto conquistado. Então a pessoa se torna “refratária” aos novos desafios e “impermeável” às ideias e criatividade, positivas para o próprio desenvolvimento pessoal. Sente que não precisa tomar iniciativa nenhuma para nada, não precisa estudar nada etc. Esta é mais ou menos a descrição da “zona de conforto” que muitos não percebem que estão nela ou não admitem. A quantidade de pessoas que está “desfrutando” da zona de conforto é muito grande; só uma pequena minoria não está nela e batalha muito. É claro que isso é compreensível, mas não é nada benéfico.

Muitos vieram ao Japão com sonhos na cabeça e lutaram muito para conquistá-los. No Brasil, nem sonho podiam ter. Quase todos sentiram fortemente os reveses que custavam para alcançar o objetivo. Barreira da língua, choque cultural, saudades da família e dos amigos, saudades daquela terra imensa e maravilhosa. Claro que todos sofreram, pois estavam numa zona de conforto no Brasil. Sofreram muito aqui no Japão, mas sempre “anestesiados” pela “grande recompensa”, aos poucos todos começaram a se aconchegar na nova zona de conforto. Por isso, quase ninguém sente a necessidade de aprender a língua japonesa ou adquirir qualquer outra aptidão, pois “não precisam”. Afinal, ganham mais do que aquele pobre universitário que se ralou de estudar e virou “peão” igual todos.
Mas o que há de errado em estar na zona de conforto? Apenas uma coisa errada: justamente ‘estar’ na zona de conforto! O que a zona de conforto pode estar te fazendo:

  •  Perder a sensibilidade aos problemas, para simplesmente se acomodar neles.
  • Sentir que tudo na vida é difícil, trabalhoso ou tedioso.
  • Enxergar a vida apenas superficialmente, sem nada interessante.
  •  Desvalorizar tudo, pois não nada parece acrescentar algo de bom.
  • Procrastinar tudo e não ver nenhum problema nisso.

Isso tudo é um desperdício de vida. O tempo perdido na zona de conforto, impede de ter uma vida mais interessante, que vale a pena ser vivida. Por isso, pare e reflita sobre este problema. Procure perceber e detectar como a zona de conforto está te afetando e saia dessa. Afinal, o tempo passa rápido demais!
Foto: © O.P.C. / AC Photo.

A diferença entre ouvir e escutar alguém

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Vivemos em um mundo cada vez mais conectado, onde as pessoas passam a maior parte do tempo em redes sociais e em interações virtuais. No entanto, a questão não é a tecnologia e as redes sociais em si, mas como as pessoas utilizam ela. Acostumados a consumir conteúdos curtos e de fácil interação, tudo a um click de você, as pessoas estão perdendo ou deixando de estimular outras habilidades, e uma delas é a comunicação.

Mediante a criação de outras formas de se comunicar, como vídeos, textos curtos, emojis, etc., algumas pessoas têm perdido a habilidade de escutar o outro e ao invés disso, apenas ouvem. Mas qual seria a diferença entre ouvir e escutar? Ouvir diz respeito ao sentido da audição, é aquilo que o ouvido capta, sendo um processo mecânico referente ao sentido da audição. É o som que ouvimos além da nossa vontade. Enquanto escutar remete ao ato de ouvir com atenção, prestar atenção ao que o outro está falando, compreender e processar o que está sendo captado pela audição. Escutar não tem relação com concordar ou discordar, mas levar em consideração o que o outro está te dizendo.

Esse ato de escutar está cada vez mais raro hoje em dia, pois as pessoas têm mais necessidade de falar do que escutar. Além disso, a pressa e o desinteresse faz com que as pessoas ouçam umas às outras, mas não as escutem de verdade. Quantas vezes você já viu ou vivenciou a seguinte cena: uma pessoa está falando e a outra está mexendo no celular apenas balançando a cabeça ou emitindo comentários rasos como: “é complicado”, “é difícil”, “que chato”, e continua no celular. Será que esta pessoa está te escutando ou ouvindo? É extremamente desmotivador conversar com alguém assim e, infelizmente, essa é a realidade que encontramos na maioria dos bares, restaurantes e dentro de casa.

Outra questão interessante para a gente pensar em relação à comunicação é: você escuta para responder ou compreender? Tem pessoas que te escutam com o intuito de apenas responder e retrucar o que você está dizendo, não há uma iniciativa de tentar compreender. Observamos muito essa comunicação quando duas pessoas estão discutindo. Enquanto que escutar para compreender é quando você tenta validar o que o outro está dizendo, tenta entender o ponto de vista da pessoa e emite a sua opinião com respeito e não como uma imposição.
A partir disso, vale a pena questionarmos: estamos escutando ou ouvindo as pessoas? Estamos escutando para tentar compreender ou apenas responder? Pense em como você tem se comunicado com os seus amigos e familiares, pois como diz Paulo Coelho “quem não sabe ouvir, não escuta os conselhos que a vida dá”.

Psicóloga
Juliana Fernanda de Barros
CRP 06/11635
Psicóloga do Projeto Sakura desde 2016.

Samurai negro foi tema da escola campeã do carnaval paulista

Saiba quem foi Yasuke

A Mocidade Alegre, escola de samba da zona norte de São Paulo, conquistou o título do Grupo Especial do Carnaval de 2023.

O desfile da Escola foi perfeito, tanto que a escola conseguiu 10 em todos os quesitos, totalizando 270 pontos, apenas um décimo a mais que a segunda colocada, a Mancha Verde, que terminou com 269.9 pontos.

 

Carro da Mocidade Alegre (Foto: Portal Carnaval)

 

Depois de um jejum de 9 anos, a Morada do Samba chegou ao seu 11º campeonato. O enredo homenageou Yasuke, o primeiro samurai negro do qual se tem registro histórico.

Origem

A história de Yasuke é cheia de incertezas.

Há dúvidas se ele seria um escravo, um cristão livre, ou alguma outra possibilidade, mas os registros indicam ter sido o primeiro samurai negro do Japão.

Yasuke chegou ao Japão em 1579, a serviço de missionários jesuítas italianos. É importante ressaltar que nenhum relato afirma que ele era escravo, e sim um ajudante da comitiva.

Em sua chegada, o povo japonês ficou tão impressionado com o seu físico que houve uma enorme aglomeração para vê-lo.

Relatos diziam que ele tinha 1,88m de altura (muito superior à média japonesa), com a força ¨equivalente a 10 homens¨.

Existem poucas informações sobre a origem dele, mas alguns acreditam que ele veio do povo Macua, uma sociedade matriarcal dos povos originários de Moçambique.

 

Desfile da campeã (Foto: O Povo)

 

Também há quem diga que sua origem esteja na Etiópia, Angola, Nigéria e até Portugal.

De acordo com a lista de samurais do Japão nascidos no exterior, Yasuke foi o primeiro estrangeiro a receber o título.

Ele também foi mencionado nos arquivos do Clã Maeda, que diz que foi concedida a ele uma residência própria, assim como o cerimonial da katana feito por Oda Nobunaga.

O senhor feudal também lhe concedeu o direito de porte de arma e Yasuke era constantemente visto cavalgando ao seu lado em batalhas e mostrando sua alta patente militar.

Fim incerto

Com Oda Nobunaga interessado na unificação das províncias japonesas e na cultura europeia, Yasuke desenvolveu uma forte amizade com o líder.

Em junho de 1582, Oda foi atacado e forçado ao seppuku (ou harakiri), nome pelo qual o suicídio de samurais é conhecido no ocidente.

Após a morte de Oda, Yasuke juntou-se ao filho e herdeiro Oda Nobutada, que tentava impor suas forças no castelo Nijō.

Yasuke lutou ao lado de Nobutada por um longo período, mas sem sucesso.

Depois de ser derrotado e capturado pelo exército de Akechi, foi levado de volta aos jesuítas.

 

O samurai negro (Foto: Wikipedia)

 

A partir daí, nao existem mais registros do que teria acontecido ao samurai. Por isso tantas suposições.

Alguns acreditam que Yasuke não foi executado pelo exército de Akechi pelo respeito que até os adversários tinham por suas habilidades de batalha.

Outros acreditam que ele tenha sido poupado pelo respeito por sua cor, já que pessoas de pele escura também eram admiradas religiosamente naquele período. Naquela época ainda existiam muitas figuras de Budas negros nos templos japoneses.

E outros acreditam que Akechi não executou Yasuke porque não queria ofender os jesuítas, necessitando de todos os aliados que pudesse ter após sua conquista territorial.

Ídolo pop

A história de Yasuke sempre atraiu os olhares da cena pop mundial.

Yasuke ficou mais em evidência em 2019, quando foi anunciada uma produção live-action estrelada por Chadwick Boseman (Pantera Negra), que infelizmente faleceu em 2020, vítima de câncer, antes do projeto caminhar.

 

Anime da Netflix (Divulgação)

 

Em 2021, a Netflix lançou uma série de anime nipo-americana baseada na história do guerreiro.

Em solo brasileiro, Yasuke foi citado nas músicas do rapper Emicida, assim como na coleção Lab Yasuke da grife Laboratório Fantasma.

Recentemente, a editora Skript lançou um quadrinho brasileiro inspirado no samurai.

 

Fontes: Mocidade Alegre e Wikipedia