Kamishibai: Uma História em Folha e Cores

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O Kamishibai, ou “teatro de papel”, é uma forma fascinante de contar histórias que se originou no Japão no final dos anos 1920. No entanto, sua história remonta aos séculos IX ou X, quando os monges usavam rolos ilustrados combinados com narração para transmitir a doutrina budista ao público leigo. Com o tempo, os contadores de histórias, conhecidos como etoki, adaptaram esses métodos para contar histórias mais seculares, resultando no surgimento do Kamishibai como o conhecemos hoje.

Durante os períodos Edo (1603-1867) e Meiji (1868-1912), surgiram diversos estilos de performances de rua, utilizando imagens e narração. Entretanto, somente no final dos anos 1920 o Kamishibai assumiu a forma que reconhecemos atualmente. Os performers, chamados de kamishibai-ya, sustentavam-se vendendo doces e podiam transportar facilmente o pequeno palco de madeira em suas bicicletas, juntamente com os cartões ilustrados e seus produtos, de cidade em cidade. As histórias eram contadas em formato serial e eram tão envolventes que o público retornava repetidamente para comprar doces e ouvir o próximo episódio da história.

O Kamishibai, essencialmente um “teatro de homem pobre”, floresceu durante um período de extrema dificuldade financeira no Japão. Na década de 1930, uma depressão econômica assolou o país, levando muitas pessoas às ruas em busca de uma forma de sobrevivência diária. O Kamishibai ofereceu uma oportunidade para artistas e contadores de histórias ganharem uma vida modesta. Durante e após a Segunda Guerra Mundial, o Kamishibai tornou-se uma parte cada vez mais integrante da sociedade como uma forma de entretenimento que podia ser transportada facilmente até mesmo para abrigos antiaéreos e bairros devastados.

No entanto, com o advento da televisão na década de 1950, o Kamishibai começou a perder popularidade. A televisão foi inicialmente chamada de “kamishibai elétrico” devido à sua influência. À medida que o Japão se tornava mais próspero, o Kamishibai tornou-se associado à pobreza e ao atraso, quase desaparecendo como uma forma de arte de rua. Os artistas que ganhavam a vida com o Kamishibai voltaram-se para atividades mais lucrativas, como a criação de mangás e, posteriormente, animes, mas nunca esqueceram completamente suas raízes no Kamishibai.

Apesar de ter sido marginalizado em certa medida, o Kamishibai nunca desapareceu por completo. Histórias de Kamishibai para fins educacionais ainda são publicadas e podem ser encontradas em escolas e bibliotecas em todo o Japão. Além disso, houve um ressurgimento do Kamishibai em festivais de teatro de papel feitos à mão, onde pessoas de todas as idades se reúnem para apresentar histórias que eles mesmos ilustraram. O Kamishibai tem sido uma forma de unir pessoas e culturas, transcendendo barreiras linguísticas e culturais. Onde houver pessoas que queiram se reunir e compartilhar histórias, o Kamishibai sempre terá um lugar especial.

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