Entrevista exclusiva com o time Captable

Leitura obrigatória

Gustavo Piccinini Guilherme Enck Paulo Deitos Leonardo Zamboni Foto de Carlos Macedo
Gustavo Piccinini Guilherme Enck Paulo Deitos Leonardo Zamboni Foto de Carlos Macedo

No mundo empresarial contemporâneo, as startups estão emergindo como as protagonistas indiscutíveis de uma nova era econômica. O que começou como uma tendência disruptiva há algumas décadas, agora se transforma em um movimento global que está redefinindo a maneira como fazemos negócios.

E é em meio ao mercado ascendente das startups e à busca por apoio financeiro de investidores neste modelo de negócio que ideias de mercado inovadoras ganham vida, assim como a plataforma Captable.

Fundada em 2019, a plataforma vem se destacando por sua capacidade de conectar investidores de todos os portes a startups visionárias. Através do seu know-how em inovação e tecnologia, a Captable tem transformado a forma como negócios em estágio inicial acessam recursos essenciais para que possam alcançar novos patamares e fazer com que seus negócios ganhem escala.

Para entender um pouco mais sobre esse (novo) movimento de mercado e como a Captable vem se destacando não só no mercado nacional, como internacional, a Guia JP entrevistou o time por trás de todo esse sucesso.

Leonardo Zamboni, um dos sócios fundadores da Captable, explica o que é a Captable: “Nós somos uma empresa que conecta investidores a startups e startups a investidores, atuando nas duas pontas como intermediário destas relações”.

“Estes investimentos estavam mais restritos, e agora, com algumas liberações da CVM¹ nos últimos meses e algumas evoluções nossas permitiram que hoje, efetivamente, possam ser feitos investimentos através dessa plataforma pública da Captable de qualquer lugar do mundo”, finaliza.

A Captable, uma figura central no cenário de investimentos em startups no Brasil, teve sua origem em uma jornada de empreendedorismo e inovação. Iniciou-se em 2008, período em que o cenário de captação de recursos para startups no Brasil ainda estava em fase inicial, sendo esta uma época na qual faltava um ambiente propício para o florescimento dessas jovens empresas.

Em 2013, Paulo e Leonardo embarcaram em uma empreitada própria lançando uma startup e obtendo um sucesso notável, conquistando clientes de peso como a Arezzo e o Agibank em tempo recorde. No entanto, rapidamente se depararam com um obstáculo comum a muitas startups:

“A gente perdia esses clientes quando a gente crescia demais porque entrava no setor de compliance², de suprimento de compras, porque os contratos passaram a ficar mais robustos”, relembra Zamboni.

Assim, uma jornada se iniciava em busca de capital para sustentar o crescimento e ganhar credibilidade no mercado. No entanto, a busca por financiamento não foi tão simples quanto se imaginava. O mercado na época estava repleto de ofertas desfavoráveis, como propostas de investimento que exigiam participações significativas em troca de quantias modestas.

Mas Paulo e Leonardo persistiram na empreitada. Em busca de novas soluções, cada um seguiu seu próprio caminho: “Eu (Leonardo) fui morar na Ásia, inclusive, mais para conhecer esse novo ambiente de negócio que estava acontecendo. O Paulo se tornou diretor da Associação Brasileira de Fintechs, e aí passou a ter uma proximidade muito grande com os reguladores da CVM e do Banco Central, líderes do mercado de capitais aqui dentro do Brasil”, conta.

A partir dessas conversas e experiências que surgiu a ideia de abrir o mercado de capitais a empresas de menor porte, permitindo que startups acessassem investimentos. A expertise de Paulo colaborou com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para criar regulamentações que possibilitariam essa abertura.

À medida que esses desenvolvimentos aconteciam, eles se aproximaram da comunidade de empreendedorismo, incluindo a StartSe, que estava atraindo investidores do mercado financeiro tradicional para o cenário de startups. A visão de unir o conhecimento do mercado financeiro com o empreendedorismo de startups se concretizou, e a Captable foi criada para fornecer acesso a esse mercado de capitais em crescimento.

Leonardo ressalta: “Colocamos de pé a Captable para que mais empreendedores tivessem acesso a esse mercado de capitais, rompendo as barreiras de coisas que foram muito difíceis para nós e que tivemos que depender do nosso Network”.

A Captable surge então com a missão de conectar empreendedores com negócios promissores a investidores ávidos por oportunidades de investimento em startups, com foco em derrubar as barreiras que dificultaram a captação de recursos para empreendedores fora dos grandes centros, e o acesso a investimentos para um público mais amplo.

“Quando estamos falando de Brasil, principalmente, um fundo com uma boa performance costuma ter a cota mínima em 500 mil dólares. Isso é inacessível para a grande maioria dos investidores brasileiros. Então a gente vem com essa ideia de unir empreendedores com negócios de grande potencial, mas ainda sem a visibilidade do mercado, para ter esse acesso ao capital, com investidores que também tinham esse apetite para entrar nessa modalidade de investimento”, explica Zamboni.

Em suma, a Captable democratiza o acesso ao mercado de capitais, tornando-o mais inclusivo e acessível a todos os interessados em fazer parte dessa emocionante jornada de investimento em startups, de forma simplificada e menos burocrática.

StartSe e Captable

Uma parceira crucial para o estágio inicial da Captable, que começava a se firmar no cenário, a StartSe desempenhou um papel fundamental na ampliação da sua visibilidade. “A gente ainda era uma empresa nascente, com um nome ainda menos aparente dentro do mercado, e eles (StarSe) tiveram um papel fundamental, porque o público que a StarSe conversa é o público que a Captable busca trazer”, afirma Leonardo.

A StartSe tinha um relacionamento estreito com executivos experientes e trazia consigo um profundo conhecimento adquirido ao longo do tempo, que era extremamente valioso para as operações das startups. Com essa parceria, a Captable teve a oportunidade de se beneficiar, o que ajudou a impulsionar seu crescimento inicial.

Com o passar do tempo, a Captable ganhou sua própria relevância no mercado e fortaleceu suas bases. Segundo Leonardo: “Fomos caminhando com as próprias pernas. E hoje dá para dizer que a StartSe mantém a posição de investidora dentro da Captable, mas o dia a dia já não é mais tão ligado como foi anteriormente”.

 

Brasil: o novo “El dorado” das startups

No horizonte econômico global, o Brasil emerge como um terreno fértil e promissor para investimentos em startups. Com sua vasta população, recursos naturais abundantes e um cenário tecnológico em crescimento constante, o país sul-americano se destaca como um campo de oportunidades que não pode ser ignorado.

Mas o que faz do Brasil um mercado tão atraente para investidores, especialmente no contexto efervescente das startups? 

Para Zamboni, embora Estados Unidos e China tenham ambientes mais maduros, a curva de crescimento talvez não seja mais tão exponencial, enquanto que o Brasil oferece um cenário único de possibilidades.

O cenário brasileiro viu o surgimento do Venture Capital³ de forma bastante modesta até o início de 2015. Foi nesse período que a primeira geração de fundos começou a ganhar destaque, muitos deles com apoio público, como o BNDES4 e a FINEP5, impulsionando essas iniciativas.

“Esses fundos deram essa primeira pernada, apoiaram vários negócios, em que alguns deram certo e outros deram menos certo. E agora, estamos na segunda e na terceira geração desses empreendedores, com uma maturidade de mercado bastante interessante, embora ainda no início”, complementa Leonardo.

Outro fato de grande relevância para esse cenário é o destaque brasileiro na adoção massiva de tecnologia. A penetração de celulares é um exemplo claro, com uma média de mais de um aparelho por habitante no país. O acesso aos smartphones e à tecnologia em geral é uma realidade para grande parte da população, criando um ambiente fértil para o surgimento de soluções inovadoras e a expansão de startups.

Leonardo acrescenta ainda a preferência dos jovens pelo trabalho em startups: “A preferência deles do mercado de trabalho futuro é em startups e não mais no mercado financeiro, como era anteriormente. Então, também tem esse interesse do mercado de trabalho de talentos migrando para essa área de empresas tecnológicas”.

Mapa das oportunidades: os setores emergentes que prometem no investimento em Startups no Brasil

No vasto território do mercado brasileiro, repleto de desafios e oportunidades, as portas para os negócios estão sempre abertas em diversas frentes. A pluralidade de setores é inegável, e o potencial de crescimento é amplo em todos eles.

No entanto, quando olhamos para o fator de rentabilidade e as tendências que moldam o cenário, um setor se destaca: as fintechs6.

Em meio a esse cenário crescente, torna-se crucial mapear as oportunidades presentes e futuras dentro do mercado de startups e investimentos. Para isso, Zamboni destaca mais dois segmentos com fortes promessas no potencial de investimento no país:

“O Brasil tem uma dinâmica do agro muito forte. Claro que pelo tamanho territorial é difícil porque tem a dinâmica do presencial ainda normalmente no agro, mas a oportunidade é gigante para aqueles que conseguem furar essa bolha”.

Outra tendência que vem ganhando espaço nesse cenário é a busca por oportunidades no mercado da sustentabilidade. Esse movimento envolve a descarbonização de processos industriais, o fomento à logística reversa e a promoção da reutilização de materiais.

Leonardo ressalta: “Acho que tudo isso tende a crescer bastante, e aí entra a parte de logística, de deixar isso mais fluido, talvez”.

O potencial inexplorado do venture capital no Brasil

O Brasil, com sua vasta extensão territorial e uma economia diversificada, sempre foi considerado um terreno fértil para oportunidades de investimento. No entanto, quando se trata do mundo das startups e do venture capital, o país ainda está no início de sua jornada. Embora tenha havido progressos notáveis nos últimos anos, é evidente que este mercado brasileiro tem espaço significativo para crescer e amadurecer.

“Quando a gente começa a ver startups mais relevantes, ver histórias de investidores que conseguiram multiplicar seu capital ou construir uma carteira relevante dentro do venture capital, isso traz cada vez mais gente para o jogo. Além disso, essa parte regulatória que propiciou empresas como a Captable a acessar uma quantidade maior de investidores ajuda bastante dentro do Venture Capital”, ressalta Zamboni.

Entretanto, o cenário de Venture Capital brasileiro enfrenta desafios significativos, com um dos maiores obstáculos sendo a taxa de juros excepcionalmente alta que o país enfrenta. No Brasil, a referência é sempre a renda fixa, em que os investidores podem obter retornos substanciais com riscos consideravelmente baixos.

Isso cria uma barreira para tornar os investimentos em startups atrativos, já que precisam superar essa marca de rentabilidade para conquistar os investidores. “A gente teve um salto aí de 900 mil para mais de 5 milhões de investidores. Então tem bastante gente, mas isso é menos de 3% da população brasileira. Assim, ainda tem um espaço gigante para investidores entrarem nessas alternativas diferentes de investimento”, reafirma Leonardo.

 

Do PowerPoint à realidade: o caminho das startups na captação de recursos

No vasto e desafiador terreno das startups, a captação de recursos é um dos primeiros e mais cruciais passos rumo ao sucesso. Esse território torna-se ainda mais desconhecido quando levamos em conta jovens empresas, muitas vezes lideradas por empreendedores sem histórico prévio em operações de startups, e que buscam o know-how necessário para tornar suas ideias visionárias em realidade.

A jornada começa com recursos próprios, familiares e o apoio de amigos, mas à medida que o projeto ganha vida, a busca por financiamento se torna premente.

Nas palavras de Zamboni “Depois que ele já tem isso em operação, já mostrou que ele achou um produto, achou um mercado, que aquilo tem uma capacidade de escala e que, sim, vem crescendo nos últimos períodos, aí um player como a Captable é o ideal para ele procurar”.

Ou seja, quando uma startup já provou seu valor, encontrou seu nicho e demonstrou um potencial escalável, a Captable emerge como uma aliada poderosa no processo de aceleração e expansão do negócio.

Mas como esse empreendedor encontra ou é encontrado pela Captable? 

A estratégia da Captable nesta seleção é marcada por uma abordagem dual. A maioria das oportunidades chega por meio de empreendedores que descobrem a plataforma e a procuram, ávidos por uma chance de crescimento.

Em outros casos, a busca parte da própria plataforma em busca de empreendimentos promissores, especialmente quando investidores indicam nichos específicos de interesse. “Nossa equipe realiza pesquisas no mercado em busca de negócios que tenham potencial para escalar caso receba um aporte”, afirma Zamboni.

Mas este trabalho de “caça às startups promissoras” não é algo fácil. Segundo Leonardo, muitas delas ainda não estão sob os holofotes da mídia especializada e estão em estágios iniciais de operação, o que dificulta a identificação. Ele complementa: “São muito menos oportunidades ativas do que aquelas que chegam até nós, principalmente referenciadas por alguém da nossa network”.

Leonardo compartilha ainda que a Captable adota critérios abertos na identificação de startups com potencial escalável, pois não é um fundo de investimento tradicional, mas sim uma plataforma diversificada.

Entretanto, Zamboni enfatiza algumas considerações importantes: “Não temos o hábito, por exemplo, de realizar rodadas de captação com startups em estágios extremamente iniciais, assim como também avaliamos se os empreendedores estão comprometidos em tempo integral com o negócio, pois buscar capital de terceiros requer dedicação total”.

Segundo o entrevistado, em estágios iniciais, é crucial que as startups não comprometam uma parte substancial de sua participação com investidores anjos ou indivíduos que não desempenham um papel direto na operação. Isso evita complicações na busca por financiamento futuro.

Quando essa situação é identificada, a abordagem da equipe da Captable é consultiva, procurando convencer investidores anteriores a ajustar suas participações para garantir o crescimento sustentável da startup. Isso não é um critério de exclusão, mas sim uma oportunidade para alinhar interesses e aprimorar as perspectivas de captação de recursos em longo prazo.

Para Leonardo “Esse não é um critério de exclusão, mas sim uma área em que podemos contribuir significativamente para aprimorar as perspectivas de captação de recursos da startup, alinhando melhor seus interesses com os objetivos de crescimento em longo prazo”.

O risco de ceder uma grande parcela da empresa

Como dito anteriormente, muitos empreendedores movidos pela necessidade de capital podem estar dispostos a ceder uma parcela significativa de seu negócio em troca de investimento. No entanto, Leonardo alerta como essa abordagem pode ser arriscada e prejudicial ao futuro da empresa.

“Se esse investidor já tem uma parcela muito grande logo no início da operação, os demais investidores que porventura possam se interessar neste negócio não vão fazer investimento por entenderem que a empresa não vai conseguir mais tomar capital no mercado, permanecendo com o mesmo tamanho ou crescendo de maneira orgânica e local.”

Para tanto, Zamboni ressalta a importância do Stage Finance, referente às diferentes rodadas de financiamento que uma startup pode buscar, como investimento-anjo, pré-seed, seed, série A, série B e assim por diante, entendendo a dimensão de cada negócio.

Já na outra ponta, alguns investidores podem impor condições rigorosas, tais como direitos de voto significativos ou até mesmo restrições pessoais ao empreendedor, o que pode prejudicar a flexibilidade e a saúde geral da startup.

Nesse contexto, o papel da Captable é justamente ser o intermédio entre investidores e startup, atuando de forma consultiva e também protegendo ambas as partes, para que o negócio se torne sustentável a médio-longo prazo e que a empresa atinja seu potencial pleno.

 

“A Captable é uma bola no meio-campo. Não somos pênalti para nenhum lado.” – Leonardo Zamboni

 

Captable como ferramenta escalável de negócio

Já vimos o quanto o mundo das startups é um ecossistema crescente e repleto de oportunidades, atraindo investidores ávidos por participar desse capítulo na inovação empresarial. No entanto, entender como a participação em uma startup funciona, principalmente por meio de ferramentas como a Captable, é essencial para os investidores.

Para entendermos como esse processo flui, Zamboni explica: “O investimento dele ocorre tudo via plataforma, então é tudo de maneira online centralizada. Essa é uma exigência regulatória de que tudo ocorra no ambiente regulado, que é a plataforma de investimentos. Então, o investidor passa a ter acesso a essas informações da startup e é chamado em eventos específicos para tomar algumas decisões, principalmente quando isso envolve a entrada de novos investidores ou de um comprador para aquela startup”.

Para Leonardo, os empreendedores necessitam dessa autonomia de escolha para o crescimento de seus negócios, ou seja, impor um controle excessivo sobre cada decisão estratégica, com um grupo de investidores intervindo em todos os aspectos, pode sufocar essa agilidade vital que faz parte do modus operandi das startups.

Leonardo finaliza: “Então, essa é a participação do investidor. Ele não tem uma participação ativa votando, tomando decisões dentro da startup, mas ele tem acesso a essas decisões tomadas”.

E como funciona o movimento de saída dos lucros investidos através da plataforma? 

A essência dos investimentos na Captable é frequentemente encontrada no formato de mútuo conversível. Nesse contexto, a plataforma introduziu seu próprio contrato, conhecido como a “nota conversível em participação sectária”. Esse contrato representa uma forma de investimento coletivo, no qual um grupo de investidores se reúne para apoiar a empresa em condições similares, mas com segregação em lotes distintos.

Greg Schneider, que também compõe o time Captable, exemplifica: “Então cada investidor investe seus mil reais e adquire um lote desse investimento. Esse, juridicamente é um mútuo, é um empréstimo de dinheiro. Você está emprestando dinheiro para a empresa. E você tem como obrigação principal retornar esse dinheiro com juros, uma correção em cima, que nas nossas captações a grande maioria é o 100% do CDI8”.

Após o período de cinco anos, quando ocorre o encerramento da oferta, o contrato atinge seu vencimento natural, e para os investidores, surge uma escolha importante: eles têm o direito de receber seu capital de volta ou optar por converter seu investimento em participação societária, transformando o valor investido em capital social da empresa. Isso os transforma em acionistas, com uma parcela do negócio.

“Nós exigimos que as empresas se tornem sociedade anônima. Faz parte da maturidade de uma empresa que vai ter seu capital pulverizado, até para o próprio resguardo dos investidores, a modalidade sociedade anônima”, salienta Greg.

Mas existem também os casos em que esse vencimento do investimento ocorre anteriormente ao vencimento natural, conhecidos como evento de liquidez.

De forma prática, Greg explica: “É quando a empresa recebe um investimento que nós determinamos como investimento qualificado, seja por uma superação de um milestone ou de um piso, que em regra é duas vezes o valor da captação… Em caso de alienação de controle, o controle da empresa é em regra quando ela (empresa) vende mais de 50% das suas ações ou cotas, ou seja, entregou aquele poder de gestão da empresa para outro. E aí acontece esse investimento antecipado”.

Greg relembra ainda uma forma de mecanismo de saída, conhecido como Drag Along: “É quando a empresa recebe uma proposta de compra com um preço prefixado, que em regra é três vezes a avaliação da empresa no ato da oferta”, e complementa: “Quando a empresa, lá na frente, recebe uma proposta de compra de participação, cujo preço tenha triplicado, o empreendedor tem o direito de arrastar os investidores na aquisição dessas cotas”.

Graças a Captable, todo esse procedimento pode ser conduzido de maneira ágil e direta, permitindo que os investidores manifestem suas preferências de maneira conveniente e centralizada.

Exemplos de casos de saída e rentabilidade

De maneira prática, a saída de um investimento ocorre quando o investidor encerra seu envolvimento com uma empresa, alcançando, assim, o retorno financeiro esperado. Esse processo pode se desenrolar de diversas maneiras:

1-            M&A (Mergers & Aquisitions) Fusões e Aquisições: nesse cenário, outra empresa adquire as operações da empresa na qual o investidor havia aportado capital. Durante esse processo, o comprador pode também adquirir as participações dos investidores.

2-            Venda para Fundos: em rodadas subsequentes de investimento, os fundos envolvidos podem adquirir as participações dos investidores que haviam investido na empresa em estágios anteriores de seu desenvolvimento.

3-            Oferta Pública Inicial (IPO): quando a startup atinge um nível de maturidade suficiente, ela pode optar por realizar um IPO, o que implica na venda de suas ações em bolsa de valores.

4-            Recompra de participação: em alguns casos, os empreendedores ou a própria empresa podem recomprar as participações dos investidores, geralmente a preços atualizados.

Leonardo compartilha que a Captable já conta com exemplos de casos de saída bem-sucedidos, nos quais startups foram adquiridas por empresas maiores, onde a plataforma atuou como intermediária protegendo os interesses de todas as partes envolvidas, garantindo que as transações fossem conduzidas de forma transparente e justa.

“Tivemos uma saída muito bem-sucedida aqui na Captable, sendo que o intervalo entre a primeira rodada de captação de investimentos até a saída ser concretizada foi de apenas oito meses. Neste caso específico, consideramos que a saída foi um sucesso, pois isso gerou um ganho significativo tanto para os investidores como para o empreendedor, que colocou uma liquidez bastante interessante no bolso”, comemora Zamboni.

Captable como ferramenta para investidores

No cenário competitivo de captação de recursos, a transparência é a moeda mais valiosa. Antes mesmo de finalizar um investimento, os investidores têm à sua disposição uma página de oferta na Captable repleta de informações abrangentes e detalhadas.

Tudo é minuciosamente documentado, com diligências contábeis e jurídicas exibidas, complementadas pelo parecer dos parceiros responsáveis por essas avaliações. E para tornar a experiência do usuário mais positiva, Leonardo explica outras ferramentas disponibilizadas na plataforma:

“Também durante o período de captação, a gente usa uma ferramenta que é o Fale com CEO…, um grupo destinado àquela oferta específica em que o CEO da startup estará ali de maneira aberta, respondendo a todo mundo que faça os questionamentos para ele. Todos os investidores têm acesso a todas as informações que estão circulando dentro desse grupo de WhatsApp”, e finaliza “É um grupo aberto para que todos possam participar”.

Após o encerramento do processo de investimento, a Captable oferece uma governança centralizada diretamente em sua plataforma. Nesse espaço, os investidores encontram uma riqueza de informações essenciais para acompanhar o desempenho de suas participações.

É uma oportunidade para os investidores avaliarem se as promessas estão sendo cumpridas ou se surgiram desvios no plano estratégico.

Além disso, a Captable inclui um fórum no qual os investidores podem interagir não apenas com os empreendedores, mas também entre si. Esse espaço é propício para discussões, troca de informações e colaboração, permitindo que todos os envolvidos participem ativamente da jornada da startup e compartilhem seus insights e perspectivas.

Para Leonardo, essa interação é crucial para novas formas de negócio “E muitas vezes, pelas interações, pelos contatos desse empreendedor com esses investidores, ele identifica alguns potenciais ali dentro, até para participar, de repente, de um conselho da empresa ou de um comitê consultivo sobre algum assunto específico. Então eles também usam ali como um aquário para trazer esses investidores com maior conhecimento a fim de adicionar o chamado smart Money7 para dentro da empresa”.

É fundamental destacar que, na Captable, o tratamento dispensado a todos os investidores é imparcial e equitativo, independentemente do valor investido. Não há diferenciação de direitos com base no montante investido, o que significa que não é necessário um aporte de um determinado valor para ter acesso direto ao CEO ou a vantagens exclusivas.

E é essa abordagem flexível que abre espaço para inúmeras histórias de sucesso e parcerias colaborativas que impulsionam o crescimento das startups.

Captable e CVM88: mudanças nas regulamentações

Em julho de 2022, entra em vigor a CVM 88, trazendo mudanças significativas e aproximando o mercado de startups ao mercado de ações de forma inovadora.

Mas a Captable já vinha se preparando para mudanças neste mercado?

A resposta vem de Zamboni “Nós tínhamos essa atuação bastante próxima ao regulador, principalmente na figura do Paulo, que participou não só das fintechs, mas de diversas organizações representativas do mercado. Ele tinha bastante proximidade com o regulador do mercado, então nós já entendíamos que essa era uma evolução que iria acontecer. E aí, sempre estudando sobre o mercado, olhamos lá pra fora e encontramos alternativas de blockchain9 e tokenização10”.

Estudos de mercado e pesquisas minuciosas permitiram que a Captable estivesse à frente das mudanças que estavam por vir. “Em 2021, a CVM colocou de pé uma consulta pública sobre alterações da norma vigente naquela época. E aí ficaram alguns meses com aquela consulta pública rolando, até que em maio de 2022, a CVM divulgou quais seriam as regras desse mercado que passariam a valer a partir de 1º de julho. Então nós já estávamos com o arcabouço, e todas as pesquisas de mercado simplesmente operacionalizaram isso”, complementa Leonardo.

Investir no Brasil de qualquer lugar do mundo: regulamentações

Para os investidores que estão no exterior e têm interesse em explorar o crescente mercado brasileiro, compreender o processo e as regulamentações de como investir é essencial. E é neste cenário que a Captable se torna uma ferramenta democrática e indispensável.

De forma acessível, a plataforma disponibiliza aportes a partir de 1000 reais, cerca de 29 mil ienes. “Hoje, a partir de mil reais, você pode investir em uma estatal. Esses mil reais dão direito a uma compra de um lote de ações”, afirma Greg.

E como esse processo funciona no âmbito internacional? 

Até meados dos anos 2021 e 2022, realizar operações de investimento transnacionais costumava ser uma tarefa desafiadora, envolvendo a prestação de declarações ao Banco Central e o preenchimento de um formulário conhecido como RDF (Registro de Declaração Eletrônica).

Entretanto, uma mudança significativa ocorreu no cenário brasileiro: “Nós tivemos, ali no final de 2022, a promulgação de uma lei que se chama Novo Marco Cambial. Essa lei flexibilizou bastante investimentos de menor porte”, explica Greg.

Ou seja, hoje, no Brasil, tendo um parceiro de câmbio que realize pequenos registros dessas atividades, a forma de trazer dinheiro de fora, no Brasil, tornou-se mais fácil.

Outra grande vantagem para a Captable, que funciona como uma intermediária é a possibilidade de uma conta-garantia internacional: “A Captable recebe o investimento numa escrow account, uma conta-garantia que é onde a Captable deixa o dinheiro depositado durante o curso da captação. Com esse novo marco regulatório, existe a possibilidade de nós abrirmos uma conta-garantia internacional, o que não acontecia antes”, esclarece Greg.

“Claro, é preciso fazer o fechamento do câmbio, e nós temos uma empresa chamada Meu Câmbio, que é a nossa grande parceira nessa empreitada, que faz todo o processo quase que automatizado”, complementa.

Greg ainda sintetiza “Nós simplesmente passamos a informação da conta e você vai ao banco e faz um depósito, como se estivesse fazendo um depósito para qualquer compra, e aí você consegue fazer o investimento direto no Brasil”.

Mas e quando o assunto é a internacionalização e a democratização dos investimentos? 

O cenário das startups no Brasil está passando por uma transformação significativa, impulsionada pelas recentes mudanças na regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O impacto dessas mudanças é profundo e promissor, abrindo novos horizontes de crescimento e internacionalização para empresas inovadoras.

Uma das mudanças mais notáveis é a possibilidade de receber investimentos de qualquer lugar do mundo em uma captação. Isso significa que as startups brasileiras agora podem distribuir ofertas globalmente, proporcionando acesso a investidores de todos os cantos do planeta.

Além disso, a facilidade proporcionada pela abertura de contas internacionais reduz custos de transação e burocracia, tornando o processo de captação mais acessível e eficiente.

 

“A gente democratiza o investimento para esse investidor estrangeiro.” – Greg Schneider

 

Investimento estrangeiro em startups brasileiras: desafios e oportunidades

De acordo com Greg, investir em startups brasileiras tornou-se uma jornada mais simples para os investidores estrangeiros ou para aqueles que são brasileiros, mas que vivem no exterior. “O processo é facilitado e 100% auxiliado pela Captable, desde o depósito inicial em uma conta escrow até a manutenção do investimento. Os contratos e notas conversíveis são registrados em nome do investidor, com controle de titularidade exercido pela plataforma, semelhante a um serviço de escrituração”, sinaliza.

O momento do exit ou conversão de investimento também foi simplificado, explica Greg: “O dinheiro é enviado de volta para o investidor estrangeiro de forma eficiente graças a serviços de remessa simplificados, eliminando a necessidade de declarações burocráticas ao Banco Central”.

Outra mudança vem para os investidores estrangeiros que não precisam mais ser registrados na CDE (Cadastro Declaratório Eletrônico). Em vez disso, basta fazer a prestação de informações a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre os investimentos realizados. As operações cambiais necessárias são tratadas de forma eficaz pela Captable, tornando a declaração de imposto de renda uma tarefa relativamente tranquila.

Independentemente das mudanças políticas, a inovação e o investimento em startups permanecem descorrelacionados com o cenário macroeconômico. A inovação continua acontecendo, e as startups continuam surgindo, independente das flutuações políticas e econômicas.

No entanto, a governança e a proteção das startups são fundamentais para a estabilidade do mercado “A criação de mecanismos que protejam o investimento e garantam a continuidade das startups é essencial para atrair capital estrangeiro e manter o ecossistema de inovação robusto”, ressalta Leonardo.

 

Olhar promissor sobre o crescimento das startups brasileiras

O cenário das startups no Brasil tem se mostrado cada vez mais promissor, e a Captable está se destacando como um catalisador desse crescimento. Consolidando-se atualmente como uma das principais plataformas de investimento em startups, e recentemente anunciando a marca de mais de 100 milhões de reais investidos no mercado primário através da plataforma, com 64 rodadas concluídas e quase 8 mil investidores, a plataforma se estabeleceu como um player influente no ecossistema de startups brasileiro.

De acordo com Leonardo, muitas das startups que captaram investimentos na plataforma estão prestes a alcançar um estágio de crescimento significativo: “O tempo necessário para que essa curva de crescimento aconteça é crucial, e alguns investidores estão prestes a se surpreender muito positivamente pelo retorno de seus investimentos.”

Perspectivas futuras

Os membros da Captable também compartilharam suas perspectivas sobre o futuro da plataforma e o que a diferencia no mercado. Eles enfatizaram as parcerias institucionais como um dos principais diferenciais, permitindo que os investidores participem ao lado de grandes players do mercado.

Outra área de destaque é a internacionalização de startups brasileiras com investidores no Japão desempenhando um papel crucial nesse processo.

“A Captable está facilitando conexões entre empreendedores brasileiros e investidores em solo japonês, abrindo portas para oportunidades de crescimento em ambos os mercados.” – Leonardo Zamboni

À medida que o ecossistema de startups continua a prosperar, a plataforma segue construindo alianças estratégicas e promovendo a internacionalização das startups brasileiras, oferecendo oportunidades emocionantes tanto para investidores quanto para empreendedores que buscam impulsionar o sucesso de suas startups.

Com um compromisso contínuo com a seleção de ativos de qualidade e parcerias estratégicas, a Captable está pronta para desempenhar um papel fundamental na jornada das startups brasileiras em direção ao sucesso global.

RODAPÉ:

CVM¹: Comissão de Valores Mobiliários: desenvolver, regular e fiscalizar o Mercado de Valores Mobiliários, como instrumento de captação de recursos para as empresas, protegendo o interesse dos investidores e assegurando ampla divulgação das informações sobre os emissores e seus valores mobiliários.

Compliance²: é a política de garantir que o negócio estará em conformidade com as leis e regulamentos de um país.

Venture Capital³: venture capital, ou capital de risco, é uma modalidade de investimento com expectativa de crescimento rápido e rentabilidade alta.

BNDES4: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é uma empresa pública federal, cujo principal objetivo é o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira.

 FINEP5: Financiadora de Estudos e Projetos é uma empresa pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas.

Fintechs6: a palavra fintech é uma abreviação para financial technology (tecnologia financeira, em português). Ela é usada para se referir a startups ou empresas que desenvolvem produtos financeiros totalmente digitais.

Smart Money7: é o “dinheiro inteligente”. Ou seja, o aporte de conhecimento e networking feito por um investidor, além do dinheiro.

CDI8: o CDI é um índice do Brasil de atualização monetária, que é o Certificado de Depósito Interbancário.

Blockchain9: a tecnologia blockchain é um mecanismo de banco de dados avançado que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa.

Tokenização10: a tokenização é o processo de converter algo de valor em um token digital utilizável em uma rede blockchain.

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