Identidade cultural: Gaijin?

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Atualmente residem no Japão cerca de 211 mil brasileiros em condições legais (dados coletados em 2021 pela Polícia Federal). Sendo assim, é a quarta maior comunidade de brasileiros vivendo fora do Brasil. A imigração de brasileiros para o Japão teve seu auge nas décadas de 80/90.

Há uma grande diferença do Japão dos anos 80/90 para os dias atuais, tanto os japoneses quanto os brasileiros passaram por processos de adequações à cultura um do outro. Com a ajuda da tecnologia e das leis desenvolvidas das necessidades da comunidade brasileira, ocorreram possibilidades desses brasileiros se sentirem mais próximos à sua cultura de raiz, serem mais acolhidos no país no setor de saúde clínica e mental, nas questões jurídicas e trabalhistas, gastronomia, lazer, educação, comunicação e muitas outras.

Quem foi para o Japão na década de 80/90 (como é meu caso) se surpreende com tantas possibilidades que o Japão desenvolveu para os brasileiros. Dentre muitas estão a aquisição de imóvel próprio, empreendedorismos diversos e inserções em universidades. Porém, até chegarmos nesse Japão atual passamos por um árduo processo de adequações e choques culturais que ainda são motivo de discussões sobre qualidade de vida e saúde mental.

O reconhecimento de nossa identidade cultural é essencial. Os brasileiros têm a espontaneidade, alegria e sempre dá aquele jeitinho para tudo; porém, também temos uma grande e bela ancestralidade japonesa em nós: de honra, de respeito e de muita dedicação em tudo que se faz, e a vivência nessa sociedade japonesa, que é um misto de preservação de tradições e desenvolvimento de alta tecnologia.

Somos uma junção de culturas, às vezes somos mais brasileiros, outras mais japoneses, e essa é nossa a identidade cultural, ou ao menos grande parte dela.

Essa diversidade única nem sempre é bem compreendida, até por nós mesmos, por vezes. E ao se discutir sobre saúde mental, é importante desenvolver o autoconhecimento e saber lidar com os obstáculos que essa identificação nos traz, além de desenvolver possibilidades dessa condição ser essencial para adequações e socializações, enfim, melhorar a qualidade de vida e saúde mental.

Lotti Ilidiana Teixeira é psicóloga (CRP 06/105358) do Projeto Sakura.

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