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A ocasião faz o profissional

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Entramos no penúltimo mês do ano e em um momento que, ao que tudo indica, a vida começa a voltar à normalidade. Começamos a traçar nossas perspectivas e objetivos para 2022 cheios de esperança e munidos da grande experiência que os dois últimos anos nos proporcionou.

Nossos jovens, em especial os que estão terminando o ensino médio, anseiam por suas cerimônias de formatura ao mesmo tempo em que sentem-se inseguros sobre os passos que darão daqui para frente. Seja seguindo os passos de seus pais ou trilhando um caminho totalmente novo, esse é o momento de planejar antes de decidir.

Aliás, “planejamento” foi a palavra chave da 5ª Feira de Educação que realizamos no último dia 7 de outubro. Praticamente todos os convidados a interagirem com os estudantes das escolas brasileiras situadas em nossa jurisdição frisaram a importância do planejamento para continuar os estudos. E temos que concordar que o planejamento é fundamental também para a formação da poupança familiar, para o sucesso de empreendimentos, para a solidificação da carreira profissional e até mesmo para adquirirmos bens com segurança financeira.

Por isso, gostaria de destacar a importância do planejamento de investimento em educação superior e profissionalizante por parte de nossos jovens e de seus responsáveis. Ao organizar a Feira, percebemos o grande interesse de universidades e outras instituições educacionais em ter os estudantes brasileiros como seus futuros alunos. Essa demanda vem acompanhada de vagas direcionadas a esses estudantes, bem como de exames de admissão diferenciados e facilitados. É fato que essas instituições, em sua maioria particulares, visam lucro com novos alunos. Uma matéria, que tem como fonte a Kyodo News e que foi repercutida em diversas mídias japonesas no final de setembro, relatou que novas matrículas em cursos de quatro anos em 46,4% das universidades privadas japonesas foram menores do que a quantidade de vagas oferecidas. A diminuição populacional e a impossibilidade de ingresso de estudantes intercambistas vindos do exterior são atribuídas na matéria como prováveis causas para a queda nos números.

Considerando que momentos de crise são transformados em oportunidade por visionários, essa, talvez, represente a ocasião ideal para os estudantes brasileiros no Japão se capacitarem nas modalidades técnicas e/ou universitárias a fim de garantir o ingresso no mercado de trabalho formal em um futuro próximo.

Sabemos da seriedade do problema que o declínio da taxa de natalidade causa à sociedade japonesa. Há mais de uma década que o país vem sofrendo com a diminuição de sua população. Com isso, o mercado de trabalho sofre com a falta de mão de obra em todos os setores e, portanto, além dos trabalhos braçais, cada vez mais o Japão necessitará de profissionais especializados em todas as áreas. Nossos jovens têm todas as condições para ocupar essas vagas de agora em diante.

Aproveitar a oportunidade que está a nossa frente, planejar o investimento em educação e traçar objetivos claros podem ser o caminho para a realização dos sonhos de nossos estudantes e a chance de a comunidade brasileira atingir um patamar de prestígio dentro da sociedade japonesa, assim como aconteceu com os imigrantes japoneses no Brasil.

 

João de Mendonça Lima Neto

Cônsul-Geral do Brasil em Tóquio.

Assumiu o Consulado-Geral do Brasil em Tóquio em fevereiro de 2018.

Graduou-se em filosofia e economia pela Universidade de Sofia nos anos 70 e serviu como diplomata na Embaixada em Tóquio nos anos 90.

Como Embaixador, serviu em Hanoi e Abu Dhabi e como diplomata em Paris, Assunção, Londres e Xangai.

Seu hobby é fotografia.

Publicou vários livros e textos.

Você sabia? Tóquio tem uma das maiores redes de rodovias expressas do mundo

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Quase 14 milhões de pessoas vivem na província metropolitana de Tóquio (東京都/Tōkyō-to, em japonês). Se incluirmos aí a Região Metropolitana, ou seja, a área urbana contígua diretamente no entorno de Tóquio, o número de residentes chega a mais de 37 milhões. É a maior zona urbanizada do planeta! Dá para imaginar, então, que um dos maiores desafios dessa megalópole seja a mobilidade.

Você sabia? Tóquio tem uma das maiores redes de rodovias expressas do mundo

Entre as coisas que mais surpreendem quem visita a capital japonesa, além da rede de transporte público, são os engarrafamentos. Ou melhor, a quase inexistência deles. A metrópole criou um sistema viário eficiente, jogando a circulação pesada de veículos para vias elevadas (ou subterrâneas) chamadas de kô-soku dôro (高速道路). São autoestradas expressas e pedagiadas, usadas principalmente por veículos a serviço, mas acessíveis para automóveis e motocicletas particulares.

 

Na região mais central de Tóquio, foram criados anéis rodoviários expressos interconectados que ligam os diversos bairros. Esse sistema é chamado de Shutoko (首都高), uma abreviação da expressão em japonês para Vias Expressas Metropolitanas da Capital. São mais 300 km de estradas, na maior parte elevadas, com algumas seções subterrâneas. A Shutoko tem limites de velocidade entre 50 e 80 km e o preço do pedágio varia de acordo com a distância percorrida e o tamanho do veículo. Os preços são considerados relativamente elevados para pessoas físicas mas a possibilidade de circular rapidamente entre uma parte e outra da metrópole atende bem aos interesses das empresas, já que as rotas são conectadas também com as rodovias nacionais que ligam o país de norte a sul.

 

Você sabia? Tóquio tem uma das maiores redes de rodovias expressas do mundo

 

Apesar da praticidade, as vias expressas de Tóquio foram pensadas numa época em que a concepção de espaço urbano tinha um outro olhar sobre os carros. Assim, os anéis rodoviários foram construídos de uma forma que pouco consideravam o espaço das pessoas. Um exemplo de como a problemática é percebida nos dias de hoje é o caso da Ponte Nihonbashi, um marco histórico da capital japonesa. É desta ponte que se contam as distâncias de Tóquio com relação a todos os demais locais do Japão.

 

Você sabia?

Construída inicialmente no século 17, a Nihonbashi cruza um dos muitos canais existentes na área mais central de Tóquio e fica numa região que se desenvolveu através da presença de artesãos e comerciantes, que migraram em massa para a então nova cidade de Edo, transformada do dia para a noite no centro militar do Japão. Dinâmica, a área foi crescendo e se transformando junto com o país e, atualmente, é uma região com prédios inspirados no neoclassicismo europeu e novas construções de arquitetura imponente, mas elegante. A ponte também teve várias formas ao longo do tempo. A atual é feita de pedra, em dois arcos. Mas pouca gente consegue notá-la. Como as vias expressas aproveitaram os espaços dos canais para evitar custos de remoção, um dos viadutos foi construído exatamente em cima da ponte, decretando sua quase invisibilidade. Projetos para a remoção do elevado já foram pensados mas esbarram num problema: custos.

 

Uma solução que vem sendo aplicadas nas vias mais recentes é a construção abaixo do nível do solo. Tem funcionado, em termos de impacto no ambiente social. No entanto, a longo prazo, a ideia mais realista é mesmo focar na diminuição da frota de veículos, investindo, principalmente, na reestruturação do espaço urbano para que os deslocamentos sejam reduzidos ao mínimo possível.

NARA – Patrimônios da Humanidade

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Repleta de natureza e história, a província que viu o nascer do Japão que conhecemos hoje

 

Quando se fala da história da Terra do Sol Nascente, Kyoto é a primeira grande referência. Não tinha como ser diferente já que a cidade foi capital do país por mais de mil anos. Mas nada do que admiramos em Kyoto existiria da forma que existe se não houvesse Nara. Distante cerca de uma hora da antiga capital milenar e da Osaka dos mercadores, Nara foi o primeiro lugar onde o budismo formou raízes. E elas foram tão profundas que estão lá até os dias de hoje. Não é à toa que a província tem duas regiões tombadas pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, na capital Nara e nas montanhas de Yoshino. Nesta edição, o GUIA JP vai te levar para conhecer esses lugares. Vem com a gente!

NARA - Patrimônios da Humanidade

 

A primeira capital permanente do Japão

O período foi curto, apenas 74 anos, a começar de 710. Mas a cidade de Nara, capital da província, é tida como a primeira capital “permanente” do Japão. Em outras palavras, Heijo — como a cidade era chamada — foi escolhida e se desenvolveu com a intenção de encerrar um ciclo histórico em que cada imperador que subia ao trono escolhia uma localidade para ser a capital do país.

Era a época que o budismo começava a se firmar no Japão, trazido da China por estudiosos de ambos os países. Nara se tornou um dos mais importantes polos da nova religião na Terra do Sol Nascente. Acontece que os monastérios cresceram demais e se tornaram poderosos a ponto de incomodar o monarca. Foi quando a corte decidiu sair de Nara e se mudar, inicialmente, para Nagaoka e, depois, para Kyoto, de onde reinou por mil anos.

Nara perdeu o poder político, mas a importância religiosa continuou e é visível até os dias de hoje. Templos e santuários são os principais pontos turísticos de Nara. O Todaiji é o mais conhecido deles. Em seu entorno fica o Parque Nara, o Santuário Kasuga, o Museu Nacional de Nara, dentre outros pontos interessantes da antiga capital.experiência única.

NARA - Patrimônios da Humanidade

Nara – Todaiji

Construído no ano de 752, o Todaiji foi mais do que um templo. Em sua época de ouro, ele era considerado o equivalente a uma faculdade. Aspirantes vinham de todos os lugares do país para estudar no Todaiji. O complexo era tão grande — e poderoso — que, pode-se dizer, foi a principal causa da saída da corte de Nara. Os prédios remanescentes não representam, nem de longe, a real extensão do Todaiji nos seus primeiros séculos de existência.

Com pouco mais de 25 metros de altura, o Nandaimon — algo como “grande portal sul” — é a entrada na área do templo a partir do Parque Nara. A construção de madeira foi inaugurada em 1203. Dois guardiães de madeira também fazem parte da obra. As estátuas representam os Nio, divindades guerreiras. Toda a construção é tombada como Tesouro Nacional do Japão.

O Daibutsuden, o prédio principal, é a maior construção de madeira do mundo. Ainda assim, sua área construída atual de 2878 m², datada da virada do século 17 para o 18, é apenas ⅔ do tamanho original. A construção impressiona já de fora. Mesmo a uma certa distância é difícil enquadrá-la na lente do telefone celular. Mas é dentro que se pode perceber sua dimensão, em especial a altura (48 metros). O espaço abriga uma das maiores estátuas de bronze de buda do Japão — o “Daibutsu” do nome quer dizer “Grande Buda”. A imagem de 15 metros de altura representa Vairocana, que fica no centro na mandala dos Cinco Budas da Meditação. A posição das mãos da estátua significa “não tenha medo”.

O salão é cheio de outras estátuas de diversas épocas, além de uma maquete em que é possível entender a extensão do templo em sua época dourada. Outro ponto de destaque é um dos pilares do templo que tem um buraco do tamanho da narina da estátua. A longa fila no local se explica pela crença de que, ao passar pelo buraco, o indivíduo ganha a Iluminação na próxima vida. A ver.

NARA - Patrimônios da Humanidade
A casa dos cervos

Símbolos de Nara, os cervos selvagens que circulam pela cidade também são considerados Tesouro Nacional. Atualmente, cerca de 1200 animais vivem no Parque Nara e arredores. A localidade é considerada a casa dos cervos por mais de 1300 anos. Adorados como mensageiros dos deuses, os ruminantes são protegidos por lei há séculos. Até 1637, era crime passível de pena capital matar um deles.

Em duas ocasiões, os animais quase desapareceram do parque. No século 19, com a Restauração Meiji, eles foram considerados indesejáveis. Registros mostram que, no ano de 1873, o rebanho chegou a apenas 38 cabeças. Após a Segunda Guerra Mundial, como resultado da caça ilegal, o número de veados no parque também foi a menos de 100.

Apesar de viver em proximidade com os humanos, os cervos de Nara são animais selvagens. Os visitantes são encorajados a oferecer aos animais as bolachas vendidas no local. (Elas são preparadas especialmente para eles, portanto são alimentos seguros.) Porém, é preciso cuidado. Seja cortês com o animal. Brincadeiras como oferecer e tirar o lanchinho costumam irritá-los. Evite carregar as bolachas no bolso. O faro dos cervos é bom e eles costumam ir atrás de quem esconde a ração. Além disso, não deixe as crianças sozinhas com os animais, nem as force brincar com eles.

Mas os veados não são a única atração do Parque Nara. Na primavera, parte da área fica coberta de cerejeiras rosadas. Além disso, o amplo espaço é excelente para fazer fotografias e brincar com crianças.
Quem tem interesse por arte sacra também não pode deixar de visitar o Museu Nacional, que também está localizado no parque. O espaço tem uma das mais belas e ricas coleções permanentes de arte budista do Japão. Vale a visita.

A casa dos cervos

Na seara dos deuses da Terra

Junto com o budismo, o xintoísmo forma a dupla de religiões mais praticadas pelos japoneses. Na realidade, uma não exclui a outra. Desde a chegada dos ensinamentos de Buda no século 7 que as duas religiões estão lado a lado no escopo da fé dos japoneses. Não é incomum ter espaços xintoístas dentro de templos budistas, apesar da separação oficial entre as duas religiões ter sido imposta pela Restauração Meiji. Diferente do budismo, o xintoísmo não tem escritos sagrados transmitindo os ensinamentos. O ideário gira em torno dos fenômenos da natureza, que são tidos como manifestações divinas. Essa conexão com o entorno não considera homem e natureza como elementos distintos.

O Kasuga Taisha é o principal santuário de Nara e fica a poucos minutos de caminhada do Museu Nacional e do Todaiji. Ele também foi construído no século 8 como instrumento de proteção para a capital que estava se formando. O Kasuga era, também, o santuário protetor do clã Fujiwara, o mais poderoso do Japão na época.

O espaço é composto por diversas construções salpicadas numa área extremamente arborizada. Até um Jardim Botânico existe no local, com todas as 250 espécies de plantas descritas no Man’yoshu, a mais antiga coletânea de poemas do Japão, publicada no século 8. Muita gente visita o local nos meses de abril e maio para ver as glicínias em flor.

Embora pequeno, o prédio principal do santuário tem enorme valor arquitetônico. Tanto que seu estilo de construção é conhecido justamente como kasuga, com a fachada principal construída no lado de uma das empenas e formando uma varandinha. Charmoso com suas lanternas, o espaço merece a visita.

Na seara dos deuses da Terra

A montanha de cedros

Localizado a cerca de 1 hora e 40 da capital, Yoshino é uma das localidades mais mágicas da província de Nara. A localidade é conhecida como um dos mais interessantes destinos de primavera do Japão. Isso porque o Monte Yoshino é coberto por cerejeiras — fala-se de 30 mil pés — que explodem em cor-de-rosa no início de abril.

A localidade também é conhecida pela produção de cedro. A atividade extrativista já gerou muita riqueza para a região, bem como problemas ambientais. No momento, a ideia tem sido desenvolver a economia de forma sustentável, incluindo aí o turismo. No sopé da montanha, às margens do Rio Yoshino, fica uma das atrações criadas para revitalizar a cidade, fazendo homenagem à economia local. Trata-se da Yoshino Cedar House, um projeto arquitetônico conjunto entre o Airbnb, o arquiteto Go Hasegawa e a comunidade da região.

 

A montanha de cedros

Construída majoritariamente de cedro, a casa é feita com 28 tipos de madeiras da região, todas extraídas e beneficiadas por trabalhadores locais. A arquitetura também faz uma homenagem aos estilos japoneses de construção. O telhado, em formato de triângulo isósceles, é inspirado nas casas tradicionais de Yoshino. Já a fachada, que fica no lado oposto das empenas, é formada por um engawa, um espaço que fica num intervalo entre o interno e o externo da casa e lembra uma varanda. No interior, tanto a mobília quanto boa parte dos utensílios também são feitos de madeira. Um luxo!

O sistema de administração é diferente dos outros imóveis do Airbnb. Como a casa não é uma propriedade comum, não há um anfitrião. A Yoshino Cedar House é gerida pela própria comunidade através de uma cooperativa. São 31 pessoas que se revezam no serviço de receber os visitantes e 40% da renda da propriedade é revertida para os projetos da comunidade. Como a casa não fica perto de nenhum ponto turístico, é bom planejar bem. No entanto, a estadia é uma excelente oportunidade para quem procura experiências fora da rota.

A montanha de cedros

Flores na montanha

Mas a grande atração de Yoshino é, sem dúvida, o “festival” cor-de-rosa criado pelas flores de cerejeira no início da primavera. Para ver bem as flores, é preciso subir o Monte Yoshino, o que pode ser feito de ônibus, a partir da estação ferroviária que leva o nome da cidade. Vale a pena visitar alguns dos templos e santuários da região.

O Kinpusenji é o mais importante deles. Yoshino é uma montanha sagrada para os praticantes do budismo Shugendo, uma escola esotérica que se originou no Japão como uma mistura de crenças budistas, xintoístas, taoístas e animistas de outras origens. Parte do sítio tombado pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade, o templo foi fundado na segunda metade do século 7. Com 34 metros de altura, o salão principal é a segunda maior estrutura de madeira do Japão. Dentro dele, três estátuas de Zao Gongen — o protetor das montanhas de Yoshino — podem ser apreciadas. Para os fiéis, a visita é uma oportunidade única para agradecer pelas maravilhas desfrutadas na província de Nara.

Flores na montanha

Por que meditar?

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Talvez você se faça essa pergunta porque, provavelmente, tem ouvido falar bastante sobre meditação atualmente.

De fato, a meditação é uma novidade para nós ocidentais porque a nossa cultura não tem essa prática disponível, nem na tradição familiar ou religiosa, nem nos hábitos e costumes sociais.

Mas a cultura da meditação é muito antiga, temos registros arqueológicos em argila de pessoas meditando em lótus, de 3000 anos antes de Cristo, encontrados na região da Índia. Em lugares como Japão, China, Índia, Nepal, Vietnã e Tailândia, por exemplo, o ato de meditar faz parte da cultura, e é passado de geração a geração pela família e pelas tradições religiosas, especialmente Budismo, Taoísmo e Hinduísmo.

A tradição religiosa ocidental é representada principalmente pelo cristianismo e nesta tradição, o ato de meditar foi perdendo seu espaço ao longo dos anos, embora alguns santos católicos como São Thomas de Aquino, Santo Agostinho e Santa Teresa D’avila, utilizavam a meditação em suas práticas de oração contemplativa.

A descoberta da meditação como forma de encontrar o bem-estar, no entanto, é recente, e estabelece relação direta com a ciência. Há cerca de 35 anos, alguns cientistas resolveram investigar a meditação e se surpreenderam com os resultados satisfatórios que ela apresenta. O médico americano Jon Kabatt Zin é um dos precursores dessas descobertas, quando desenvolveu um protocolo científico com meditação para a redução de stress em pacientes com dor crônica. As revelações favoráveis à meditação apresentadas nesse estudo chamaram a atenção da comunidade científica que, desde então, envolve-se cada vez mais com pesquisas que exploram a atividade meditativa, buscando, sobretudo, atestar seus benefícios para a saúde geral e a melhora da qualidade de vida.

A meditação mais usada no Ocidente é a Meditação Mindfulness, ela tem origem nos fundamentos filosóficos deixados por Buda e sua aplicação não apresenta vinculação religiosa. A prática consiste em permanecer em silêncio durante alguns minutos diários, sem interagir com os pensamentos e direcionando a atenção para um foco, chamado de âncora atencional, para onde dirigimos a atenção toda vez que nos distraímos do momento presente. A âncora atencional pode ser a respiração, o tato, a audição, a visão, enfim, os sentidos que nos ancora no momento presente.

Dentre os principais benefícios de Mindfulness, podemos destacar: a) calma, desenvolvemos a habilidade de estabelecê-la e, a partir dela, regulamos várias funções e emoções; b) controle da ansiedade, tanto para preveni-la, quanto para tratá-la; c) foco, toda a atenção plena treinada durante a prática vai para a vida, melhorando nossa atenção, concentração e memória; d) bem-estar psicológico, porque aprendemos na meditação a regular nossas emoções, tornamo-nos menos impulsivos e ganhamos espaço para escolher a melhor resposta emocional.

Mas o principal benefício da prática de Mindfulness, segundo a ciência, é a lucidez. Costumo brincar que o Buda se iluminou e que nós encontramos a gambiarra da iluminação através da meditação. A lucidez nos permite lidar com os fatos e situações com muito mais clareza, sem esforço, porque ganhamos visão para lidar com qualquer situação.

Como veem, são muitos os benefícios. Aprender a meditar é, portanto, uma prática que todos merecem incorporar em suas vidas.

 

Viviane Giroto

Especialista em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Sciences et Techniques du Corps – ISRP – Paris, France

Ph.D. em Psicologia pela UFRJ

https://vivianegiroto.com.br/

Terapia – Um ato de coragem

Aproveitando o finzinho de Agosto, mês em que comemoramos o dia do Psicólogo (27/08), e o mês de prevenção ao suicídio no decorrer de setembro, resolvi falar hoje sobre a importância da psicologia do ponto de vista do profissional: é comum ouvirmos nossos clientes nas primeiras sessões dizerem que não sabem o que vão falar, ou que tinham medo de buscar um psicólogo com medo de julgamento. E eu vou contar para vocês agora o que eu respondo para eles: É PRECISO TER CORAGEM PARA PROCURAR AJUDA!

Não vai no psicólogo quem tem problemas, pois no fundo, e em diferentes contextos, todos temos problemas; vai para a terapia quem quer resolvê-los, e isso exige CORAGEM! O psicólogo fica orgulhoso com cada pequeno ato de coragem do seu cliente, desde a iniciativa de nos mandar uma mensagem, até ver as mudanças comportamentais que os levaram a buscar a psicologia, incluindo o aumento de autoconhecimento, autoestima, melhora nas suas relações amorosas e sociais, entre tantos outros benefícios.

Este texto, então, tem um único objetivo (que alguns podem achar bem audacioso): desmistificar a figura do psicólogo, tirar de você que está aqui lendo este texto a ideia de que o psicólogo é uma pessoa que não erra, que sabe todas as respostas, que julga, que não sofre… E não sermos essa pessoa considerada “perfeita” é fundamental para a criação de vínculo com os clientes (que pode ser você, por que não?) quando esses tomam a iniciativa de nos procurar.

Por isso, se ao ler esta matéria você ficou curioso(a) para saber como é falar com um psicólogo, ou conhece alguém que esteja precisando, entre em contato com a nossa equipe que eu e os nossos psicólogos ficaremos felizes em presenciar seus atos de coragem de perto!

 

Psicóloga
Yohana Barros Alécio
CRP 08/27803
Psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná
Mestra em Educação pela Universidade Federal do Paraná

Psicóloga do Projeto Sakura.

Projeto Sakura – Atendimento psicológico no Japão

www.projetosakura.com.br

O poder da compaixão

A ciência tem nos evidenciado que o cultivo da compaixão é a chave para o contentamento. As principais descobertas referem-se à ativação de um composto químico no cérebro, ligado à euforia, cada vez que praticamos a compaixão.

Quando você sente compaixão por alguém, imediatamente você recebe o sentimento de compaixão em si mesmo. Diferente do que se imagina, quando agimos em direção a aliviar o sofrimento de alguém, a conexão que se estabelece é a do amor, não da dor.

Isso porque a qualidade da conexão se aprofunda nesta situação, quando nos desgrudamos de nós mesmos e, neste ponto, criamos espaço para a alegria se manifestar. Sempre que ficamos muito felizes ocorre isso, nos esquecemos de nós por um tempo.

O sentido da vida torna-se mais claro e abundante quando agimos com gentileza, porque não há nada mais importante do que nos sentirmos importantes. Por isso a compaixão é muito mais do que dar, ajudar, ela pressupõe um entendimento comum da nossa condição humana, que é o sofrimento e o desejo de encontrar a felicidade.

Centros de pesquisas como o da “Compaixão e altruísmo” da Stanford University, (http://ccare.stanford.edu/), desenvolvem há décadas pesquisas relativas ao papel do altruísmo e da compaixão no desenvolvimento do comportamento humano. O que esta nova ciência tem revelado, é que esses valores compõem a nossa natureza humana, são partes verdadeiras de quem somos.

A compaixão é entendida no contexto de cunho religioso há muito tempo, estando muitas vezes associada a um tipo de bondade não disponível na vida real, como uma pessoa santa, por exemplo. A base moral para viver e agir em um mundo compassivo, contudo, exige firmeza e também luta; quando olhamos para madre Teresa, Martin Luther King e Dalai Lama, não temos a imagem de indivíduos fracos, estes são indivíduos poderosos, profundamente compassivos, mas bem poderosos.

O compromisso para se combater injustiças pressupõe uma base moral interna forte e sustentável, que dá a firmeza e a coragem necessárias para agir compassiva e austeramente ao mesmo tempo, uma base ética. A meditação, como projeto de educação emocional, passa pela ética da compaixão.

 

Viviane Giroto

Especialista em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Sciences et Techniques du Corps – ISRP – Paris, France

Ph.D. em Psicologia pela UFRJ

https://vivianegiroto.com.br/

Violência Psicológica: O que é e como identificar

Recentemente, no dia 01 de julho de 2021, o Plenário do Senado aprovou o PL 741/2021 que trata do projeto de lei que inclui no Código Penal Brasileiro o crime de violência psicológica contra a mulher. A pena atribuída a quem causar dano emocional à mulher será de reclusão de seis meses a dois anos e o pagamento de multa. Mas o que é violência psicológica? E por que a importância de tornar a violência psicológica um crime?

A violência contra a mulher não tem fronteiras e ocorre independentemente de idade, raça, etnia, classe social e religião. A violência psicológica é uma das formas mais comuns de violência contra a mulher e, infelizmente, muita mulheres a vivenciam sem perceber e se dar conta do que está acontecendo. A violência psicológica, muitas vezes, é subestimada por ser velada e silenciosa, mas deixa marcas profundas na autoestima e saúde mental das mulheres, limitando a sua capacidade de autonomia. Existem várias formas e modos de violência psicológica, e compreender quais são e suas consequências para a vítima é um modo de prevenção e alerta para as mulheres, uma vez que a violência psicológica é tão perversa quanto a física e frequentemente é o primeiro passo que levará a outros tipos de violência.

Segundo a lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), a violência psicológica é “entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima, ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento, ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões” por meio de “ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”.

Apesar de a lei Maria da Penha definir o conceito de violência psicológica, o que já foi um avanço, ela não era considerada crime, por isso da importância desta proposta legislativa – PL 741/2021 – ser aprovada. Pois até hoje, as mulheres encontram dificuldades para registrar a prática de violência psicológica nas delegacias, já que ela não estava prevista no Código Penal. Com a aprovação desta lei, a mulher não precisará exibir marcas no corpo para comprovar que foi vítima de uma violência, pois além da violência física, a violência psicológica também será considerada crime.

Se o seu parceiro ou parceira te humilha, manipula, ofende, menospreza, ridiculariza, tem ciúme excessivo e quer te controlar, você pode estar sendo vítima de violência psicológica. Se ele diz frequentemente que “isso é coisa da sua cabeça” ou “você é doida”, você pode estar sendo vítima de violência psicológica. Baixa autoestima, estresse, ansiedade e depressão são alguns dos efeitos que a violência psicológica provoca nas mulheres.

Muitas vezes não é fácil identificar a violência psicológica e sair de um relacionamento abusivo, por isso, a ajuda de um psicólogo é essencial na identificação e, sobretudo, na superação deste ciclo de violência.

 

Psicóloga
Juliana Fernanda de Barros
CRP 06/11635
Psicóloga do Projeto Sakura desde 2016.

Projeto Sakura – Atendimento psicológico no Japão

www.projetosakura.com.br

O empreendedorismo brasileiro

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Olá, sou o Embaixador João de Mendonça, Cônsul-Geral do Brasil em Tóquio, e gostaria de falar um pouco sobre empreendedorismo.

O brasileiro é um povo naturalmente empreendedor. O medo de inovar e de se lançar no mercado não faz parte do temperamento de nossos compatriotas. Basta olhar a quantidade significativa de empresas e companhias que surgem todos os anos no Brasil. Digo isso com base em minha experiência profissional na carreira diplomática, na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI – e, mais recentemente, à frente de nosso Consulado-Geral do Brasil em Tóquio.

Na minha atual passagem pelo Japão, tenho visto muitos exemplos de brasileiros que obtiveram sucesso apesar de enfrentarem grandes adversidades, a começar pela língua. Não é novidade para ninguém que o mercado consumidor japonês é caracterizado pela sua alta exigência em termos de qualidade. Justamente por isso, um produto bem aceito pelo consumidor japonês tem grande chance de fazer sucesso em outros países. O caminho inverso, no entanto, não é verdadeiro, ou seja, produtos bem vendidos em outros países muitas vezes não conseguem boa aceitação no Japão.

Algumas características marcam nossos nacionais que aqui foram bem-sucedidos. A primeira que gostaria de destacar é a persistência e a confiança no potencial de seus negócios. Inserir-se em qualquer mercado consumidor leva tempo e, por isso, sujeita o empreendedor às oscilações naturais da economia. Assim, é natural que em algumas fases a empresa prospere mais do que em outros períodos. Daí a importância de se criar um fundo de reserva, capaz de manter o negócio funcionando durante os meses de maior retração das atividades.

A segunda característica presente em todos os empresários bem-sucedidos é a permanente abertura ao novo: tanto em termos relacionados à inovação de seus produtos quanto no que diz respeito à capacitação técnica pessoal. Ao se lançar no mercado, não é raro que o empreendedor perceba não dominar uma série de conhecimentos básicos a respeito dos quais só veio a tomar ciência no dia a dia de seu negócio. Os empresários de sucesso demonstram uma alta capacidade de contínuo aprendizado, buscando sempre familiarizar-se com técnicas, termos, produtos e métodos que, aplicados à sua empresa, farão diferença positiva em favor de sua competitividade.

Ciente de que informação e capacitação são dois lados de uma mesma moeda, em minha gestão do Consulado-Geral em Tóquio tenho buscado fomentar o estudo, o treinamento técnico e o espírito empreendedor de nossos nacionais. Assim, dei início a uma série de mesas-redondas com empresários locais que, a cada edição, conta com empresários grandes e pequenos, estabelecidos e iniciantes, além de incluir mulheres empreendedoras. Ao contar um pouco de suas trajetórias e retirar dúvidas, os empresários participantes inspiram jovens empreendedores aspirantes. Os eventos servem ainda para a troca de experiências e “networking” entre os palestrantes e o público.

Outra inciativa importante é a série de programas em formato de “live”, denominada “Fale com o Cônsul-Geral”. A cada edição do programa, recebo um convidado especial para tratar de temas de interesse da comunidade brasileira. Em mais de uma ocasião, debati com especialistas sobre a questão da capacitação técnica e do aprendizado da língua japonesa, buscando estimular e ressaltar a importância do permanente estudo. Sobre cursos de treinamento técnico, o posto lançou em sua página do Facebook uma lista de diversos cursos gratuitos ou de baixo custo para capacitação profissional. Todos voltados ao público estrangeiro. A iniciativa foi realizada em parceria com a ABC Japan e com o Conselho de Cidadãos de Tóquio e pode ser acessada em https://www.facebook.com/ConsuladoemToquio/photos/a.716090865111091/3995394990513979/

Sei que na atualidade, a crise sanitária global, afetou negativamente as atividades econômicas do Brasil e de outros países. No entanto, ao mesmo tempo em que o contexto atual representa um desafio, pode se transformar em uma oportunidade de negócio caso o empreendedor tenha uma boa ideia, confiança em seu negócio e abertura para novidades. Desejo a todos muito sucesso em suas trajetórias empresariais e coloco nosso Consulado-Geral em Tóquio à disposição para o que puder ajudar nesse sentido.