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Gabinete do Japão aprova orçamento extra de ¥ 29 trilhões

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Meta é reduzir as contas de serviços públicos

 

O gabinete do Japão aprovou na terça-feira, 8, um orçamento extra para o atual ano fiscal no valor de 29,09 trilhões de ienes.

O dinheiro irá para um pacote econômico projetado para aliviar a dor das famílias e empresas com o aumento dos preços, agravado por um iene mais fraco.

Para garantir o financiamento necessário, o governo emitirá títulos no valor de 22,85 trilhões de ienes, colocando a restauração fiscal em segundo plano, apesar de sua dívida já ser mais que o dobro do tamanho de sua economia.

A principal característica do pacote econômico é reduzir as contas de serviços públicos para as famílias japonesas.

Uma família poderá economizar cerca de 45.000 ienes entre janeiro e setembro, quando o pacote, destinado a reduzir os preços da eletricidade e do gás, além da gasolina e do querosene, for implementado.

Espera-se que o governo apresente o plano de orçamento extra ao parlamento em meados de novembro para aprová-lo antes que a sessão atual termine no início de dezembro.

O tamanho total do pacote econômico será de 71,6 trilhões de ienes, que inclui 39,0 trilhões de ienes em gastos fiscais do governo e dos municípios locais.

Situação grave

Diante de uma tendência de queda nos índices de apoio público, o primeiro-ministro Fumio Kishida destaca os esforços de seu governo para amortecer o golpe nas famílias do aumento dos preços ao consumidor, que saltaram 3%  em setembro, a maior alta em três décadas.

“Não devemos hesitar em gastar o que for necessário em tempos de emergência para proteger os meios de subsistência das pessoas no Japão“, disse o ministro das Finanças, Shunichi Suzuki, depois que o plano orçamentário foi aprovado pelo gabinete.

“Também é verdade que a situação fiscal de nosso país está se tornando ainda mais grave”, acrescentou  Suzuki, alertando que os gastos “massivos” em modo de crise não podem durar muito, com a saúde fiscal do Japão já  em apuros.

O gasto total no atual ano fiscal chegará a 139,22 trilhões de ienes, marcando o terceiro maior valor já registrado.

 

Fonte: Kyodo

 

Fernando Ulrich – “O bitcoin é imparável”

 

“O bitcoin é imparável”

Com mais de 500 mil seguidores no YouTube, Fernando Ulrich conta como a principal moeda digital da atualidade pode revolucionar o modo com o qual enxergamos o dinheiro.

“É necessário ter concorrência no campo da moeda”, afirma, sem medo de se envolver em polêmicas, Fernando Ulrich. Conhecido como um dos maiores especialistas em criptomoedas do Brasil, Fernando lançou, em 2014, o primeiro livro em língua portuguesa sobre o tema. Desde então, se tornou referência internacional no assunto e criou um canal no YouTube para compartilhar e popularizar conhecimento sobre o tema.

De malas prontas para desembarcar na Terra do Sol Nascente, Ulrich é uma das atrações do Expo Talks Japan, o maior evento sobre investimentos e planejamento financeiro do país. A edição 2022 será realizada no dia 20 de novembro, no Centro Cultural Patio Chiryu e contará, ainda, com a presença da planejadora financeira e consultora Viviane Ferreira.

Mês passado, Ulrich participou do J1 Talks, o podcast de empreendedorismo made in Japan produzido pela J1, que também publica o Guia JP. Selecionamos algumas partes desta conversa para você conhecê-lo melhor. Confira.

Apresentação

Tenho hoje 42 anos, 20 anos de experiência no mercado de trabalho, focado quase sempre em finanças corporativas, investimentos e mercados. Tive passagens por uma multinacional na área de elevadores, a ThyssenKrupp. Isso foi na década retrasada, de 2002 a 2009, quando eu tive a possibilidade e a sorte de viajar o mundo inteiro. Depois, eu fiz um mestrado em Economia. A minha formação é em administração de empresas no Brasil, pela PUC de Porto Alegre, e com mestrado em Economia, que eu fiz depois dessa minha passagem pela ThyssenKrupp em Madri, na Espanha.

Em seguida, trabalhei com fusões e aquisições, com incorporação imobiliária no negócio familiar e também tive uma passagem pelo Banco Indusval & Partners, pela XP Investimentos. Hoje estou como Head de Educação na Liberta Investimentos, onde atuo desde novembro de 2019.

Bitcoin: a moeda na era digital, o livro

Foi publicado em março de 2014 e foi o primeiro livro em língua portuguesa sobre o bitcoin. Meu foco de interesse quase sempre foi o Banco Central, dinheiro, sistema financeiro, mercados e era realmente o que mais me apaixonava. Comecei a descobrir esse tal do bitcoin em 2013 e estudei de verdade, não apenas com desdém como costumava ser a minha abordagem até então. Caí da cadeira pelas possibilidades que o bitcoin, na minha visão, estava abrindo.

Livro - Bitcoin A moeda na era digital
Foi publicado em março de 2014 e foi o primeiro livro em língua portuguesa sobre o bitcoin.

O bitcoin é uma forma de dinheiro sem autoridade central por trás, descentralizada, que podia ser uma alternativa ao sistema financeiro. Sou um entusiasta da livre iniciativa, defensor do livre mercado ou da livre concorrência. Acredito que o livre mercado consegue oferecer soluções melhores, com qualidade melhor e com preço mais baixo. Por isso, entendo que também era necessário ter concorrência no campo da moeda. É uma heresia falar isso para qualquer economista hoje em dia, mas eu entretinha essa ideia porque, sabe, a gente pode ter concorrência de moedas. Era algo que o Friedrich August Henrik, economista da Escola Austríaca que ganhou o Prêmio Nobel em 1974, dizia.

Quando eu entendi a segurança e como a tecnologia do bitcoin funcionava, caí da cadeira. Virei um fascinado entusiasta quase que instantaneamente e comecei a pesquisar cada vez mais. Escrevi alguns artigos para o site do Instituto Mises Brasil e comecei a escrever o livro no final do ano de 2013. Ele foi publicado em março de 2014. Então, lá se vão quase nove anos do livro e quase dez anos que eu estou estudando nesse mercado. Já sou um veterano nesse mundo.

Gestão da moeda e concorrência

Em certa medida, estamos vendo hoje vários países no mundo com inflação mais alta. Isso tem a ver com a gestão da moeda. Quem gere a moeda é o Banco Central, que tem o monopólio de emissão desta mercadoria.

A tese da Escola Austríaca é que apenas um arranjo de livre concorrência pode prover um dinheiro saudável, um dinheiro forte, que não vai ser depreciado. Essa é a essência do argumento de livre concorrência no âmbito monetário. Partindo dessa ideia, é preciso ter concorrência de moedas.

É aí que entram as criptomoedas. O dinheiro não é algo estático. A gente não usa semente de cacau ou conchas há 5 mil anos. O dinheiro vai evoluindo. Formas superiores de moeda vão sendo adotadas e as anteriores, ultrapassadas, vão sendo descartadas. Mas quando a gente chegou no século 20, meio que cessou — ou proibiram — a evolução do dinheiro. Os bancos centrais tomaram conta e proibiram praticamente qualquer tipo de concorrência de moeda.

Bitcoin como alternativa
O bitcoin surge como uma alternativa porque, ao contrário do ouro e de alguma outra moeda privada, ou bitcoin é tecnologicamente superior porque ele é imparável. Como é uma rede distribuída ou descentralizada, não tem um ponto único de falha, não tem como nenhum governo, órgão regulador, exército, marinha que consiga parar o sistema.

Isso não quer dizer que o bitcoin vai se tornar o dinheiro corrente, vai substituir o dólar e tudo mais. Isso são outros quinhentos, é outra parte da história. Porém, pelo menos em teoria, isso pode acontecer e o fato de ser uma tecnologia descentralizada permite com que isso aconteça.

O bitcoin representa a liberdade, não apenas de escolher a moeda mas, também, de produzir moeda. Porque as duas coisas são importantes. Em alguns países, há mais liberdade de escolha de moeda, embora não de produção de moeda. No Japão, por exemplo, a moeda é o iene e todo mundo tem que usar o iene. Só o iene que tem curso legal, mas você pode escolher usar o dólar. Também pode escolher o euro, mas pra pagar imposto é só o iene.

No Brasil a gente tem as chamadas leis de curso legal forçado, que é um passo além. Isso não apenas torna o real a única moeda em território nacional, capaz de liquidar dívidas pré-contratadas e impostos, como também significa que é uma contravenção recusar o real. Se eu tenho uma loja, alguém chega e quer comprar o meu produto, eu não posso recusar pagamento em reais. Nos Estados Unidos é possível, mas, no Brasil, isso é crime.

A tecnologia

O bitcoin é um sistema que tem muita ordem, embora sem autoridade central. Porém, alguém precisa validar transações e assegurar que ninguém vai gastar dinheiro do outro, que não vai haver desvio de fundos, etc. A tarefa de validação de transações é feita de forma voluntária por qualquer participante e há uma recompensa para quem desempenhar essa tarefa de segurança.

Para ganhar essa recompensa e validar as transações, é preciso provar para o restante da rede que você teve trabalho para fazer a tarefa. É a chamada Prova de Trabalho — ou Proof of Work no jargão da rede — que consiste em executar uma função criptográfica que demanda muita energia e força computacional.

Quanto mais pessoas se dedicam a essa tarefa — porque querem ganhar a recompensa —, mais difícil fica essa Prova de Trabalho. Então ela vai crescendo e aumentando cada vez mais em dificuldade. Todo esse processo que eu estou descrevendo de forma simplificada é o que é chamado de mineração do bitcoin. Esse é o coração da rede, o que mantém a rede pulsando.

DESENVOLVIMENTO DE UM LEGADO COMEÇA PELO CONHECIMENTO DO PÚBLICO, PASSANDO POR PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO PARA ESSE PÚBLICO E TERMINA NAS FERRAMENTAS PARA ALCANÇAR E OFERECER UMA BOA EXPERIÊNCIA PARA O PRIMEIRO CONTATO COM ESSE PÚBLICO.
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Blockchain

Essas transações são registradas num grande arquivo digital chamado blockchain, que é o livro contábil da rede. Lá estão registradas todas as transações e todos os participantes da rede que fazem parte desse processo. Todos têm uma cópia idêntica desse blockchain que, a cada dez minutos em média, vai sendo atualizada de forma sincronizada. Então todos os participantes têm uma cópia fiel, autêntica e que é constantemente atualizada. Todo esse processo é feito de forma voluntária e descentralizada, sem ter um agente central coordenando os trabalhos de todo mundo. As próprias regras do sistema incentivam o comportamento honesto. É sempre mais rentável atuar de acordo com as regras do que tentar perverter o sistema em benefício próprio. Isso é até uma antítese dos sistemas tradicionais porque é um modelo de segurança aberto.

O J1Talks é um podcast produzido com a perspectiva e insights de empreendedores brasileiros inseridos na comunidade brasileira do Japão

#18 Fernando Ulrich – Pré-Expotalks 2022 no Japão

Neste episódio você vai conhecer mais sobre o dinheiro e as criptomoedas. Fernando Ulrich escreveu o primeiro livro em português sobre BITCOIN e nos explica os conceitos dessa revolução IMPARÁVEL. Ele será a atração principal do EXPOTALKS JAPAN 2022, e um Workshop limitado que você pode garantir seu ingresso no site

https://expotalksjapan.com

Ouça o Podcast:

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Lula é eleito presidente do Brasil

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Bolsonaro se torna o primeiro a não conseguir a reeleição

 

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o novo presidente da República do Brasil. Ele venceu o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição no segundo turno das Eleições Gerais de 2022. Ele venceu após a disputa mais acirrada desde a redemocratização e uma campanha marcada pela polarização, guerra nas redes sociais, batalha religiosa e episódios de violência.

Esta é a primeira vez que um ex-presidente volta ao mais alto cargo do Executivo na história do Brasil. Também é a primeira vez que um mandatário não consegue a reeleição.

Às 19h56 de domingo, 30, com 98,91% das urnas apuradas, Lula foi considerado eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após receber 59.563.912 votos (50,83% dos votos válidos), contra 57.675.427 votos (49,17% dos votos válidos) de Bolsonaro.

 

Votos recebidos pelos candidatos (Fonte: TSE)

 

Mais tarde, já com 99,99% das seções eleitorais apuradas, Lula alcançou 50,90% dos votos válidos, com 60.345.107 votos, contra 49,10%, ou 58.205.718 votos. Esta foi a disputa mais acirrada da redemocratização.

¨A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação”, disse Lula aos apoiadores e jornalistas, logo após o anúncio do resultado.

Campanhas

Bolsonaro é o primeiro presidente a não conseguir ser reeleito. Mesmo tendo lançado mão de diversas medidas para aumentar a popularidade e tentar ampliar as suas chances.

Uma delas foi a chamada  PEC ¨Kamikaze¨. Aprovada em julho, a proposta possibilitou a criação de um pacote de benefícios sociais, ao driblar a lei que proíbe criar despesas em ano eleitoral. A medida permitiu, por exemplo, o aumento do Auxílio Brasil (de R$ 400 para R$ 600). Também implantou uma ajuda a caminhoneiros e taxistas. Esses repasses, no entanto, valem só até o final do ano.

Nas redes sociais pipocaram denúncias de assédio eleitoral em empresas. A prática é ilegal e uma tentativa de influenciar o voto de empregados por meio de ameaças, pressão, coação e promessas de benefícios.

Lula apostou na construção de uma frente ampla que reuniu inclusive ex-adversários políticos, como o próprio vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). O presidente eleito demonstrou ter apoio popular mesmo diante de escândalos de corrupção das gestões petistas e reforçou a capacidade de articulação política.

Artistas, músicos, celebridades brasileiras e internacionais declararam apoio a Lula. Na reta final, o petista teve a seu lado candidatos que haviam sido derrotados no primeiro turno das eleições 2022, como Simone Tebet (MDB) e se reaproximou de Marina Silva (Rede).
Currículo
Luiz Inácio Lula da Silva, 77 anos, é natural de Garanhuns (PE) e concorreu pela coligação Brasil da Esperança (formada por FE Brasil (PT/PCdoB/PV)/Solidariedade/Federação PSOL-Rede/PSB/Agir/Avante/Pros).
Presidente da República entre 2003 e 2010, ele é casado com Rosângela Silva, a Janja, e tem como vice-presidente o médico e ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

Torneiro mecânico, líder sindical e membro fundador do PT.

Lula durante a campanha (Foto: Twitter)

Ao deixar o Planalto, tinha aprovação recorde e conseguiu eleger a sucessora, Dilma Roussef (PT), que esteve à frente do Executivo entre 2011 e 2016, quando sofreu impeachment.

Lula retorna 12 anos após encerrar seu segundo governo e três depois de sair da prisão, onde ficou 580 dias.

Condenado pelo ex-juiz e senador eleito Sergio Moro, o petista foi preso em abril de 2018. Ele deixou a carceragem, em Curitiba, em novembro de 2019, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional a prisão em segunda instância.

Em março de 2021, a Corte anulou as condenações impostas por Moro, que foi ministro de Bolsonaro e agora o assessorava na campanha, mesmo tendo deixado o governo acusando Bolsonaro de interferência no Ministério da Justiça.

 

Fontes: UOL, Terra, Globo, Twitter

 

Japão vai vacinar menores de 5 anos contra o Coronavírus

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Serão distribuídas 7 milhões de doses

 

O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar do Japão começou nesta segunda-feira, 24, a distribuição de vacinas contra o COVID-19 para crianças de 6 meses a 4 anos.

Serão distribuídas cerca de 7 milhões de doses, que serão entregues até o final de novembro. A vacinação pode começar assim que as doses forem entregues.

Funcionários do Ministério informaram que as crianças vão precisar de três injeções, cada uma contendo um décimo da dose administrada aos adultos.

As duas primeiras doses serão administradas com três semanas de intervalo e a terceira dose, pelo menos oito semanas após a segunda dose.

O Ministério expandiu o programa de vacinação para incluir crianças de 5 a 11 anos em fevereiro. Em julho, a Pfizer solicitou a aprovação da vacina para crianças de 6 meses a 4 anos, que foi liberada pelo Ministério da Saúde este mês.

A Pfizer disse que os testes clínicos foram realizados quando a variante Ômicron era predominante no país e confirmou que a vacina foi 73,2% eficaz na prevenção do início da infecção, sete dias após a terceira dose.

Os efeitos colaterais incluem febre de 38º Celsius e diminuição do apetite, mas a maioria deles foi leve ou moderada.

As autoridades dizem que as vacinas não são obrigatórias. A decisão deve ser tomada por cada pessoa ou pelos responsáveis legais.

 

Fonte: NHK

Governo anuncia fim dos cartões de seguro de saúde

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My Number vai incorporar essa e outras funções

 

O governo japonês planeja abolir os cartões de seguro de saúde no outono de 2024, incorporando-os ao cartão de identificação ¨My Number¨.

O ministro da Transformação Digital, Taro Kono, fez o anúncio na quinta-feira passada, 13, após reunião com o primeiro-ministro Fumio Kishida, com o ministro da Saúde, Kato Katsunobu e com o ministro de Assuntos Internos, Terada Minoru.

Kono disse que os cartões servirão como um passaporte para a criação de uma nova sociedade digital.

 

 

O ministroTaro Kono (Foto: NHK)

O governo está considerando quais medidas tomar em relação aos cidadãos que não terão o ¨My Number¨ até o momento em que os cartões de seguro de saúde forem abolidos.

Entre as vantagens de usar os cartões como certificados de seguro de saúde, as autoridades destacam que o ¨My Number¨ pode automatizar a recepção em instituições médicas por meio de um sistema de reconhecimento facial e permitir que médicos e farmacêuticos visualizem informações como registros de receitas e exames médicos especificados com o consentimento do paciente.

No entanto, apenas cerca de 30% das instituições médicas e farmácias instalaram leitores de cartões apropriados. O ministério da Saúde planeja exigir que eles introduzam os sistemas a partir de abril de 2023.

Outra dificuldade é que apenas cerca de 20% da população registrou o ¨My Number¨ para uso como certificado de seguro de saúde.

O que é

O ¨My Number¨ é um sistema de carteira de identidade lançado em 2016. Ele contém um número de 12 dígitos para cada cidadão e estrangeiro residente no Japão e pode incorporar uma série de dados pessoais, como informações relacionadas a impostos e previdência social.

O objetivo do governo do Japão é ter quase todos os cidadãos com o ¨My Number¨ até março de 2023.

O ministro Kono acrescentou que o governo antecipará sua data inicial de março de 2025 para combinar as funções da carteira de motorista com o ¨My Number¨.

Vale ressaltar que as autoridades não estão planejando abolir as carteiras de motorista existentes.

 

Fontes: NHK, Kyodo e Japan Today

 

Como funciona o passaporte da vacina no Japão?

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Com o aumento da número de vacinados mundo afora, os países começam a organizar formas de voltar a aceitar a entrada de pessoas que moram no exterior em seu território. Muitos países têm criado “passaportes da vacina” que estão sendo usados como pré-requisitos para quem pretende visitar outros países a negócio ou mesmo a passeio. No Japão, o documento se chama Sesshu Shomeisho (接種証明書), algo como “Certificado de Vacinação”. Ele é diferente do Sesshuzumisho (接種済証) — e de seu similar Sesshu Kirokusho (接種記録書) — que é o cartão com dois selos autenticados, entregues logo após o recebimento de cada dose.

O que é o Sesshu Shomeisho?
É um novo documento emitido pelas prefeituras municipais que certifica que a pessoa portadora tomou as doses recomendadas da vacina contra o novo coronavírus. O Sesshu Shomeisho (接種証明書) é diferente do Sesshuzumisho (接種済証) e do Sesshu Kirokusho (接種記録書), entregues no momento em que o cidadão toma a vacina. A principal diferença é que o Sesshu Shomeisho é bilingue — japonês e inglês. O objetivo é que ele possa ser apresentado para as autoridades internacionais, no momento da entrada em um país estrangeiro.

Para que serve o Sesshu Shomeisho?
Ele serve como comprovante, perante às autoridades estrangeiras, de que o seu portador tomou as doses recomendadas da vacina. Alguns países do mundo estão abrindo suas fronteiras para cidadãos estrangeiros imunizados contra o novo coronavírus. O Sesshu Shomeisho foi criado para que os residentes no Japão possam comprovar que tomaram as doses recomendadas das vacinas disponíveis no país — Pfizer e Moderna. Por isso o documento está sendo chamado de “Passaporte da Vacina”. Com ele, é possível entrar nos países com os quais o Japão firmou acordos — 34 nações até o momento. Isso não quer dizer que o portador do “Passaporte” não tenha que seguir as exigências do país que irá visitar e cada país tem a sua própria lista, dentre elas a obrigação de apresentar um exame negativo para o coronavírus. O governo japonês divulga aqui os países que estão aceitando o Sesshu Shomeisho.

Que informações estão contidas no Sesshu Shomeisho?
O documento contêm, além dos dados pessoais da pessoa portadora, as informações do imunizante recebido, a data e o país de vacinação.

Quem precisa solicitar o Sesshu Shomeisho?
Pessoas que pretendem viajar para o exterior são aconselhadas a solicitar o “Passaporte da Vacina”. No entanto, cidadãos brasileiros que pretendem retornar ao país — definitivamente ou a curto prazo — não são obrigados a portar o documento. Porém, vale lembrar que muitas cidades brasileiras estão adotando restrições de acesso a espaços fechados para pessoas não vacinadas. Neste caso, o modo mais fácil de provar que você tomou a vacina no Japão é tendo um documento em inglês que comprove a imunização. Mas vale ressaltar que o Brasil não tem acordo para o reconhecimento do “Passaporte da Vacina” japonês. Em outras palavras, vai valer o bom senso das autoridades no Brasil.

Onde posso solicitar o Sesshu Shomeisho?
O “Passaporte da Vacina” está sendo emitido pelos municípios. Você deve solicitar o seu na prefeitura da cidade onde recebeu a imunização. Cada prefeitura está adotando uma forma de fornecer o passaporte. Em muitos casos, a pessoa solicitante envia os documentos exigidos pelo correio e recebe o passaporte do mesmo modo. Poucas prefeituras estão aceitando os pedidos por via digital — apenas 18 entre as mais de 1700 municipalidades do país, segundo o Nikkei Shimbun. Hamamatsu, na província de Shizuoka, é uma das cidades que está aceitando solicitações de passaporte online.

Como é feita a solicitação do Sesshu Shomeisho?
Na maior parte dos casos, a pessoa interessada envia os documentos solicitados pelo correio, junto com um formulário de solicitação do “Passaporte da Vacina” devidamente preenchido. O formulário, em inglês e japonês, está disponível para download no site dos municípios. No entanto, algumas prefeituras estão emitindo o documento por solicitação presencial. É o caso de Oizumi, na província de Gunma, por exemplo.

Quais os documentos exigidos na solicitação?
• Cópia da página de identificação do passaporte;
• Cópia do comprovante de vacinação Sesshuzumisho (接種済証) ou do Sesshu Kirokusho (接種記録書);
• Cópia de um documento que funcione como comprovante de residência (Zairyu Card, Carteira de Motorista, My Number Card, dentre outros);
• Formulário de solicitação devidamente preenchido;
• Envelope preenchido com nome e endereço, com selo de ¥84, para o envio do “Passaporte”.
O pedido também pode ser feito por representação. Neste caso, é necessário incluir uma procuração simples, assinada pelo solicitante, cujo modelo também costuma estar disponível no site das prefeituras.

Quanto custa a solicitação do Sesshu Shomeisho?
Nada. A emissão do documento é gratuita.

O Japão vai exigir o Sesshu Shomeisho de nós, residentes?
Não necessariamente. Se for necessário comprovar a imunização, basta apresentar o Sesshuzumisho (接種済証) ou o Sesshu Kirokusho (接種記録書), entregues logo após a vacinação. Porém, quem viajar para o exterior pode ter vantagens ao apresentar o “Passaporte da Vacina”, como desconto de tempo na quarentena. Mas isso vai depender, também, do país de onde o residente estiver retornando.

Omotenashi – A Arte da Hospitalidade Japonesa

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Foi em 2013, quando a apresentadora Christel Takigawa fez a defesa da candidatura japonesa aos Jogos Olímpicos de 2020, que a palavra omotenashi ganhou o mundo. Da noite para o dia, um monte de gente estava querendo saber os significados explícitos e implícitos deste vocábulo de cinco sílabas. Encontrar quem saiba definir exatamente o que é o omotenashi é um desafio mesmo no Japão. Porém, qualquer pessoa pode te enumerar diversos momentos em que sentiu na prática o que isso significa.

Quase sempre traduzido como “hospitalidade japonesa”, o significado da palavra omotenashi é muito mais profundo que isso. Acredita-se que a origem do vocábulo e da ideia que está por trás dele seja a cerimônia do chá, chamada de chadô (lê-se “tcha-dô”), em japonês. Com base nos pensamentos budista e do taoista, essa cerimônia é, na realidade, uma recepção em que a pessoa anfitriã prepara um banquete que começa com o serviço do matchá, o chá verde em pó.

O final do século 16, quando as bases da cerimônia do chá foram criadas, é marcado pelos últimos suspiros do Período Sengoku, um dos mais beligerantes da história do Japão. Foi nesse momento, em que Sen no Ryu, considerado um dos mestres de chá mais influentes da história, também deu as direções para o que entendemos hoje como omotenashi. Foi ele quem definiu que cada cerimônia do chá é uma experiência única, que jamais se repetirá. Portanto, é preciso que todas as pessoas participantes, anfitriãs e convidadas, estejam envolvidas por completo no momento, com sinceridade e honestidade.

Em japonês, isso pode ser definido pela expressão omote-ura nashi que pode ser entendida literalmente como “não haver verso e reverso”. Nas relações humanas, ela pode significar não existir diferença entre conduta e pensamento ou entre o que se sente e o que se demonstra. Simplificada para a palavra omotenashi — nada a esconder — e adequada à atuação da pessoa anfitriã na cerimônia do chá, se tornou a ideia de oferecer o melhor, com verdadeira hospitalidade.

Em outras palavras, é o esforço feito para oferecer uma experiência única e personalizada a quem participa do evento que se reflete na escolha da louça, que é pensada para cada visitante; nos adornos de flores e nas mensagens escolhidas especialmente para aquela ocasião, dentre outros inúmeros detalhes, do preparo à despedida. Diz-se, por isso, que uma cerimônia do chá completa leva meses para ser planejada. Mas, certamente, a imagem mais perfeita para entender o omotenashi na cerimônia do chá é o momento em que a bebida é preparada. O mestre ou a mestra faz cada passo na frente das visitas, da limpeza dos utensílios ao momento em que o matchá está pronto para ser consumido. É assim porque, afinal, não há nada a esconder.

Além disso, tudo é feito com humildade e, ao mesmo tempo, com dignidade. Todo mundo se senta no chão de tatami, no mesmo nível. Quem prepara e oferece o chá e todo o banquete são as pessoas anfitriãs, não a criadagem. (Aliás, serviçais domésticos são raridade no Japão.) Uma pessoa é mestre de chá porque domina todas as técnicas de servir e é admirada por isso.

São esses detalhes históricos e filosóficos que fazem com que o omotenashi diferente da hospitalidade que é comum a todas as culturas do mundo. Uma situação que aconteceu comigo em um hotel de Tóquio ilustra bem essa diferença. Era um dia muito quente e eu entrei no hotel esbaforido. Como é de se esperar, o ar condicionado estava ligado, o que já é um grande alívio. Ao chegar na recepção fui cumprimentado pelo rapaz com muita cortesia, como de praxe. Porém, antes mesmo que eu conseguisse terminar de responder, o moço tinha colocado sobre o balcão uma pequena bandeja prateada com uma toalhinha branca e úmida, bem geladinha, a qual ele me ofereceu para que eu pudesse secar o rosto e aliviar o calor antes mesmo de fazer o check in.

Ter um bom ar condicionado e um funcionário a postos e cortês no atendimento é hospitalidade. Colocar à sua disposição uma toalhinha úmida e geladinha, num dia de calor, antes mesmo que você peça, é omotenashi. Em outras palavras, mais do que receber bem, omotenashi é pensar nas outras pessoas a ponto de se antecipar às suas necessidades. Esse é o diferencial e, podemos assim dizer, a arte da hospitalidade japonesa.

Cinco programas imperdíveis para conhecer a terra da beleza em Akita

Localizada no extremo norte da ilha de Honshu, Akita é uma das províncias japonesas mais tranquilas e menos visitadas por estrangeiros. Cercada de montanhas e coberta de neve durante o inverno, Akita é o local ideal para quem busca um turismo sem pressa e deseja descansar ou conhecer tradições japonesas que pouca gente conhece. Um dos símbolos da província é o Namahage, uma figura folclórica mal encarada, usada para lembrar as crianças que não se deve fazer coisa errada. À parte o estranho costume, Akita é uma província acolhedora, de gente simples, que trabalha firme na agricultura, na pesca e em outras atividades em que o contato com a natureza é fundamental. Sendo assim, uma visita a Akita não pode deixar de propiciar experiências em que os elementos e as tradições sejam fundamentais. Por isso, o GUIA JP separou para você cinco experiências inesquecíveis na província. Viaje com a gente.

Encantar-se com as belezas do Lago Tazawa

Com 423 metros de profundidade, o Tazawa é considerado um dos mais belos lagos de caldeira do Japão e, também, o mais profundo. O lago e o seu entorno são um resumo do que a província de Akita pode oferecer de melhor aos seus visitantes: uma imersão na natureza, com tranquilidade e sem pressa. Cercado por montanhas com florestas densas, o Tazawa é um convite para quem gosta de atividades ao ar livre.

Um bom local para começar o passeio pelo lago é o Santuário Goza no Ishi, com o seu portal torii bem nas margens do lago. Diz-se que, no meado do século 17, o daimyo Satake Yoshitaka costumava sentar-se em uma rocha no local para admirar a beleza do lago. Goza no Ishi quer dizer, justamente, “pedra de se sentar”.

Região do Lago Tazawa no inverno

Dali, é possível pegar um ônibus até a margem oeste do lago, onde fica uma pequena estátua dourada de mulher. Chamada de Tatsuko, a imagem representa a lenda de uma bela mulher que rezava à beira do lago para manter-se bela para sempre. Por causa da vaidade, a mulher acabou castigada com uma maldição e se transformou num dragão. Com vergonha da nova aparência, ela teria se afundado no lago profundo, onde vive até os dias de hoje.
Da estátua da Tatsuko, sai um barco turístico (¥1220/40 minutos) que cruza o lago até a margem leste, onde fica a área com maior infraestrutura do local. Restaurantes, cafés e lojinhas se estabeleceram ali e são uma opção para o almoço. Nesta margem também é possível alugar bicicletas e prolongar o passeio por outras partes do lago.

Relaxar nas águas termais da região de Hachimantai

Akita também é uma província famosa pelas estâncias de águas termais. A maioria delas fica na área montanhosa no entorno do Lago Tazawa. Nyuto Onsen é a mais conhecida. Oito ryokan — pousadas mais tradicionais — ficam na área da estância, boa parte deles considerados bem rústicos. A região é conhecida pelas águas leitosas, mas existem banhos com minerais de cor mais terrosa também.

O Tsurunoyu Onsen é o ryokan mais antigo e mais conhecido da região. Alguns dos quartos têm, inclusive, um fogareiro de chão conhecido como irori. Os banhos do Tsurunoyu também são considerados excepcionais e incluem um espaço misto a céu aberto, que fica aberto aos não hóspedes todos os dias da semana, exceto às segundas-feiras que não são feriados. A entrada é ¥600 para quem não vai se hospedar no local. Outros ryokan da região incluem o Kuroyu (com seu banho a céu aberto misto onde se pode ver um belo pôr do sol) e o Taenoyu.

Banho termal a céu aberto em Nyuto Onsen

Outra conhecida estância de águas termais da região é Tamagawa Onsen, conhecida pela água termal mais ácida do país. A estância tem apenas uma acomodação, que recebe não hóspedes em seus banhos em todas as estações, exceto o inverno. A fonte que abastece os banhos fica a poucos metros do ryokan e é possível vê-la. No entanto, entrar na fonte não é permitido já que a água jorra a 98 graus, o que causaria queimaduras graves. A fonte também é conhecida como a mais produtiva do país, liberando 9 mil litros de água fervente por minuto, ininterruptamente.

A região de Tamagawa Onsen também é conhecida pela existência de uma pedra radioativa rara chamada hokutolita que, acredita-se, tem efeitos benéficos à saúde, incluindo ação preventiva contra o câncer. Por isso, é possível ver pessoas deitadas sobre as rochas no caminho entre o ryokan e a fonte.

Entrar num túnel do tempo em Kakunodate

Quem gosta de histórias envolvendo samurais não pode deixar de visitar Kakunodate. A pequena cidade era o centro de defesa de sua região e tinha um castelo. Embora a principal edificação tenha sido destruída, a cidade conseguiu preservar dois distritos de grande importância histórica: o dos samurais e o dos mercadores. Diz-se que essas duas partes da cidade não mudaram muita coisa desde a segunda década do século 17.
O distrito dos samurais era o lar de 80 famílias de guerreiros, que viviam em ruas estreitas e em casas com quintal amplo e arborizado. Muitos desses quintais são ornados com uma espécie de cerejeira chamada shidarezakura, conhecida também como “chorona”. No início de maio, as flores desabrocham trazendo milhares de visitantes para o local.

Seis das antigas casas de samurais são abertas ao público. A Casa Ishiguro ainda é habitada por descendentes dos antigos guerreiros e, por isso, apenas parte dela é acessível. Mas a visita (¥400/adultos) vale a pena. Na casa, está exposta uma pequena coleção de armaduras e vestimentas usadas pelos antigos guerreiros.

Passeio de riquixá pelo distrito de samurais de Kakunodate

A maior casa da área, no entanto, é a Aoyage, que funciona basicamente como um museu da vida dos samurais de Kakunodate (¥500/pessoa). São 10 mil metros quadrados que incluem um jardim com informações dispostas em inglês e japonês. Há espaços também para experiências como o uso da espada, do capacete ou mesmo da vestimenta completa (¥4500/pessoa/hora). Dentro do espaço, funcionam também lojinhas e restaurantes, dentre eles o Inaniwa, que tem 350 anos de história e serve o que é considerado um dos três melhores udons do Japão.

Não deixe de visitar, também, as demais casas de samurais, cuja entrada é franca, e o distrito dos mercadores, onde fica uma fábrica de missô de 150 anos, feita de tijolos, um estilo de arquitetura característico do Japão pós-feudal.

Conhecer os ”iglus” japoneses em Yokote

Cancelado nos últimos anos por causa da pandemia, o Yokote Kamakura Festival ocorre nos dias 15 e 16 de fevereiro, o auge do inverno em boa parte do Japão. O Kamakura do nome do evento são pequenas construções de neve, como iglus, que são construídos na região como uma espécie de altar para pedir às divindades por água em abundância quando o inverno acabar.

No interior das construções, uma pequena lareira abastecida a carvão é acendida para aquecer os visitantes e grelhar os onigiri, bolinhos de arroz que são servidos durante o festival. Também é possível provar o amazake, um fermentado de arroz adocicado e bem espesso, considerado uma espécie de superalimento. Para provar as iguarias, o visitante deve deixar uma oferenda no altar.

“Iglus” iluminados com o castelo de Yokote ao fundo

Passeando pelas ruas da vila, onde os iglus são instalados, uma trilha formada por lanternas abrigadas em pequeninas construções leva até o Castelo de Yokote, que costuma ficar fechado durante o inverno, mas abre especialmente nas datas do festival. As lanternas também são acesas na beira do rio, formando um belo espetáculo que atrai visitantes de todo o país.

Provar saquê numa fábrica com mais de 300 anos de história

Akita é uma das maiores produtoras de arroz do Japão, e o cereal produzido na província é bem cotado em todo o país. Com ele é produzido também o saquê, uma bebida alcoólica fermentada, cada vez mais bem cotada no cenário internacional. Por causa da qualidade do arroz e da água de Akita, os saquês da província também são muito bem avaliados dentro e fora do país. Por isso, interessados em culturas etílicas não podem deixar de visitar uma fábrica de saquê durante sua visita à província.
Fundada em 1689, a Suzuki Shuzo foi fundada pelo jovem Matsuemon que saiu da província de Mie, no centro do Japão, para recomeçar a vida no norte do país. Conta-se que ele ficou apaixonado pela beleza luxuriante e intocada das florestas e montanhas de Akita, onde fincou residência próximo a Kakunodate. Matsuemon trabalhou por quatro anos na lavoura até conseguir atingir seu objetivo de produzir saquê.

Suzuki Shuzo: produzindo saquê há mais de 300 anos

A marca principal da Suzuki é a Hideyoshi, uma linha que nasceu de um saquê criado em 1848 para um concurso aberto pelo daimyo de Akita da época. Nomeado Hatsu-arashi (algo como “primeira trovejada”, o então desconhecido saquê caiu nas graças do senhor feudal que, ao prová-lo, exclamou “hidette-yoshi”, que pode ser traduzido como “extremamente bom”. Assim, os produtores da bebida decidiram mudar o nome do saquê para Hideyoshi e, assim, nasceu a linha que é hoje composta por dois rótulos no estilo daiginjo, altamente refinado, com sabor e aroma frutado e suave.

Com os olhos voltados para o mercado internacional, onde alguns dos seus saquês já estão nas prateleiras, a Suzuki também recebe visitantes estrangeiros em passeios guiados à fábrica em inglês. Visitantes devem fazer a reserva com no mínimo três dias de antecedência pelos contatos fornecidos no site da fábrica, o www.hideyoshi.co.jp/en/tour.

Aldemo Garcia, Cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu – Ele não para!

Cheio de energia, cônsul-geral do Brasil em Hamamatsu quer ir além das funções cartoriais e elevar a comunidade brasileira no Japão.

Conversar com Aldemo Garcia exige raciocínio rápido. O diplomata de 62 anos domina o papo com uma avalanche de ideias e propostas. Completando 40 anos de carreira em 2022, ele está capitaneando as celebrações do Bicentenário da Independência na cidade com o maior número de residentes brasileiros no Japão.

Tendo passado por países como a França, a Argélia, os Estados Unidos, o Canadá e o Timor Leste, onde serviu como Embaixador, Garcia chegou a Hamamatsu há um ano e meio, bem no momento mais difícil da pandemia. Mesmo assim, ele não deixou de ter ideias e propostas. Boa parte delas começou a sair do papel assim que as restrições foram relaxadas. Pode-se dizer que Hamamatsu ganhou um banho de Brasil em 2022, graças à sua atuação incansável.

Garcia abriu um espaço na sua agenda para bater um papo com o Guia JP, passar a limpo sua atuação no último ano e contar um pouco sobre seus projetos futuros. Confira!

Como o senhor avalia o Brazilian Day 2022?
Acho que o evento, de uma forma geral, foi um grande sucesso. Foi a primeira vez que foi realizado um evento como esse em Hamamatsu. ormamos uma comissão organizadora, levamos praticamente um ano na organização. No início, muitas empresas não acreditaram que a gente poderia fazer um evento desse nível, dessa magnitude. Foi muito difícil captar patrocínios. O evento custou mais de ¥13 milhões. No final das contas, tivemos um evento com cerca de 40 atrações musicais e 16 horas de música brasileira no centro de Hamamatsu. Pelas estimativas da prefeitura — e nossas, também —, cerca de 25 mil pessoas circularam pelos dois dias de evento. Realmente, foi um sucesso. A principal atração, Toni Garrido, fechou o domingo com um show apoteótico. Demos oportunidade para várias bandas de estilos como forró, bossa nova, axé, pop-rock, sertanejo e chorinho. Trouxemos o que a gente tem de melhor na cultura brasileira, que é a música, a diversidade e a riqueza musical brasileira. Fizemos uma abertura com quatro prefeitos e outras autoridades fazendo discurso. O prefeito de Hamamatsu [Yasumoto Suzuki] ficou bem impressionado com o evento. Ele disse que não imaginava um show tão grande e prometeu apoio para o ano que vem. Recebemos muitos elogios, não somente no dia, mas depois por e-mail, whatsapp e outros canais. Manifestações até emocionadas, agradecendo pelo que tem sido feito em prol da comunidade brasileira e da cultura brasileira. Isso nos anima muito, nos deixa muito felizes. Foi muito trabalho, mas ao mesmo tempo a gente fica empolgado para tentar repetir no ano que vem.

Durante o evento teve a apresentação do Jujuba, a mascote da comunidade brasileira. O que essa mascote representa?
Desde o ano passado tenho tentado trazer o pessoal da Turma da Mônica, de Tóquio, porque eu fiquei sabendo que estavam preparando uma trupe de atores para representar a Turma da Mônica. Eles estão ensaiando, então ainda não foi possível. Também tentei trazer a mascote Ginga, do Comitê Olímpico Brasileiro. Tinha que pagar R$10 mil, trazer uma pessoa do Rio de Janeiro e pagar uma passagem internacional. Assim, achei que poderia ser uma boa ideia criar o nosso próprio mascote. Inicialmente, pensei em uma mascote da comunidade brasileira em Hamamatsu. Depois, a gente decidiu fazer uma coisa mais ampla: a mascote da comunidade brasileira no Japão. A ideia é que essa mascote possa participar de eventos em todo o país.

Conversei sobre a ideia da mascote com uma brasileira que mora em Hamamatsu, a Melissa, que tem 17 anos. Duas semanas depois, ela me surpreendeu com alguns desenhos e sugestões. Ela apresentou um nome muito sugestivo: Jujuba. No final, acabamos escolhendo a arara azul, que vive no Pantanal, na Mata Atlântica e na Amazônia, e é um animal ameaçado de extinção.

Agora, estamos correndo contra o tempo para confeccionar a versão habitável da Jujuba, que é a fantasia da mascote. Leva 45 dias para ficar pronta e estamos procurando patrocínios. Tenho dado entrevistas para jornais e rádios locais e as pessoas perguntam quando teremos a mascote. Tenho dito para todo mundo que vai ser na Copa do Mundo do Catar, no final de novembro.

Como você sabe, o Japão é conhecido, entre outras características, pelas suas mascotes. Eles têm mascotes para tudo, com vários significados e funções. Diante dessa tradição japonesa, surgiu essa ideia de fazer uma mascote representativa da comunidade brasileira. Acho que vai fazer muito sucesso.

A gente tem visto que o consulado tem trabalhado no sentido de apoiar a comunidade local de diversas formas. Há alguns anos foi fundada a Casa do Trabalhador Brasileiro. Hoje tem muita gente tentando buscar alternativas, começando a empreender. Como o consulado pode contribuir no estímulo ao empreendedorismo entre os brasileiros da região?
Eu estou aqui há um ano e meio e encontrei uma comunidade de 10 mil brasileiros em Hamamatsu, e 30 mil em Shizuoka. A grande maioria é formada por trabalhadores de fábrica. É uma comunidade muito trabalhadora. Criamos há algum tempo o Espaço do Empreendedor Brasileiro, que foi o sucessor da Casa do Trabalhador. O Espaço do Empreendedor Brasileiro é chefiado pela Vanessa Handa, com muita competência. Ela escreveu o Manual do Empreendedor Brasileiro no Japão, que dá o bê-á-bá de como empreender em terras nipônicas.

Muitos dos que estão na fábrica têm o sonho de criar o seu próprio negócio. Então, o consulado ajuda essas pessoas a percorrer o caminho das pedras, criar seu próprio negócio e empreender. Firmamos, no ano passado, uma parceria com o Sebrae. Vamos disponibilizar nas nossas plataformas dezenas de cursos de empreendedorismo do Sebrae.

Além disso, a gente tem um programa semanal chamado Conexão Empreendedora. Toda terça-feira, ao meio-dia, eu e a Vanessa entrevistamos uma pessoa que empreendeu e deu resultado.

Em julho, realizamos um seminário sobre empreendedorismo feminino no ramo alimentício. Tivemos mais de 50 pessoas participantes. Convidamos, também, a Chieko Aoki, que é uma das líderes do grupo Mulheres do Brasil, para vir a Hamamatsu. Fizemos um belo seminário com ela sobre empreendedorismo feminino, com cerca de 100 participantes. São formas que o Consulado tem de incentivar os brasileiros a empreender. É uma área que eu dou a maior importância e está dando certo.

O consulado também tem dado muita ênfase ao setor cultural. O que o senhor acha que isso traz de ganhos para a comunidade brasileira?
O consulado tem funções cartoriais. A gente dá passaporte, certidões, procurações, alistamento militar, dentre outros documentos. Quando eu cheguei aqui, eu me deparei com uma comunidade muito trabalhadora e vibrante. Senti que dava para trabalhar um pouco mais com essa comunidade e decidi fazer o que eu estou chamando de “algo mais”, o que vai além das funções consulares. Felizmente, nós temos uma equipe muito boa e muito bem preparada aqui no consulado que atende com muita presteza e eficiência a essa parte consular. Isso nos libera um pouco para criar coisas na área cultural.

Desde que cheguei, fizemos várias coisas. Organizamos um concurso de fotografias, no início do ano, intitulado “Um Olhar sobre a Comunidade Brasileira no Japão”. Tivemos 336 fotos de 78 participantes. Premiamos com dinheiro os três primeiros colocados e entregamos troféus para as melhores fotografias. Vamos fazer um livro e uma exposição com as cinquenta melhores fotografias. Também fizemos a exposição de arte “Panorama da Criação Contemporânea Brasileira em Hamamatsu”, na qual apresentamos os talentos locais, uma oportunidade para seis artistas brasileiros. Alguns nunca tinham participado de uma exposição. Quatro dos artistas trabalham em fábrica porque não conseguem sobreviver apenas do talento artístico deles. O consulado, ao mostrar a sua arte, está ajudando para que, no futuro, eles possam viver disso.

Também fizemos quatro edições do Bossa Brasil. Hamamatsu é a Cidade da Música no Japão e, a cada dois meses, mostramos aqui o melhor da música brasileira. Convidamos artistas, pagamos o cachê deles e a plateia paga o consumo da casa. A gente traz convidados especiais, formadores de opinião. Já estiveram presentes os prefeitos de Hamamatsu e de Kosai, os diretores da TV Shizuoka e do jornal Shizuoka Shimbun, reitores universitários, atletas renomados, políticos e empresários. Enfim, estamos fazendo muitos eventos culturais, procurando incrementar também a cooperação com as universidades locais.

Outro setor importante para a comunidade são as crianças e jovens. A gente teve as Olimpíadas Escolares, outros eventos também. O que a gente pode esperar daqui para frente para esse público?
Aqui na jurisdição temos nove escolas brasileiras com cerca de 1.100 alunos. Muitas vezes, eles não têm muitas atividades, não têm muito o que fazer no fim de semana. Por isso nós pensamos em fazer a Olimpíada Escolar Brasileira, que foi um grande sucesso. Conseguimos reunir, em Fukuroi, cerca de 700 crianças de 20 escolas brasileiras, vindas de oito províncias. Imagina você ver as crianças correndo, fazendo atletismo, salto em distância e outros esportes no estádio em que o Brasil ganhou da Inglaterra na Copa do Mundo de 2002? Todas as crianças ganharam medalha de participação. O Banco do Brasil mandou um diploma para todos que participaram. Foi um sucesso.

E já está tendo desdobramentos. Vieram me contar que o filho não fazia esporte e, agora, está correndo todo fim de semana. Não ganhou nada na Olimpíada passada, mas quer se preparar para o ano que vem. Isso é muito estimulante. Além disso, o mesatenista Hugo Hoyama, campeão brasileiro que veio para essa edição, já está fazendo contatos para trazer uma equipe de jovens do tênis de mesa para estagiar no Clube Infantil Esportivo de Tênis de Mesa de Toyoda, do campeão olímpico japonês Jun Mizutani. Também teremos um workshop de xadrez em novembro num Centro Comunitário de Hamamatsu com o enxadrista brasileiro Marcos Minamoto, que veio nos procurar depois das Olimpíadas. Ele acredita que é possível encontrar talentos nas escolas brasileiras e quer selecionar um grupo para participar do Campeonato de Xadrez do Japão no ano que vem.

O que a gente pode esperar de projetos para o ano que vem?
Ainda este ano, devemos seguir junto com a Embaixada no projeto para apresentar a literatura brasileira. Vamos trazer para Hamamatsu o Itamar Vieira Junior, autor do romance “Torto Arado”, que será lançado em japonês, como ocorreu com o livro “Nihonjin”, do Oscar Nakasato, no mês de julho. Estou tentando trazer alguns artistas plásticos do Brasil como o Darlan Rosa, de Brasília, e o Kinkas Caetano, que tem um trabalho muito bacana no estilo grafite. Também estamos nos organizando para levar para Tóquio uma exposição da Amanda de Godoy, talentosa artista de 15 anos, aqui de Hamamatsu, que é autista.

Quero trazer o grupo Choro Livre, de Brasília, que está com um programa muito interessante de internacionalização do choro pelo mundo. Quero trazê-los para o Brazilian Day ou para o Hamamatsu Jazz Festival. Aliás, já reservamos o espaço para o Brazilian Day, em setembro de 2023.

Estamos em contato com a equipe da Larissa Leal, medalha de prata na Olimpíada de Tóquio. Queremos fazer um encontro entre ela e a Momiji Nishiya, que ganhou a medalha de ouro na Olimpíada de Tóquio. Seria um encontro, um congraçamento entre a campeã e a vice-campeã olímpica.

Enfim, são muitos os planos para o ano que vem. Claro que a gente vai precisar de apoio porque nossos recursos são muito escassos. Então, queremos contar não somente com a comunidade brasileira, mas, também, com empreendedores e patrocinadores.

Apesar de muito trabalho, me sinto feliz e realizado com o trabalho que estou conseguindo fazer em Hamamatsu e com o grande apoio que estou tendo de nossa comunidade.