No mundo empresarial, a gestão eficaz do fluxo de caixa é essencial para o sucesso e a prosperidade de qualquer empreendimento. Em meio a esse cenário desafiador, uma prática financeira ganha destaque: o factoring1, ou fomento mercantil.
Para entendermos melhor o conceito desta prática, a revista Guia JP teve a oportunidade de realizar uma entrevista exclusiva com Renan Mizuguti, responsável pela A-Little, empresa que opera neste segmento em Aichi, Komaki.
Mas afinal, o que é o factoring e como a A-Little está redefinindo esse conceito?
Renan explicou que o factoring é uma operação na qual uma empresa vende suas faturas ou recebíveis a uma empresa especializada, conhecida como empresa de Factoring ou Fomento Mercantil no Brasil.
“Imagine que você emite uma fatura para um cliente, mas precisa de capital imediato. Em vez de esperar 30, 60 ou 90 dias para receber o pagamento, você pode vender os direitos dessa fatura a uma empresa de factoring. Essa empresa compra a fatura com um desconto, proporcionando-lhe capital de giro imediato”, explica Renan.
Renan explica que as práticas de factoring elaboradas pela A-Little seguem basicamente em dois modelos de contrato:
“Um deles envolve um acordo entre três partes, o que tende a ser mais vantajoso para quem está vendendo suas faturas, pois oferece uma maior segurança para nós, que estamos adquirindo esses recebíveis”, e finaliza “e tem o modelo em duas partes, onde você que está responsável por receber e por me repassar o valor recebido”.
Mercado de Factoring no Japão: Taxas, Riscos e Competitividade
“A legislação que regulamenta o factoring no Japão difere daquela que governa as regras de empréstimo”, explicou o profissional Renan, ressaltando ainda a existência de contratos específicos, como o “recourse factory”, que operam dentro do escopo da legislação de empréstimos e instituições financeiras.
Por outro lado, Renan explica que o factoring “sem recurso” está sujeito a uma legislação distinta. Essa diferenciação é fundamental para compreender os diferentes tipos de contratos e os riscos associados a cada um.
Ao abordar as taxas praticadas no mercado de factoring japonês, o especialista revelou que a média gira em torno de 20%: “Essas taxas são cobradas devido ao maior risco envolvido para a empresa de factoring”, esclarece Renan. Isso permite que essas empresas ofereçam capital de giro imediato em troca de uma taxa competitiva.
Entretanto, Renan enfatiza que a A-little busca oferecer taxas mais vantajosas, especialmente para empresas locais e de pequeno porte, visando aumentar a competitividade no mercado. “Estamos trabalhando com uma média de 10 a 15%”, revela o entrevistado.
Gerenciando riscos no mercado de factoring
Questionado sobre como a empresa lida com o risco associado aos clientes estrangeiros, o especialista destacou a complexidade dessa questão: “É um pouco difícil de mensurar esse risco”, afirma Renan.
Ele explica que, para avaliar o risco, a empresa realiza uma análise minuciosa da origem dos pagamentos: “Conforme eu faço a análise, quando se tem uma boa origem do histórico e se é um bom pagador, temos mais confiança de fechar esse contrato com o meu cliente”, afirma o empresário. Essa abordagem permite uma tomada de decisão mais fundamentada e uma redução do risco associado às transações.
Além disso, Renan ressalta a importância de analisar cuidadosamente as entradas e saídas de capitais para garantir uma maior segurança nas transações. Essa análise criteriosa é essencial para proporcionar uma base sólida para os contratos realizados entre as partes envolvidas.
Eficiência e transparência: O processo de verificação da A-little Factory
Em média, depois que a empresa deu entrada no pedido, quanto tempo demora para essa verificação?
“Com toda a documentação correta entregue a nós, eu peço três dias. Em alguns casos, eu consigo fazer até no mesmo dia”, afirma Renan. Essa abordagem rápida e eficiente é fundamental para atender às necessidades dos clientes e garantir transações suaves.
O empresário também explicou que a análise do pedido depende do valor envolvido. Essa adaptação à complexidade de cada transação demonstra o compromisso da empresa em oferecer um serviço personalizado e ágil.
“Em casos de empresários estrangeiros que não entendem a língua, eu anexo tradução, porém, o contrato em si é em japonês”, explica Renan. Essa abordagem permite uma comunicação clara e eficaz entre as partes envolvidas, garantindo uma compreensão mútua dos termos e condições do contrato.
Requisitos e critérios para aplicação em Factoring
Para garantir uma transação bem-sucedida, compreender os critérios e requisitos para aplicação nesse tipo de serviço pode ser fundamental.
“Nós preferimos trabalhar com pessoa jurídica, com hold-in. Porém, nós trabalhamos também com autônomos”, explica Renan. E complementa: “Tem que ser hold-in, ou seja, tem que ser uma empresa jurídica, precisa ter um tempo mínimo de empresa, e avaliamos também se tem imposto atrasado ou não”. Esses critérios fundamentais visam garantir a elegibilidade e a viabilidade das transações de factoring.
Consultoria especializada: A abordagem da A-little para empresas
No turbulento mundo dos negócios, enfrentar desafios financeiros é uma experiência comum para empresas de todos os tamanhos e setores. A falta de clareza sobre questões financeiras e as dificuldades de gestão podem surgir inesperadamente, deixando até mesmo os empresários mais experientes em situações delicadas.
Nesse contexto, uma consultoria especializada de empresas como a A-little emerge como uma ferramenta essencial para ajudar as empresas a encontrarem soluções eficazes para seus problemas financeiros.
Para Renan “A ideia não é somente que ele utilize o nosso serviço e continue sempre voltando. A ideia é ajudar ele a sair dessa dificuldade que ele está tendo”, explica.
Diversificação financeira: A A-little e os Serviços de leasing de veículos
No universo das finanças, a A-little se destaca não apenas pela antecipação de créditos, mas também por oferecer serviços de leasing2 de veículos.
Renan explica: “Nós temos parceria com algumas lojas de carro em que eles têm acesso ao financiamento comum, porém, o cliente às vezes está com o nome sujo ou tem um nicho muito curto. Eu faço então o leasing de veículos nessa faixa”. Essa iniciativa visa atender a uma demanda específica de clientes que enfrentam dificuldades em obter financiamento tradicional.
Quanto à taxa de juros praticada nesse serviço, ele esclareceu: “Olha, a taxa corre em torno de 3% ao mês. Porém, no caso do leasing, ele não cai na regulamentação da legislação de empréstimos”. Essa taxa competitiva torna o leasing uma opção atrativa para clientes que buscam uma alternativa viável para adquirir um veículo.
Ao abordar a questão da inadimplência, Renan reconhece os desafios associados a esse tipo de serviço. “Eu diria que a taxa de inadimplência é um pouco maior”, admite.
No entanto, o empresário destaca algumas medidas preventivas adotadas pela empresa, como a instalação de GPS nos veículos. “Instalamos um GPS que trava o veículo caso o cliente não pague em todos os nossos automóveis”, revela.
A-little: Maximizando a longevidade empresarial
Vocês estariam então num dos principais segmentos para fomentar a vida útil de uma empresa?
Renan ressalta: “Essa é a ideia: tentar ajudar essa empresa a sair da dificuldade que ela está tendo”.
Ele destaca a importância de um fluxo de caixa saudável, citando o termo japonês “kuro-jito-san”, que se refere à falência de empresas lucrativas devido à falta de liquidez e em como a empresa A-little vem auxiliando empresários nesta situação a alcançarem o equilíbrio financeiro e sucesso empresarial.
GLOSSÁRIO
Factoring1: factoring é um nome moderno para fomento mercantil ou comercial. Basicamente, é uma operação financeira oferecida por instituições comerciais que adquirem direitos creditórios (via duplicata) e pagam à vista mediante o acréscimo de taxas e juros por vendas que foram feitas no prazo.
Leasing2: o bem financiado por essa modalidade fica em nome do banco até que o contrato seja finalizado: simples e prático, pois o leasing