Bateu meia-noite?
Já é hora de sair pro hatsumōde. Te deixamos dez opções de locais amados pelos japoneses para a grande festividade do início do ano.
1. Meiji Jingu
明治神宮
O santuário dedicado ao imperador Meiji, em Tóquio, tem sido o local mais visitado pelos japoneses durante os primeiros dias do ano. Não é para menos. Localizado numa enorme floresta com mais de 100 mil árvores plantadas especialmente para a construção do santuário, o Meiji Jingu é uma verdadeira escapada para quem vive na selva de pedra que é a capital japonesa.
No entanto, não se engane, apesar do amplo espaço, é possível sentir a “presença” dos mais de 3 milhões de visitantes que o santuário recebe somente para o hatsumōde. Tenha paciência e aprecie a beleza do bosque que compõe o sandō, os belos portais feitos com cedros trazidos diretamente de Taiwan, os barris de saquê e vinho colocados em homenagem ao imperador e o espaço totalmente restaurado do templo que faz 100 anos em 2020.
Ah, o Meiji Jingu também é dedicado à imperatriz Shoken, esposa do imperador Meiji. Por isso, o santuário é um dos preferidos entre os casais de Tóquio. No pátio interno fica um dos símbolos mais marcantes do Meiji Jingu, o Meoto Kusu, dois pés de cânfora conectados por um shimenawa, uma grossa corda de cânhamo. As árvores representam um casal e sua conexão primordial. Este é o espaço predileto de oração para quem está procurando um relacionamento ou quer orar em prol do que já tem.
endereço: Tokyo-to Shibuya-ku Yoyogi Kamizonocho 1-1
estações mais próximas: Harajuku (JR linha Yamanote), Meiji-jingumae (Tokyo Metro linhas Chiyoda e Fukutoshin)
horário de funcionamento: 6:40 às 16:00 horas (o santuário funciona a noite toda na virada do ano)
entrada franca
2. Narita-san Shinshoji
成田山新勝寺
Fundado no ano de 940 por um discípulo do Kobo Daishi, um dos grandes difusores do budismo no Japão, o templo é dedicado à Fudō Myō-ō, um dos Cinco Reis Sábios, quase sempre representado com uma expressão forte e portando uma espada e uma corda envolta em fogo, uma clara referência à vitória na guerra.
Conta-se que o templo foi fundado justamente depois de uma batalha em que as forças do império vindas de Heian (atual Quioto) derrotaram o poderoso samurai local Taira no Masakado. Kancho, um monge da escola budista Shingon, acompanhou as forças do imperador carregando uma imagem de Fudō Myō-ō que teria sido esculpida por Kobo Daishi para o templo Jingoji, na então capital. No entanto, após a vitória, o grupo teria tido dificuldades para levar a imagem de volta e, por isso, ela acabou sendo deixada para trás e para abrigá-la, o Shinjoji acabou sendo fundado.
Por toda a sua história, relacionada à guerra e à vitória, o templo acabou se tornando um dos mais procurados do Japão para o hatsumōde. Não é para menos. Quem nunca passou por um perrengue monstro e deu a volta por cima?
endereço: Chiba-ken Narita-shi Narita 1-1
estações mais próximas: Narita (JR linha Narita), Keisei-narita (linha Keisei)
entrada franca
3. Santuário Fushimi Inari
伏見稲荷大社
Um dos pontos mais visitados pelos turistas em Quioto, o Fushimi Inari Taisha é o principal santuário xintoísta no Japão dedicado a Inari, o deus do arroz e, por consequência, da fertilidade. Localizado às margens do Monte Inari, numa próspera região produtora de arroz e saquê no passado, o santuário começou a ser reverenciado pela monarquia japonesa no século 10, quando o imperador Murakami decretou que as mensagens enviadas para os deuses padroeiros do Japão deveriam passar por 16 locais, dentre eles o Fushimi Inari Taisha.
Conhecido pelo forte vermelho de suas estruturas, o Fushimi Inari é o lar dos Senbon Torii, centenas de portais alaranjados enfileirados montanha acima. Oferecidos por fiéis ao longo de séculos de gratidão por bênçãos recebidas, os portais se tornaram uma das imagens mais icônicas do Japão mundo afora.
Geralmente, os visitantes se limitam à parte mais baixa do templo, logo após a fileira de portais duplos. Mas quem tiver mais fôlego pode subir a trilha que leva até o topo da colina de 233 metros de altitude. A subida em si não é difícil, mas algum preparo é recomendável.
No dia 31, a partir das 15 horas, o santuário realiza o Ooharae-shiki, uma cerimônia de purificação, realizada em duas épocas do ano, dentre elas a virada. É para terminar o ano deixando para trás todas as coisas ruins que a pessoa praticou e tentar começar uma nova jornada. Já no dia 1º de janeiro é preciso levantar cedo para assistir ao Saitan-sai, uma prece em prol da paz, da segurança e da prosperidade para todo o país. A cerimônia começa às 6 da manhã.
O santuário costuma figurar entre os que mais recebem visitantes durante os três primeiros dias do ano, cerca de 2,7 milhões de acordo com o portal de viagens Rakuten Travel. Fiéis em busca de sucesso no comércio e na agricultura são os que mais procuram o Fushimi Inari Taisha.
endereço: Kyoto-fu Kyoto-shi Fushimi-ku Fukakusa Yabunochicho 68
estações mais próximas: Inari (JR linha Nara), Fushimi Inari (Linha Keihan)
entrada franca
4. Atsuta Jingu
熱田神宮
Com mais de 1900 anos de história, o Atsuta Jingu aparece no Kojiki, uma espécie de livro de crônicas do Japão antigo, publicado pela primeira vez no século 8. A obra conta que o santuário foi construído para abrigar a Kusanagi no Tsurugi, uma espada mítica, considerada uma das três Jóias da Coroa Japonesa.
Segundo a lenda, foi com ela que o deus Susanoo decepou as oito cabeças do temido monstro Yamata-no-Orochi e acabou se casando com Kushinada, a única filha sobrevivente de um casal que vivia nos vales da atual província de Shimane. Atsuta-no-Ookami, a divindade principal do Atsuta Jingu, é considerada, então, uma manifestação de Amaterasu-Oomikami, através da Sagrada Espada. Amaterasu é a deusa do sol e do universo.
O santuário também é conhecido por ter recebido o apoio de grandes nomes da História japonesa como Toyotomi Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu e Oda Nobunaga. Doado por este último em 1560, o Nobunaga-tei é um paredão de cerca de 7,5 de altura acessível ao público.
Cerca de 2,3 milhões de fiéis visitam o Atsuta Jingu durante os três primeiros dias do ano para o hatsumōde. São pessoas pedindo, principalmente, pelo bem-estar da família e por prosperidade nos negócios.
endereço: Aichi-ken Nagoya-shi Atsuta-ku Jingu 1-1-1
estações mais próximas: estação próxima: Jingu-mae (Meitetsu linhas Nagoya Main e Tokoname)
entrada franca
5. Nikko Toshogu
日光東照宮
Dedicado a Tokugawa Ieyasu, o fundador do último xogunato do Japão, o Toshogu é parte de um conjunto de espaços religiosos de Nikko reconhecidos pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade desde 1999. Datado de 1617, toda a sua construção foi pensada para se integrar com o ambiente natural ao seu redor, respeitando, inclusive, os níveis de elevação natural da encosta. No espaço do santuário também fica a tumba com os restos mortais do antigo xogum.
Absurdamente rico em elementos decorativos, o Toshogu é único e representa bem a importância de seu padroeiro para a história japonesa. Um dos estábulos, logo na entrada, tem esculpida no alto de uma de suas paredes a imagem conhecida como os Três Macacos Sábios, que não ouvem, não falam e não veem o mal. Acredita-se que a imagem era usada na educação das crianças.
Já o Yomeimon é um portal com tantos detalhes que recebeu o codinome de Higurashi-no-mon, algo que pode ser traduzido como “o portal que pode ser apreciado ao longo de um dia inteiro sem cansar”. Não deixe de visitar, ainda, a parte onde fica a tumba de Tokugawa Ieyasu. O caminho montanha acima é feito por uma escadaria de pedra cercada de criptomérias e com um clima quase divino.
E a lista de destaques poderia seguir. São tantos espaços incríveis e detalhes imperdíveis que o santuário merece mais que uma visita. O espaço está em restauração, mas o impacto às visitas não tem sido grande. Já dá para perceber nas áreas finalizadas que o Toshogu parece estar tinindo de novo.
Perto de templos mais concorridos, o Toshogu fica quase às moscas na época do hatsumōde. São esperados no santuário cerca de 23 mil visitantes nos três primeiros dias do ano que vão fazer agradecer pelas bênçãos recebidas e rezar por uma vida longa e pelo bem estar da família.
endereço: Tochigi-ken Nikko-shi Yamanouchi 2301
estações mais próximas: estação próxima: Nikko (JR linha Nikko) e Tobu Nikko (linha Tobu Nikko). Das estações, é preciso pegar um ônibus até a entrada do santuário. Caso você prefira ir de carro, siga pela expressa Tohoku até a Utsunomiya IC e entre na Rodovia Nikko-Utsunomiya até a Nikko IC. São mais dois quilômetros de viagem até o santuário.
horário de funcionamento: 9 às 17 horas (abril a outubro); 9 às 16 horas (novembro a março)
entrada: ¥1300 (adultos), ¥450 (crianças até o ensino fundamental)