Banco do Brasil e a Embaixada do Brasil em Tóquio realizam o webinar “Mercado de Carbono Brasileiro: Descarbonização e Investimentos Verdes”.

Leitura obrigatória

Seminário discutiu o mercado de carbono brasileiro

Entenda o que é esse mercado e qual a sua importância

 

Para alcançar a neutralidade de carbono até 2050, vem crescendo a responsabilidade social das empresas e das pessoas físicas na tentativa de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

 

Nesse sentido, o mercado de carbono é sólido, está em expansão e movimenta milhões de dólares no mundo todo.

 

Para falar sobre o assunto, o Banco do Brasil e a Embaixada do Brasil em Tóquio realizaram em 3 de março, o webinar “Mercado de Carbono Brasileiro: Descarbonização e Investimentos Verdes”.

 

O evento contou com tradução simultânea (Português/Japonês) e teve como público-alvo cerca de 170 instituições financeiras, investidores institucionais, empresas e importantes conglomerados japoneses interessados em conhecer melhor as oportunidades em negócios sustentáveis no Brasil.

 

O seminário foi dirigido por Alison Aguiar da Costa, gerente Geral do Banco do Brasil em Tóquio.

 

Participaram da mesa diretora virtual o Embaixador Geral Octávio Henrique Dias Garcia Côrtes; o presidente da Câmara de Comércio Brasileira no Japão, Celso Guiotoko; Maria Netto, especialista líder de Finanças Sustentáveis do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Rodrigo da Rocha Vollet, gerente geral da Unidade de Negócios Internacionais do Banco do Brasil; e Henrique Leite de Vasconcellos, gerente Executivo da Gerência Sustentabilidade Empresarial do Banco do Brasil.

 

 

 

 

Incentivo

 

O mercado de créditos de carbono é regulado por acordos internacionais, como o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris, e por agências nacionais e internacionais de regulação.

 

O crédito de carbono é um instrumento financeiro criado para incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

 

Ele funciona como um certificado que representa a redução de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivalente a outras emissões de gases de efeito estufa (como o metano e o óxido nitroso), que são emitidos por atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a agricultura.

 

Empresas, governos e organizações que buscam reduzir suas emissões de gases de efeito estufa podem comprar créditos de carbono de projetos que promovem a redução ou a captura de CO2 da atmosfera.

 

Cada crédito de carbono é emitido por um órgão regulador e possui um número único de identificação.

 

Ao comprar créditos de carbono, as empresas e organizações podem compensar suas próprias emissões de gases de efeito estufa, atingindo metas de redução de emissões e contribuindo para a mitigação do aquecimento global.

 

Por outro lado, os projetos que geram créditos de carbono recebem recursos financeiros para continuar a promover a redução de emissões.

 

O preço dos créditos de carbono varia de acordo com a oferta e a demanda no mercado, e pode ser negociado em bolsas de valores ou por meio de contratos privados, como é o caso do Banco do Brasil.

 

 

 

Posição histórica

 

Antes das palestras, o Embaixador Côrtez destacou que o mercado voluntário de créditos de carbono ainda pode ser considerado novo, mas já conta com relevantes aportes e enorme potencial de crescimento.

 

¨Consultorias especializadas estimam o aumento de 100 vezes da demanda até 2050¨, informou.

 

Das 80 principais empresas que operam no Brasil, 62 já publicaram alguma meta de redução de emissões de carbono, deixando clara a tendência de adesão geral aos esforços de preservação ambiental e de proteção do clima.

 

O Embaixador salientou: ¨O governo brasileiro vem reforçando sua posição histórica em colaborar para preservar o desenvolvimento sustentável e fomentar uma transição energética justa e inclusiva¨.

 

No final de dezembro do ano passado, pouco depois de ser anunciada como Ministra de Estado, Marina Silva anunciou a mudança do nome da Pasta. Desde 1º de Janeiro, o órgão passou a se chamar Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

 

Para o Embaixador, ¨a alteração de nome não é apenas retórica, mas busca destacar a elevada prioridade dada ao tema pelas autoridades federais. O Brasil sempre foi protagonista nessa discussão e não se furtará a exercer esse papel de liderança nacional e internacional¨.

 

Competente e capaz

 

Em seguida, Rodrigo Vollet falou da importância do Banco do Brasil, que é considerado por diversas entidades internacionais como o banco mais verde do país.

 

¨Temos plena competência e capacidade para auxiliar os interessados na aquisição de crédito de carbono com o Banco do Brasil em Tóquio, no Brasil e em qualquer uma das localidades em que nós estamos¨, se prontificou.

 

Outro que se colocou à disposição foi Celso Guiotoko, presidente da Câmara de Comércio Brasileira no Japão.

 

¨Esse seminário é muito importante porque o Brasil tem uma posição de destaque nessa área de descarbonização e de energias renováveis¨, disse. ¨Na CCBJ estamos sempre à disposição se alguém precisar de algum apoio ou informação¨, completou.

 

Potencial sustentável

 

A representante do BID começou lembrando que as metas brasileiras de redução das emissões foram revisadas há dois anos e devem ser novamente avaliadas agora com o novo governo.

 

Para Maria Netto, o Brasil precisa reduzir as emissões particularmente no agronegócio e no desmatamento. ¨A gente vê um ímpeto muito importante do novo governo de reverter essa situação do desmatamento e reduzir as emissões¨, avaliou.

 

Ela destacou que várias secretarias e Ministérios estão enfatizando a importância da economia verde, e falou do potencial de competitividade do país: ¨O Brasil tem um potencial muito grande de oferecer energia renovável, inclusive como excedente¨.

 

A especialista disse que a matriz é muito limpa, o que permite que a indústria brasileira e os produtos manufaturados sejam, também, limpos.

 

Há anos o Brasil vem promovendo os biocombustíveis e tem potencial de se transformar num grande exportador de excedente de crédito de carbono, dos recursos naturais e de energia renovável, desde que os investimentos certos sejam feitos na escala necessária.

 

¨O Brasil hoje, no mundo, tem 15% do potencial de recuperação de áreas degradadas com o reflorestamento, enquanto a maioria dos países é de apenas 1%¨, enfatizou Maria.

 

Maria considera que esse grande potencial de energia renovável é uma oportunidade não só de crescer essa matriz com tecnologias de energia alternativa, como a hidrelétrica, a solar e eólica. ¨Isso potencializa o Brasil a se transformar num grande provedor do hidrógeno verde e de promover a biomassa¨, explicou.

 

Política governamental e financeira

 

A representante do BID lembrou que não apenas as empresas vêm adotando metas para reduzir as suas emissões, mas também o governo, com Projeto de Lei e Medidas Provisórias criando incentivos.

 

Os reguladores do sistema financeiro se movimentam em vários sentidos, como por exemplo, definindo maneiras de contabilizar os créditos de carbono e as regras básicas para poder investir ou tratar esses créditos.

 

¨É certo que o mercado de carbono hoje ainda é um mercado de balcão. Mas a esperança é que na medida em que ele comece a crescer, possa ser um mercado que tenha mais transparência, justamente na compra e na venda¨, destacou Maria.

 

Há grupos que vêm tentando discutir justamente como ajudar a criar infraestrutura para o mercado, para dar maior integridade para o crédito de carbono em si e tratar o ativo do carbono de uma forma regulamentada.

 

A representante do BID esclareceu que, no Brasil, o foco do mercado de carbono é sobretudo em projetos de reflorestamento e de conservação.

 

Mas vem aumentando a discussão sobre o potencial de começar a olhar com mais cuidado para outros setores e tecnologias, como o de energia renovável e da biomassa de segunda geração, baterias e armazenamento de energia.

 

Maria alerta que, por ser um mercado ainda no início, há muitas barreiras e providências, como garantir a aprovação do Projeto de Lei e assegurar a infraestrutura para ela ser implementada.

 

Os custos para a implantação dos projetos ainda é alto, por isso, Maria alertou o papel importante das instituições financeiras. ¨Por causa dos vários riscos para o produtor, o Banco pode oferecer um seguro, uma garantia, uma certa certeza para esse desenvolvedor de projetos, diminuindo os riscos¨, disse.

 

Para ela, o crédito de carbono deve ser visto como um benefício mais amplo, como aumentar a produtividade, gerar renda, promover a biodiversidade e a inclusão social.

 

Sustentabilidade

 

O segundo palestrante foi Henrique Vasconcellos, gerente de Negócios e Finanças do Banco do Brasil, que falou sobre como a instituição vem trabalhando e ajudando empresas e investidores.

 

Ele começou reafirmando que o Banco do Brasil é o banco mais sustentável do mundo porque se preocupa com o tema há tempos. Outro motivo é o maior portfólio da indústria financeira brasileira, de 327 bilhões de reais em créditos sustentáveis.

 

Para Henrique, a primeira marca histórica é a criação da Fundação Banco do Brasil, em 1985. Acompanhando a evolução da sustentabilidade, em 1995 a instituição aderiu ao Protocolo Verde.

 

¨Foi um divisor de águas aqui para nós, quando pela primeira vez lançamos um plano de sustentabilidade e engajamos toda nossa companhia, desde o presidente até um atendente, todos com metas e desafios¨, relembrou.

 

Hoje são 40 ações e 110 indicadores que o Banco tem para medir as metas de sustentabilidade.

 

Em 2020 o BB lançou a primeira versão do Framework de Finanças, pelo qual consegue fazer captações internacionais, como junto ao Banco Mundial, Agência Francesa de Desenvolvimento, Cargil e o banco alemão KFW.

 

Em 2022 o Banco do Brasil recebeu um prêmio pelo primeiro Social Bond da América Latina por uma instituição financeira, aplicado em menos de 60 dias e direcionado para micro e pequenas empresas.

 

Carteira sustentável

 

Do total da carteira sustentável do Banco, 43% são para negócios sociais, 25% para boas práticas ambientais e sociais, 20% para agricultura de baixo carbono e 12% para corporações.

 

¨Metade do nosso portfólio rural é considerado sustentável. É uma prática do Banco que sempre uma terceira parte independente faça essa verificação¨, destacou o gerente. ¨E nosso Pipeline para os próximos três anos é de 400 bilhões de reais¨, completou.

 

Especificamente no mercado de carbono, o BB participa de todas as etapas, desde a concepção do projeto, da identificação de uma área com potencial, desenvolvimento, oferta de financiamento até a venda desses créditos e a colocação no mercado internacional.

 

Em maio de 2022, o Banco, de fato, iniciou a participação no mercado de crédito de carbono voluntário.

 

A instituição também mantém projetos de linhas de crédito de carbono para o setor público de Estados e municípios.

 

Atualmente, há mais de 100 projetos em avaliação no Banco do Brasil e são 13 desenvolvedores parceiros, que são os principais desenvolvedores de projetos de crédito de carbono mundial.

 

Henrique encerrou dizendo: ¨O desafio é grande, mas o potencial também é. Como mandamos o brazilian flavor aí para fora, queremos trazer o japanese flavor para o Brasil. Temos muitas oportunidades de negócios na mesa¨.

 

O gerente Geral do Banco do Brasil em Tóquio, Alison Costa, fez um resumo do que disseram os palestrantes.

 

¨Há uma grande complementariedade entre o que o Brasil pode oferecer e o que o Japão precisa. O Japão tem tecnologia, tem interesse em investir em projetos de energia sustentável e em descarbonização, e o Brasil tem muita oferta¨, finalizou.

 

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